AJUDA OFICIAL É REDUZIDA DRASTICAMENTE; ESCOLAS DE LÍNGUA ITALIANA ENTRAM EM CRISE PROFUNDA EM TODO O BRASIL E CORREM O RISCO DE FECHAR. MATÉRIA DE CAPA DA INSIEME N 161 (MAIO) ABORDA O DRAMÁTICO MOMENTO.
CURITIBA – PR – Quem assiste de fora a movimentação causada pela programação do Momento Itália-Brasil, coordenado pela Embaixada da Itália no Brasil e pelos consulados italianos que aqui operam, nem de longe imagina o drama que está se passando à margem desse momento repleto de coquetéis de lançamento, festas, luzes e badalações que se esticam de Norte a Sul. E o drama se espraia exatamente na direção oposta pretendida pelo programa oficial, que é o de evidenciar e de festejar resultados em quase todos os setores da vida econômico-político-social do país tupiniquim, alcançados graças à presença italiana por aqui – mais conseqüência, é verdade, da tenacidade do braço imigrante que da diplomacia nem sempre atuante.
Enquanto as festas oficiais enaltecem o gênio italiano e tentam vender a marca peninsular, fruto de cultura milenar, é mesmo a difusão da cultura italiana, tendo à frente o ensino da língua de Dante, a sofrer, provavelmente, o seu maior golpe desde o fechamento das escolas de italiano (mas também de associações, centros de cultura, hospitais, etc.) ao tempo da II grande Guerra. Mas se lá foram fechadas na marra, por ato e força de terceiros, aqui o fechamento iminente tem como causa e autor o próprio interessado – o governo italiano. Então, no mesmo momento em que rumorosamente se festeja uma Itália que, na logomarca oficial, é representada pela milenar estrutura do Coliseu sustentando, no topo, o Cristo do Corcovado, assiste-se ao desmonte silencioso das escolas de língua e cultura italiana, suporte indiscutível de toda italianidade duradoura. É, então, como se o Coliseu estivesse ruindo sob os pés do Redentor…
Mas como entender a realidade se o dinheiro que falta, de um lado, para pagar professores, serviços e outros itens necessários a uma escola, sobra do outro, nas promoções, viagens, exposições, festas, shows pirotécnicos e tudo o mais? Simples: a Itália em crise corta, é verdade, seu orçamento. Mas autoriza a diplomacia a buscar recursos em outros endereços. Assim, com a generosa colaboração de empresas ítalo-brasileiras, o programa do Momento Itália-Brasil vai adiante e bem, graças a Deus. Pena que ninguém imaginou aplicar a mesma fórmula para salvar escolas e resolver outros problemas que há tempo afligem a estrutura consular, sem condições de atender à demanda sempre mais crescente de italianidade, onde a primeira manifestação é, sempre, o reconhecimento de um direito, a cidadania italiana por direito de sangue. E – outra contradição gritante – emagrecem-se as escolas que deveriam ensinar o be-a-bá italiano a exatamente quem bate às portas para a obtenção de um passaporte a que tem constitucional direito sem adjetivos mas que alguns setores querem condicionado ao conhecimento da língua e cultura peninsular.
A situação, na verdade, já vem de mais tempo. Diversos foram os sinais de S.O.S. lançados aqui e acolá pelas próprias escolas (as chamadas “entidades gestoras”). Mas agravou-se dramaticamente agora, a ponto de o deputado Fabio Porta, num comunicado à imprensa dando conta de seus apelos ao Ministério das Relações Exterior e denunciando a dramática situação, escrever que a Acirs – Língua e Cultura Italiana, no Rio Grande do Sul que, em tempos normais, registrava cerca de 16 mil alunos de italiano na Capital, Porto Alegre, e em diversos municípios do Estado, está “às portas do fechamento”. Adriano Bonaspetti, presidente do Comites-RS, diz que pelo fato de não ter recebido este ano contribuição do governo italiano, drasticamente reduzida já no ano passado, a entidade teve que aumentar o valor das matrículas de alunos pagantes, e isso diminuiu bastante a procura. Além disso, teve que demitir professores e funcionários administrativos, diminuir suas despesas ao máximo, encontrando-se, de fato, “em situação preocupante”. Se a Acirs não receber imediatas contribuições do governo italiano, “o futuro dos cursos de italiano no Rio Grande do Sul está seriamente comprometido”, diz Bonaspetti, ao emendar que também o Comites encontra-se praticamente inativo.
