Há pelo menos uma referência aos italianos que vivem além das fronteiras físicas da Itália nos 29 pontos que formam o programa do novo governo peninsular composto através de um entendimento entre o “Movimento 5 Stelle” e os partidos de esquerda, tendo à frente o mesmo Giuseppe Conte que chefiou o governo de centro-direita nos últimos 14 meses. A referência está no ponto 13 que, entre outras coisas, compromete a Itália com uma política de investimentos dirigida ao Continente Africano.

“È necessario, inoltre, promuovere provvedimenti volti alla tutela dei cittadini italiani all’estero e alla riforma dell’Aire” (Também é necessário promover medidas destinadas a proteger os cidadãos italianos no exterior e à reforma do Aire), diz o texto divulgado na íntegra por alguns jornais italianos. Aire significa “Anagrafe Italiani Residenti all’Estero” (registro civil dos italianos residentes no exterior) e suas falhas, omissões e contradições têm sido objeto de duras críticas no curso das últimas eleições.

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Os 29 pontos alinhavados constituem compromissos comuns assumidos pelas correntes políticas até recentemente antagônicas e, de certa forma, repetem o célebre “contrato de governo” anteriormente firmado entre as forças lideradas por Matteo Salvini e Luigi Di Maio. Não há informações sobre quem assumirá o cargo de subsecretário paras os italianos no mundo, hoje ocupado pelo Senador Ricardo Merlo.

Luigi Di Maio, o líder do ‘Movimento 5 Stelle’ será o novo ministro das Relações Exteriores e Cooperação Internacional da Itália. (Foto parcial de Francesco Ammendola – “Ufficio per la Stampa e la Comunicazione della Presidenza della Repubblica”)

O novo governo, formado em menos de um mês depois da crise provocada pelo líder da Lega, Matteo Salvini, que exigia novas eleições imediatamente, deverá prestar juramento nesta quarta-feira. A relação dos nomes dos novos ministros, num total de 21, foi divulgada hoje e para o Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional, que controla também a política diplomático-consular, vai o líder do M5S, Luigi Di Maio (33 anos, campano), que ocupava antes os ministérios do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Políticas Sociais.

Os demais ministros são:

• Interrior: Luciana Lamorgese (técnica, 66 anos, lucana);
• Economia e Finanças: Roberto Gualtieri (PD, 53 anos, romano);
• Trabalho e Políticas Sociais: Nunzia Catalfo (M5S, 52 anos, siciliana);
• Desenvolvimento Econômico: Stefano Patuanelli (M5S, 45 anos, triestino);
• Defesa: Lorenzo Guerini (Pd, 52 anos, lombardo);
• Relações com o Parlamento: Federico D’Incà (M5S, 43 anos, vêneto);
• Inovação: Paola Pisano (M5S, 42 anos, piemontês);
• Administração Pública: Fabiana Dadone (M5S, 35 anos, piemontês);
• Negócios Regionais: Francesco Boccia (PD, 51 anos, pugliese);
• Sul: Giuseppe Provenzano (PD, 37 anos, siciliano);
• Iguais Oportunidades e Famiglia: Elena Bonetti (PD, 45 anos, lombarda);
• Negócios Europeus: Vincenzo Amendola (PD, 45 anos, campano);
• Justiça: Alfonso Bonafede (M5S, 43 anos, siciliano);
• Ambiente: Sergio Costa (M5S, 60 anos, campano);
• Infraestruturas e Transportes: Paola De Micheli (PD, 46 anos, emiliana);
• Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais: Teresa Bellanova (PD, 61 anos);
• Instrução, Universidade e Pesquisa: Lorenzo Fioramonti (M5S, 42 anos, romano);
• Bens e Atividades Culturais e Turismo: Dario Franceschini (PD, 60 anos, emiliano);
• Saúde: Roberto Speranza (Leu, 40 anos, lucano);
• Esporte e Políticas Juvenis: Vincenzo Spadafora (M5S, 45 anos, campano).• Subsecretário da Presidência do Conselho de Ministros: Riccardo Fraccaro (M5S, 38 anos, vêneto).

O presidente da República, Sergio Mattarella, anunciou o novo “governo expresso pela maioria no Parlamento” depois de duas rodadas de consultas, passando o resto do trabalho ao próprio Parlamento que deve agora manifestar expressamente sua confiança no novo gabinete e, em seguida, prestará juramento e será empossado.

O ex-vice presidente do Conselho de Ministros, Matteo Salvini, que comanda o partido com o ainda maior índice de preferências em toda a Itália, já anunciou, juntamente com Giorgia Meloni, do Fratelli d’Italia, oposição ao novo governo, convocando as primeiras manifestações públicas em Roma, no próximo dia 19, contra a recém-formada aliança entre o partido anti-sistema M5S e o Partido Democrático.