CURITIBA – PR – “O encontro foi ótimo, a presença do conselheiro Annis trouxe energia ao Intercomites. Com certeza teremos um intelocutor ativo e propositivo. Este primeiro encontro foi apenas uma ótima oportunidade para apresentarmos a real situação dos Comites”. Assim o presidente do Intercomites, Gianluca Cantoni, resumiu o resultado da assembléia do órgão que preside, realizada segunda-feira, no Rio de Janeiro.
Também a presidente do Comites de Minas Gerais, Silvia Alciati, entende que “a reunião foi positiva. A presença do Dr. Gabriele Annis, conselheiro da Embaixada e ex-cônsul de Belo Horizonte, trouxe nova linfa ao Intercomites pois, nele, com certeza, teremos um intelocutor ativo e propositivo, tenha certeza”.
Alciati disse ainda já conhecer ”seu estilo de trabalho e seu vigor, colocando metas e objetivos claros e realizáveis” e, assim, “juntos, certamente vamos trazer novos resultados em breve”.
Para Alciati. “esta foi apenas uma primeira oportunidade para nos apresentarmos a ele; agora iremos traçar caminhos e estratégias conjuntas para amenizarmos a crise e superarmos as dificuldades, dentro dos limites possíveis”.
Entretanto, o silêncio é total dos presidentes dos Comites – Comitati degli Italiani all’Estero do Brasil acerca dos temas que deveriam ter sido tratados durante a assembléia do Rio, no último dia 10.09.2012. Se apenas dois deles ensaiaram respostas às perguntas feitas a cada um pela redação da Revista Insieme, nenhum deles adiantou absolutamente nada. O presidente do Intercomites (o mandato foi prorrogado até o final do ano), Gianluca Cantoni, limitou-se apenas a dizer que “a ata da reunião está sendo elaborada”.
Resposta semelhante foi dada também por Silvia Alciati: “a ata da reunião está sendo elaborada. Tão logo estará pronta, será divulgada”. Os demais silenciaram.
As perguntas foram endereçadas aos presidentes depois que se ficou sabendo, através de fontes confiáveis, que todos os conselheiros obtiveram informações sobre a situação das “filas da cidadania italiana”, mas que, a pedido, não divulgaram os números.
A reunião havia sido convocada, entre outros assuntos, para, exatamente, discutir o que se chamou de “falta de respeito” das autoridades italianas que, desde meados de junho, silenciavam sobre um pedido formal de informações a respeito do andamento da “task force” no Brasil – o mutirão organizado pelo governo italiano para dar fim às vergonhosas “filas da cidadania”, ou seja, os requerentes de reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue, que hoje seriam contados em cerca de 500 mil enfileirados sem atendimento adequado.
Anteriormente, havia o compromisso de divulgação trimestral sobre o andamento dos trabalhos do próprio departamento encarregado dos assuntos da Emigração do Ministério das Relações Exteriores da Itália.
Desde o início da Task Force, tais órgãos divulgaram formalmente duas tabelas, sendo a terceira publicada pela revista Insieme sem a chancela oficial, tendo inclusive provocado reações de autoridades governamentais.
As perguntas endereçadas aos presidentes dos Comites foram as seguintes: 1 – Quais decisões foram tomadas na assembléia do Intercomites do Rio de Janeiro acerca de: a) os itens 1 (Situazione Com.It.Es. Brasile); 2 (Mancanza di considerazione dimostrata dall’Ambasciata e M.A.E) e 3 (Elezione Presidente Inter Com.It.Es.) da ordem do dia? 2 – Alguma informação relevante no tocante aos demais itens (Comunicazioni del C.G.I.E.; Varie ed eventuali)? 3 – Especificamente na questão do item 2, que dizia respeito à falta de informações sobre o andamento da Task Force (ou filas da cidadania), que se decidiu ou foi informado? O governo italiano deixou de fornecer as informações trimestrais a que tinha se comprometido? 4 – Outras considerações que queira fazer.
Durante o encontro, conforme já divulgamos, a conselheira do Comites do Rio Grande do Sul e sócia de empresa que se decida a processos de cidadania, Claudia Antonini, enumerou, em documento que já divulgamos, diversos ítens em que o governo italiano estaria agindo em contrariedade com a legislação vigente. Suas observações estão alimentando longos debates nas redes sociais, pela internet, especialmente em grupos organizados sob o Facebook.
O silêncio que se auto-impuseram os representantes da comunidade ítalo-brasileira no que concerne ao relatório das atividades da Task Force também está motivando, nas mesmas redes, a volta do debate sobre a oportunidade de renúncia aos cargos que ocupam os integrantes dos Comites. Há quem defenda a renúncia, mas só se for de forma coletiva, enquanto os mais jovens pensam em retirar-se da cena, diante do inútil papel de uma representação deslegitimada pelos adiamentos compulsórios e sem a manifestação dos eleitores.