Situação não é muito diferente no Ceclisc – Centro de Cultura e Língua Italiana do Sul de Santa Catarina, de Criciúma, que também está encolhendo, assim como ocorre com outras entidades mesmo tradicionais, como a Dante Alighieri, de Curitiba.
A Alcies – Associação de Língua e Cultura Italiana do Espírito Santo, com o corte dos recursos italianos, também enfrenta dificuldades – mais ainda porque, conforme explica Vanda Andreoli, o governo italiano impôs a obrigação de gastar a verba só com os cursos de crianças das escolas publicas. “No auge, chegamos – explica Vanda – a ter (só na Capital, Vitória) cerca de 5.500 crianças e 800 adultos. Hoje temos 3.435 crianças e 140 adultos”. O problema, diz ainda ela, para as entidades gestoras é que os cursos para adultos são os únicos que produzem receitas, enquanto os cursos para as crianças das escolas publicas são totalmente gratuitos. Como o calendário escolar, no Brasil, começa no inicio de fevereiro, e a antecipação da verba da Itália vem no final de maio para ser descontada em junho, “como poderão – pergunta Vanda – os gestores, em 2013, sobreviver sem renda para seis meses? Já que os cursos para adultos são considerados inúteis?”.
Vanda explica mais: Em função da crise, faz muito tempo que podemos oferecer às associações do interior só apoio pedagógico, elas é que têm que procurar o professor, pagá-lo e administrar os cursos com muito esforço. As associações de Santa Teresa, Castelo, Venda Nova do Imigrante e Alfredo Chaves fazem isto. Como os cursos para adultos nunca foram autossuficientes, a solução agora é suspendê-los temporariamente e ver o que acontece”.
Para Vanda, “o governo italiano está matando as entidades gestoras, assim como está matando os Comites; parece que faz questão de cortar as ligações com o Brasil, logo agora que a Itália precisaria tanto dele”.
Iguais dificuldades atingem também em cheio a Fecibesp – Federação das Entidades Culturais Ítalo-Brasileiras do Estado de São Paulo, que viu reduzida a ajuda de 292.000 euros de 2011 para 80.000 euros neste ano – importância ainda não recebida. A entidade, que nos bons tempos chegou a ter 28.000 alunos, hoje viu esse número cair para menos de 13.000, segundo o ex-presidente Claudio João Pieroni, que é também membro do CGIE – o Conselho Geral dos Italianos no Exterior. Muitos desses alunos, explica ainda ele, eram associados de entidades filiadas à Fecibesp que atuava até em áreas vizinhas à fronteira com a Bolívia, onde possuía 300 alunos matriculados em cursos de língua italiana (“hoje, zero”), uma clientela que a orientação oficial italiana está mandando desprezar com a proibição de destinação dos recursos para o ensino de adultos.
O que é mais intrigante é que nem mesmo nos cortes o governo italiano age com eqüidade: na Europa, a ajuda foi cortada, na média geral, em pouco mais de 50% – segundo Pieroni -, enquanto na América do Sul, o corte geral chega a 72%, para atingir o climax no Brasil, com 76%, no geral. “Estamos – afirma Pieroni – no limiar da sobrevivência; não há mais onde cortar nada.”
No CCIPRSC – Centro de Cultura Italiana para o Paraná e Santa Catarina o desmonte causado pelos cortes das verbas italianas também já vem acontecendo há algum tempo. Os gráficos que publicamos falam por si. O presidente Amir Pissaia não consegue entender a lógica da orientação do governo italiano nem mesmo para os parcos recursos enviados, ao proibir que se gaste qualquer parte da contribuição (mesmo na parte administrativa, comum às duas áreas) com o ensino de adultos.
O encolhimento do ensino da língua e da cultura italiana acontece, no Brasil, concomitantemente ao incremento do ensino da língua espanhola. Até por absurda imposição legal, o Brasil, onde vivem cerca de 35 milhões de ítalo-descendentes, colocou Dante em confronto com Servantes (Insieme n. 134 – fevereiro 2010), sem que se conheça uma só reação da diplomacia italiana. Como dizia-se ao tempo dos romanos, “Roma locuta, causa finita”. E quem confirma é Vanda Andreoli: “Fica claro que o patrimônio que o governo italiano está jogando fora com estas decisões malucas não será recuperável; deixaremos espaço para outras línguas, como o espanhol. No caso da Alcies, são 19 anos de trabalho e investimentos desperdiçados”.
