O subsecretário Ricardo Merlo reafirma que vademecum da cidadania está suspenso é responsabiliza cônsul Festa pela confusão que está criando. (Foto Desiderio Peron / Arquivo Insieme)

A representação dos Italianos no Mundo perante o Executivo, que tinha seu ponto máximo na Subsecretaria para os Italianos no Exterior do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional, foi extinta pelo recém-empossado governo do economista Mario Draghi. Entre as 39 nomeações de ontem para vice-ministros e subsecretários, não consta o cargo exercido ao longo dos últimos três anos pelo senador ítalo-argentino Ricardo Merlo, mas não houve praticamente nenhuma reação das principais lideranças nesse meio.

O presidente do Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ foi instado a falar sobre o assunto, mas silenciou. Num vídeo que postou nas redes sociais, Melo aparece um pouco abatido e com barba por fazer, declarando-se satisfeito por tudo o que pode realizar ao longo dos últimos três anos e repetindo o bordão de que, “com a presença de um eleito no exterior na “‘stanza dei bottoni’ evidenciou-se rapidamente a diferença, em relação ao passado, das atitudes do Executivo em relação aos italianos no exterior e ao Sistema Itália no Mundo: “nada de cortes, nenhum fechamento de consulado, fundos recordes para a promoção da cultura italiana no mundo e a difusão do ‘made in Italy’, apenas para citar alguns exemplos. Voltaremos”.

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Consultado por Insieme, o ex-deputado Fabio Porta, coordenador do Partido Democrático na América do Sul, tentou justificar: “Infelizmente a grande maioria que apoia este governo de emergência nacional (praticamente todos os partidos, exceto Fratelli d’Italia) reduziu muito os espaços dentro do Executivo. Além disso, o presidente Draghi quis reduzir o número de subsecretários e vice-ministros; no Ministério das Relações Exteriores, por exemplo, são apenas três”.

“Sempre defendi – aduziu Porta – e apoiei a importância de ter alguém eleito no exterior no governo e lamento que essa voz não esteja presente neste governo; infelizmente, o grupo parlamentar de Merlo, tendo apenas um cargo de subsecretário, foi representado por outro parlamentar enquanto o PD, tendo confirmado a vice-ministra Sereni, não tinha possibilidade de outros cargos no Maeci. Este é um governo inédito, nascido do apelo do Presidente da República a todas as partes para enfrentar a pandemia em conjunto, organizando a campanha de vacinação e a gestão dos fundos de emergência europeus (210 mil milhões de euros)”.

Porta conclui dizendo estar “certo que após esse interlúdio, os próximos governos voltarão à dialética política normal e um eleito no exterior retornará para administrar a delegação de governo para italianos no mundo”.

Uma das poucas reações contrárias partiu de uma pouco conhecida “Associazione Culturale Identità Italiana – Italiani all’Estero”, com sede em Torrita di Siena (SI) Itália: “Nota-se a ausência, entre as nomeações, do subsecretário para os italianos no mundo, assim como a ausência completa na estrutura governamental de parlamentares eleitos no exterior”, diz a entidade num comunicado à imprensa.

“Tínhamos já percebido como, nos discursos de apresentação do programa de governo às Câmaras do presidente Draghi, faltou por completo qualquer menção aos problemas dos italianos no exterior – declara o advogado Aldo Rovito, presidente da entidade – “mas mesmo que demos por quase certo que o presidente Draghi não teria respondido à nossa carta, na qual chamamos sua atenção para alguns problemas urgentes, tivemos que registrar como mesmo em suas respostas aos participantes do debate parlamentar, o novo primeiro ministro ignorou completamente as preocupações que vinham de muitos parlamentares eleitos no exterior. Agora, com as evidências derivadas das nomeações que acabamos de fazer, a nossa decepção e a dos italianos no exterior é ainda maior. Em qualquer caso, isso não nos fará desviar do nosso compromisso com a promoção da língua e da cultura italiana no o mundo, mesmo que agora saibamos que nem mesmo neste “Super Governo” se poderá fazer alguma coisa”.

Pela coordenação do partido de Merlo no Brasil, o advogado Walter Petruzziello disse a Insieme que, com a não recondução do senador, “perdemos um belo canal para dialogar com o governo”. “Creio que o número do grupo passou a não ser importante para um governo que teve apoio de quase todos – da direita à esquerda”.