Quem está no governo tem que governar

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Renata Bueno deveria explicar o que fez o governo que ela apoiou incondicionalmente nos últimos cinco anos. Mesmo eleita pela lista Usei [‘Unione Sudamericana Emigrati Italiani’ – NR] de Eugenio Sangregorio, um ativista de direita, nossa “primeira brasileira eleita no Parlamento Italiano”, como sempre faz questão de dizer, sempre votou a favor do governo do PD [‘Partito Democratico’– NR] – mesmo sem nunca conseguir dele fazer parte – qualquer que fosse o primeiro ministro e qualquer que fosse a matéria, mesmo quando penaliza os eleitores e cidadãos ítalo-brasileiros.

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Agora, em nova investida, depois de quase 5 anos no governo, passou a cobrar do Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all´Estero’, que apoiou imediatamente os protestos pela melhoria dos serviços consulares de 12/10/17 em São Paulo, as soluções políticas para o drama dos italianos no exterior, que os seus aliados de sempre não conseguiram, já que a oposição, em qualquer lugar do mundo, não tem vez no governo, e nem a agora reclamada união de forças foi por ela buscada em qualquer momento, pois sempre agiu como se tivesse luz própria ou dizendo-se ser do PD, mesmo sendo uma única parlamentar de um partido político argentino, Usei. Deu até entrevista colocando-se à disposição para ser primeiro ministro.

Nossa parlamentar se vangloria de “fazer política” e não defender interesses pessoais – como se isso fosse possível no mundo dos egoístas desses nossos tempos modernos – mas, este fazer política é traduzido pela forma menos legítima que conhecemos: ao contrário da maioria das lideranças italianas no exterior, que vem do voluntariado, nossa ex-vereadora não reeleita em Curitiba, tem origem e apoio institucional de dois grandes partidos brasileiros (PPS – Partido Popular Socialista e PP – Partido Progressista) e, com todo orgulho que demonstra, teve uma mutação repentina e imediata em pouco mais de seis meses, entre 10/2012 e 04/2013, quando, numa eleição catapultada por toda esta estrutura “política e institucional”, com portas abertas desde as embaixadas em Brasília até o diretório municipal de Nova Veneza-SC, lhe rendeu um resultado suficiente para superar seu padrinho político, Sangregorio, que hoje não a imagina na sua lista política 2018. Por que será?

O Consulado Italiano para Santa Catarina, prometido em fevereiro de 2013, na praça pública da mesma Nova Veneza, sob os aplausos de muitos parlamentares daquele estado, inclusive o Presidente da Alesc – Assembleia Legislativa de SC, não saiu, mas bastou surgirem rumores de novas iniciativas deste tipo, exatamente para Santa Catarina e para o Espírito Santo, que o “surfar na onda” recomeçou, assim como foi no caso Pizzolato, Battisti, conversão da CNH – Carteira Nacional de Habilitação, apostila de Haia, até canonização de santos, o que teria sido encomendado pelo Presidente Temer, em pessoa.

Aliás, por falar em governo, é com o Governo Temer, o mais impopular do mundo que nossa parlamentar tem aparecido recentemente, ficando claro que, não é preciso ter empenho por uma causa, uma representatividade clara e firme em favor dos cidadãos que representa: ao contrário, é preciso fazer parecer que se está na crista da onda, surfando em grande estilo.

Se, como dito pela nossa “mais notável representante no Parlamento Italiano, que a considera a mais importante e tem apoio de todos, da esquerda e da direita”, como explicar a situação de caos em que se transformou a rede consular na América do Sul nos últimos 5 anos?

Tivesse a mesma disposição que teve nas 48 horas que atuou para salvar a sua candidatura na reforma eleitoral – como se vangloria – em favor dos direitos dos nossos cidadãos, quanta diferença faria! E isso foi feito, “sem nenhum interesse pessoal”, claro.

Quem está no governo tem que governar e não ficar colocando a culpa na oposição! Nossos eleitores estão atentos, esperamos…

* Luis Molossi é advogado e coordenador do Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero  no Brasil.