Num clima desses, fica a pergunta: a que interesses servem as manifestações que sinalizam esse Momento Itália-Brasil? (DP)
Un colpo mortale alla lingua di Dante
I CONTRIBUTI UFFICIALI SONO DRASTICAMENTE RIDOTTI; SCUOLE DI LINGUA ITALIANA ENTRANO PROFONDAMENTE IN CRISI IN TUTTO IL BRASILE E IL RISCHIO È LA CHIUSURA
Chi partecipa da fuori a quanto si sta facendo per il Momento Italia-Brasile, coordinato da ambasciata e consolati, non immagina nemmeno lontanamente il dramma che si sta vivendo a margine di tutti questi rinfreschi di inaugurazioni, feste, luci e agitazioni che attraversano tutto il paese da Nord a Sud. Ed il dramma che si sta delineando va esattamente nella direzione opposta a quella che tali festeggiamenti ufficiali vorrebbero indicare, ossia mettere in evidenza e festeggiare gli importanti risultati che in quasi tutti i settori della vita economico-politica-sociale del Brasile sono stati raggiunti anche grazie alla presenza italiana qui – a dire il vero conseguenza della tenacia e forza del braccio dell’immigrante che con la diplomazia non ha nulla a che vedere. Mentre le feste ufficiali innalzano il genio italiano e cercano di vendere il Made in Italy, frutto di una cultura millenaria, è proprio la diffusione della stessa cultura, con in testa la lingua di Dante, che sta soffrendo, probabilmente, del più duro colpo da quello della chiusura delle scuole di italiano (ma anche delle associazioni, centri di cultura, ospedali, ecc.) al tempo della II Guerra Mondiale.
Ma se all’epoca erano state chiuse in maniera drastica, forzosa, oggi la chiusura imminente ha come responsabile l’interessato stesso, ossia il governo italiano. Quindi, nello stesso momento in cui si festeggia rumorosamente un’Italia che nel logo ufficiale degli eventi vede la millenaria struttura del Colosseo reggendo, al di sopra, il Cristo Redentore del Corcovado, si assiste alla silenziosa distruzione delle scuole di lingua e cultura italiana, supporto indiscutibile di tutta l’italianità. Un po’ come se il Colosseo stesse scricchiolando sotto il peso del Redentore…
Ma come comprendere la realtà di una mancanza di fondi per le scuole quando, in altri ambiti, se ne trovano molti per promozioni, viaggi, mostre, feste, spettacoli pirotecnici e quant’altro? Facile: è vero che l’Italia taglia il bilancio. Ma autorizza la sua diplomazia a cercare risorse per altre vie. Così, grazie alla generosa collaborazione di imprese italo-brasiliane il programma Momento Italia Brasile va avanti bene, per fortuna. Peccato che nessuno abbia mai pensato di applicare la stessa forma di trovare risorse per destinarle alle scuole e risolvere altri problemi che da tempo affliggono la struttura consolare, non in grado di evadere la domanda sempre crescente di italianità e dove, in primo luogo, c’è sempre il riconoscimento di un diritto, quello della cittadinanza italiana per diritto di sangue.
Ancora – un’altra bruciante contraddizione – si diminuiscono le scuole che dovrebbero insegnare l’italiano proprio a quelli che bussano alla porta per l’ottenimento di un passaporto riconosciuto costituzionalmente e che alcuni settori vorrebbero condizionare alla conoscenza della lingua e cultura della penisola. In realtà la situazione è da tempo in queste condizioni. Vari erano stati i segnali di S.O.S. lanciati qui e là dalle scuole stesse (i cosiddetti “Enti Gestori”). Ma ora si è aggravata drammaticamente al punto che il deputato Fabio Porta, in un comunicato stampa in cui rendeva conto dei risultati ottenuti dai suoi appelli al Ministero degli Affari Esteri in cui denunciava la situazione, è giunto a dire che l’ Acirs – Lingua e Cultura Italiana, nel Rio Grande do Sul che, in tempi normali registrava circa 16.000 alunni di italiano nella Capitale, Porto Alegre e in vari comuni dello stato, sta “quasi per chiudere”. Adriano Bonaspetti, presidente de Comites-RS, dichiara che a causa del fatto che questo anno non sia arrivato il contributo del governo italiano, che già l’anno scorso si era drasticamente ridotto, l’entità ha dovuto aumentare il valore dell’iscrizione degli alunni paganti e ciò ha causato una diminuzione delle iscrizioni stesse.
Oltre a ciò, ha dovuto dimettere professori e funzionari amministrativi, diminuire le spese il massimo possibile trovandosi, di fatto, in una “situazione preoccupante”. Se l’Acirs non riceverà rapidamente contributi del governo italiano, “il futuro dei corsi di italiano nel Rio Grande do Sul è seriamente compromesso”, dice Bonaspetti, aggiungendo che anche il Comites si trova praticamente inattivo. In una situazione simile si trova anche il Ceclisc – Centro di Cultura e Lingua Italiana del Sud di Santa Catarina, di Criciúma, che sta ridimensionandosi così come accade ad altre entità anche tradizionali come la Dante Alighieri, di Curitiba.
L’Alcies – Associazione di Lingua e Cultura Italiana di Espírito Santo, con i tagli delle risorse italiane si trova anch’essa in difficoltà – ma anche perché il governo italiano ha obbligato, come spiega Vanda Andreoli, di spendere i contributi solo in corsi per bambini delle scuole pubbliche.
“Nel periodo più importante siamo arrivati a – spiega Vanda – avere (solo nella capitale, Vitoria), circa 5.500 bambini e 800 adulti. Oggi abbiamo 3.435 bambini e 140 adulti”. Il problema, continua, per gli enti gestore, è che solo i corsi per adulti creano risorse, mentre i corsi per bambini delle scuole pubbliche sono totalmente gratis. Dato che il calendario scolastico, in Brasile, inizia a fine febbraio e l’anticipazione dei contributi italiani giunge alla fine di maggio per essere disponibile in giugno, “come potranno – chiede Vanda – i gestori, nel 2013, sopravvivere senza una rendita per sei mesi? Visto che i corsi per adulti sono considerati inutili?”. Vanda dice ancora: in funzione della crisi, è già da molto tempo che possiamo offrire alle associazioni dell’entroterra solo un appoggio pedagogico, sono loro che devono trovare professori, pagarli e gestire i corsi con molti sforzi. Le associazioni di Santa Teresa, Castelo, Venda Nova do Imigrante e Alfredo Chaves fanno così. Dato che i corsi per adulti non sono mai stati autosufficienti, la soluzione attuale è sospenderli temporaneamente e vedere cosa succede”.
Secondo Vanda “il governo italiano sta uccidendo gli enti gestore allo stesso modo che sta uccidendo i Comites; sembra quasi che lo faccia apposta per tagliare le relazioni con il Brasile, proprio ora che l’Italia ne avrebbe così bisogno”. Le stesse difficoltà investono in pieno la Fecibesp – Federzione delle Entità Culturali Italo-Brasiliane dello Stato di San Paolo, che ha visto la riduzione dei contributi dai 292.000 Euro del 2011 agli 80.000 Euro di questo anno – valore che nemmeno è stato ancora ricevuto. L’entità, che ai bei tempi era giunta a 28.000 alunni, oggi vede lo stesso numero ridotto a meno di 13.000, secondo l’ex-presidente Claudio João Pieroni, che è anche membro del CGIE – il Consiglio Generale degli Italiani all’Estero. Molti di questi alunni, spiega ancora, erano associati di entità affiliate alla Fecibesp che operava in aree vicine ai confini con la Bolivia, dove aveva 300 alunni immatricolati in corsi di lingua italiana (“oggi, zero”), una clientela che l’orientamento ufficiale italiano sta disprezzando proibendo la destinazione di risorse per l’insegnamento adulti.
La cosa più assurda è che nemmeno nei tagli il governo italiano agisce con equità: in Europa, il contributo è stato tagliato, in media, del 50% – secondo Pieroni – mentre in America del Sud, i tagli, in generale arrivano al 72% con punte del 76%, proprio in Brasile! “Siamo – afferma Pieroni – ai limiti della sopravvivenza; non ci sono più spazi per tagliare qualcosa”.
Nel CCIPRSC – Centro di Cultura Italiana per gli Stati di Paraná e Santa Catarina lo sfascio causato dai tagli dei contributi italiani si sta sentendo già da molto. I grafici che pubblichiamo parlano da soli. Il presidente Amir Pissaia non riesce a capire la logica del ragionamento del governo italiano nemmeno per le scarse risorse inviate, visto che si proibisce di usarle (anche per la parte amministrativa comune alle due aree) per l’insegnamento adulti.
La ritirata dell’insegnamento della lingua e cultura italiana accade, in Brasile, di pari passo con l’aumento di quella spagnola. Persino per un’assurda imposizione legale del Brasile, dove vivono circa 35 milioni di italo-discendenti, la lingua di Dante è stata messa contro quella di Cervantes (Insieme numero 134, febbraio 2010), senza nessuna protesta da parte della diplomazia italiana. Come si affermava ai tempi dei romani, “Roma ha parlato, e basta”. E Vanda Andreoli conferma ciò: “Ovvio che il patrimonio che il governo italiano sta buttando al vento con queste decisioni folli sarà irrecuperabile; lascieremo spazio ad altre lingue, come lo spagnolo. Nel caso dell’Alcies, sono 19 anni di lavoro e investimenti persi”.
In una clima come questo, resta una domanda: quale è l’interesse che muove questo Momento Italia Brasile? (Trad. Claudio Piacentini)
“MOMENTO DESMONTE”:
A RESPOSTA DO EMBAIXADOR LA FRANCESCA
Em carta endereçada à Revista Insieme, o embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, diz apoiar todas as ações contrária aos cortes orçamentários sobre a língua e cultura italiana. “Vocês têm completa razão e, além disso, estão em vosso pleno direito”, afirma La Francesca ao comentar a matéria de capa da edição de Maio da revista, que aborda a situação das entidades gestoras dos cursos de língua italiana financiados pelo governo italiano no Brasil. Em sua carta, enviada à redação através do Consulado Geral da Itália em Curitiba no dia 25.06, o diplomata discorda, entretanto, da imagem usada pela revista para ilustrar o problema: sobre um Coliseu em demolição, o Cristo do Corcovado – imagens usadas para a logomarca do Momento Itália Brasil, com o título “Momento é de desmonte”. “Quem vos autorizou a fazer isso?”, pergunta o embaixador, afirmando que o evento ainda em desdobramento “não foi um amontoado de ‘coquetéis de lançamento, festas, luzes e badalações’ ou, pelo menos, o foi em parte irrelavante e, por outro lado, necessária”. Contrariando o que a matéria da revista apurou junto às principais entidades gestoras dos cursos de língua italiana no Brasil, La Francesca afirma que a Língua de Dante está em “contínua expansão em todos os continentes”. Veja a carta (enviada apenas em italiano), na íntegra:
“Prezado Diretor, Vi, com culposo atraso, a capa do número de maio da Revista Insieme e o artigo correspondente e devo dizer que me senti, como funcionário do Estado, mas ainda mais como cidadão italiano, no dever de responder. Antes de qualquer coisa digo que concordo plenamente no achar que os cortes orçamentários sobre a cultura e o ensino da língua italiana sejam dolorosos e deveriam ser, por qualquer meio, evitados, também porque tratam-se de despesas relativamente pequenas, se não insignificantes, em proporção ao orçamento nacional, mas com uma relação custo-benefício dentre os mais altos. Investir na cultura italiana rende muito em todo o mundo, e em particular no Brasil.
Digo isso com sincera convicção e com a sensibilidade adquirida também na minha passada, mas ainda recente, experiência como Diretor Geral para a Promoção e Cooperação Cultural junto ao Ministério das Relações Exteriores. Quando vocês protestam contra os cortes orçamentários no setor cultural, em meu modesto juizo, vocês têm completa razão e, além disso, estão em vosso pleno direito. Vivemos, porém, infelizmente, tempos – e não devo ensinar isso a quem exerce a profissão de jornalista – em que medidas dolorosas não faltam. Não me cabe avaliar quais sejam as causas de tal situação, nem indicar quais as alternativas, nem dar receitas para diminuir cortes em um setor que, como já disse, produz grandes resultados. Posso apenas – e o faço, acredite-me – unir-me à vossa voz e esperar que a língua e cultura sejam objeto de retomada em vez de reduções.
Faço isso porque estou pessoal e profundamente convencido de uma realidade da qual me ocupei em grande parte de meu percurso profissional. Vocês agem bem ao levantar vossa voz. Acho, porém, que isso precisa ser feito com força, firmeza, dignidade e determinação em vez de tons automutilantes e catastróficos. Assim dito, acho que não seja objetivamente suficiente uma ação com a finalidade de conter os prejuízos, para a qual estou, por outro lado, mais que disponível e pela qual acho justo lutar.
Precisa também, com vistas no futuro, realizar a retomada com soluções modernas e inovadoras que se baseiem, menos que no passado, em financiamentos públicos. Estes não (digo, não) foram jamais suficientes para desenvolver plenamente as extraordinárias potencialidades de nossa cultura e, na melhor das hipóteses, claro estando que nos bateremos para que isso não ocorra, não me parece realístico pensar que ao menos para os próximos anos possam retornar aos níveis precedentes da crise. Quando eu era o Diretor Geral para a Cultura na Farnesina, o auto-financiamento da rede dos Institutos de Cultura superou, pela primeira vez, o financiamento público. Grande parte de tal auto-financiamento provinha dos cursos de língua italiana: não um ônus, mas uma preciosa fonte de recursos. Momento Itália Brasil, permita-me lembra-lo em termos absolutamente serenos e calmos, não foi um amontoado de “coquetéis de lançamento, festas, luzes e badalações” ou, pelo menos, o foi em parte irrelavante e, por outro lado, necessária. Na total (digo, total) ausência de financiamentos públicos, com a parcial e relativamente mínima exceção de uma ajuda do Ministério do Meio-Ambiente, especialmente empenhado no Brasil com a Conferência Rio+20, foi uma sucessão de cerca de 400 eventos em todos os Estados do Brasil, geralmente de altíssimo nível, com um custo total calculado 100 milhões de reais, eventos que abordaram quase todos os aspectos de nossa cultura, ciência, tecnologia e capacidade empresarial.
Além de seu valor intrínseco, Momento Itália Brasil teve e continua a ter o mérito de desenvolver a nossa colaboração com um amplo número de parceiros brasileiros, de abri canais para as nossas empresas, de estimular o interesse pela nossa língua (quantos me disseram que voltarão a estudá-la!), de dar a oportunidade à própria Presidente da República, Dilma Rousseff de usar o termo “admiração” em relação a nós, no comunicado oficial emitido no início do Evento. Este teve, enfim, o grande mérito de induzir muitos de nossos concidadãos a expressar seu “orgulho de ser italianos no Brasil” com uma expressão que me foi particularmente grata constatar em numerosas oportunidades.
Senhor Diretor, em vosso comentário de introdução “Do Editor”, vocês dizem ter “tomado de empréstimo” a logo MIB para simbolizar aquilo que vocês acham “um desmonte”. Gostaria de perguntar, Senhor Diretor, quem vos autorizou a fazer isso. Não falo de autorizações legais, mas morais. A logomarca, como deve saber, foi criada com um gesto de generosidade e de afeto pela nossa cultura por Washington Olivetto, um dos mais importantes criadores no cenário mundial. Gilberto Gil musicou-a compondo uma canção dedicada ao Momento Itália Brasil e, de certa forma, a todos nós. Ver a logomarca, que exprime generosidade e valores positivos e construtivos, deturpada por uma interpretação demolidora e destrutiva é, Senhor Diretor, uma ofensa não merecida a estas duas personalidades e também a todos aqueles que cultivam sentimentos de italianidade e de admiração pela nossa cultura. A língua de Dante, permita dizê-lo com certeza e, creio, também com algum conhecimento de causa, não recebeu um golpe mortal, mas está viva e vivaz, em contínua expansão em todos os continentes. Não posso aceitar, Senhor Diretor, como funcionário do Estado e como simples cidadão, uma visão pessimista e decadente contra a qual sinto o dever moral de rebelar-me.
Acho mesmo que todos deveriam fazê-lo. Não há dúvidas que a Itália e a Europa inteira estejam atravessando um período de crise. Não é, porém, com certeza, nem o primeiro nem o mais grave de nossa longa história. Crise, em grego, significa também mudança. Dizem-me que em chinês é sinônimo de oportunidade.
Também para o ensino da língua italiana devemos procurar novas oportunidades: procurar, como referi, não perder financiamentos públicos, mas também procurar novos caminhos, valer-se de tecnologias e métodos inovadores, obter novos recursos econômicos. Naquilo que nos cabe, com o MIB, temos procurado fazê-lo, obtendo algum resultado não exatamente desprezível. Penso que podemos afirmar que conseguimos demonstrado que nossa cultura está em condições de produzir riqueza quantificável também em termos monetários. Ser-lhe-ei extremamente agradecido, Senhor Diretor, se publicar integralmente minhas considerações, fruto de uma reflexão segura e convencida. Ser-lhe-ei ainda mais grato se puder interpretá-las em sentido construtivo, como é meu convencimento, além daquilo que possa fazer para dar partida a iniciativas úteis para atenuar as conseqüências negativas desse momento difícil pelo qual atravessa o nosso País. Muito poderá ser feito e todos podemos contribuir, lançando mão de nossos extraorinários recursos com engenho, determinação e espírito inovador que nos advêm de um patrimônio cultural sem igual, que ninguém pode demolir e do qual devemos ser orgulhosos. Espero-o, e a qualquer outro que pretenda fazê-lo, em Brasília, para um franco e viril e leal confronto sobre esses temas a qualquer momento.
O Embaixador da Itália em Brasília – Gherardo La Francesca”.
In una lettera indirizzata alla Rivista Insieme, l’ambasciatore d’Italia in Brasile, Gherardo La Francesca, si dice d’accordo con tutte le azioni che si oppongono ai tagli al bilancio sulla lingua e cultura italiana. “Avete totalmente ragione e, oltretutto, siete nel pieno diritto”, dice La Francesca commentando l’articolo della materia di copertina dell’edizione di maggio scorso della rivista, che affronta la situazione degli Enti Gestori dei corsi di lingua italiana finanziati dal governo italiano in Brasile. Nella sua lettera, inviata alla redazione tramite il Consolato Generale d’italia a Curitiba il 25 giugno, il diplomatico non è d’accordo, comunque, sull’immagine utilizzata dalla rivista per presentare il problema: sopra un Colosseo in demolizione, il Cristo Redentore – immagini usate come logo per il Momento Italia Brasile, dal titolo “Momento Smantellamento”. “Chi vi ha autorizzato a fare ciò?, chiede l’ambasciatore, affermando che l’evento è ancora in andamento e “non è stato un cumulo di cocktail, feste, luci e agitazione” o, come minimo, non in misura così rilevante e, per certi aspetti, comunque necessari”. Discordando con quello che l’articolo della rivista ha appurato con i più importanti Enti Gestori dei corsi di lingua italiana in Brasile, La Francesca afferma che la Lingua di Dante è in “continua espansione in tutti i continenti”. Si veda la lettera (inviata solo in italiano) nel suo testo integrale:
“Gentile Direttore,
ho visto, con colpevole ritardo, la copertina del numero di maggio della Rivista Insieme ed il relativo articolo e devo dire che mi sono sentito, come funzionario dello Stato ma ancor di più come cittadino italiano, in dovere di replicare.
Premetto innanzi tutto che concordo pienamente nel ritenere che i tagli alla cultura e all’insegnamento della lingua italiana siano dolorosi e andrebbero in ogni modo evitati, anche perché si tratta di spese relativamente minori se non insignificanti in proporzione al bilancio nazionale, ma con un rapporto costi benefici tra i più elevati. Investire nella cultura italiana rende moltissimo in tutto il mondo, ed in particolare in Brasile. Lo dico con sincera convinzione e con la sensibilità acquisita anche per la mia passata ma ancora recente esperienza di Direttore Generale per la Promozione e la Cooperazione Culturale presso il Ministero degli Esteri. Quando protestate contro i tagli alla cultura avete, a mio modesto avviso, perfettamente ragione e siete comunque nel vostro pieno diritto.
Viviamo però purtroppo tempi – e non devo certo insegnarlo a chi fa di professione il giornalista – nei quali provvedimenti dolorosi non mancano. Non spetta a me valutare quali siano le cause di tale situazione, né indicare quali siano le alternative, né dare ricette per attenuare i tagli in un settore che, come ho detto, é ad elevatissima redditività. Posso solo – e lo faccio, mi creda – unirmi alla vostra voce e raccomandare che lingua e cultura siano oggetto di rilancio piuttosto che di riduzioni. Lo faccio perché sono personalmente e profondamente convinto di una realtà che ho toccato con mano in gran parte del mio percorso professionale. Fate benissimo ad alzare la vostra voce. Penso pero che ciò vada fatto con vigore , fermezza , dignità e determinazione, piuttosto che con toni autolesionisti e catastrofici.
Ciò posto ritengo non sia obbiettivamente sufficiente un’azione mirata a contenere i danni, per la quale sono peraltro più che disponibile e per la quale é giusto essere combattivi. Bisogna anche rilanciare, guardando al futuro, con soluzioni moderne ed innovative che puntino meno che in passato su finanziamenti pubblici. Questi non (dico non) sono mai stati sufficienti per sviluppare appieno le straordinarie potenzialità della nostra cultura e, nella migliore delle ipotesi, stante il fatto che ci batteremo per evitarlo, non mi sembra realistico pensare che almeno per i prossimi anni siano destinati a ritornare ai livelli precedenti alla crisi. Quando facevo il Direttore Generale per la Cultura alla Farnesina l’autofinanziamento della rete degli Istituti di Cultura superò per la prima volta il finanziamento pubblico. Gran parte di tale autofinanziamento proveniva dai corsi di lingua italiana: non un onere ma una preziosa risorsa.
Momento Italia Brasile, mi permetta di ricordarlo in termini assolutamente sereni e pacati, non é stato un insieme di “rinfreschi, inaugurazioni, feste, luci e agitazioni” o almeno lo é stato in una parte irrilevante e peraltro necessaria. In totale (dico totale) assenza di finanziamenti pubblici, con la parziale e relativamente minima eccezione di un contributo del Ministero dell’Ambiente, particolarmente impegnato in Brasile per la Conferenza Rio+20, é stato un susseguirsi di circa 400 eventi in tutti gli Stati del Brasile, spesso di altissimo livello, del valore complessivo stimabile intorno ai 100 milioni di reais, eventi che hanno illustrato quasi tutti gli aspetti della nostra cultura, scienza , tecnologia e capacità imprenditoriale. Al di là dal suo valore intrinseco, Momento Italia Brasile ha avuto e continua ad avere il merito di sviluppare la nostra collaborazione con un ampio numero di partners brasiliani, di aprire canali per le nostre imprese, di stimolare l’interesse per la nostra lingua (quanti mi hanno detto che si ripromettono di studiarla!) di dare l’occasione alla stessa Presidente della Repubblica Dilma Rousseff di utilizzare il termine “ammirazione” nei nostri confronti, nel comunicato ufficiale emesso all’inizio della Rassegna. Questa ha avuto infine il grande merito di indurre molti nostri connazionali ad esprimere il loro “orgoglio di essere italiani in Brasile “ con un’espressione che mi é stato particolarmente gradito cogliere in numerose occasioni.
Signor Direttore, nel vostro commento introduttivo “dall’Editore” dite di aver “preso in prestito” il logo MIB per simbolizzare quello che ritenete essere “uno smantellamento”. Vorrei chiederle, Signor Direttore, chi vi ha autorizzato a farlo. Non parlo di autorizzazioni legali, ma morali. Il logo, come saprà, è stato creato con un gesto di generosità e d’affetto per la nostra cultura da Washington Olivetto, uno dei più importanti creativi sulla scena mondiale. Gilberto Gil lo ha in pratica messo in musica componendo una canzone dedicata a Momento Italia Brasile ed un certo senso a tutti noi, Vedere il logo , che esprime generosità e valori positivi e costruttivi, deturpato da un’interpretazione demolitrice e distruttiva é, Signor Direttore, un’offesa immeritata a queste due personalità ed anche a tutti quelli che coltivano sentimenti di italianità e di ammirazione per la nostra cultura.
La lingua di Dante, mi permetta di dirlo con certezza e credo anche con qualche cognizione di causa, non ha ricevuto un colpo mortale, ma è viva e vivace, in continua espansione in tutti i continenti. Non posso accettare, Signor Direttore, come funzionario dello Stato e semplice cittadino, una visione pessimista e decadente alla quale sento il dovere morale di ribellarmi. Ritengo anzi che tutti dovrebbero farlo. Non c’è dubbio che l’Italia e l’Europa intera attraversino un periodo di crisi. Non è però certamente né il primo né il più grave della nostra lunga storia. Crisi, in greco antico, significa anche pero cambiamento. Mi dicono che in cinese sia sinonimo di opportunità. Anche per l’insegnamento della lingua italiana dobbiamo perseguire nuove opportunità: cercare come ho accennato di non perdere finanziamenti pubblici, ma di perseguire nuove strade, di far ricorso a tecnologie e metodi innovativi, di attingere ad altre risorse economiche. Nel nostro piccolo, con il MIB, abbiamo tentato di farlo ottenendo qualche risultato non proprio disprezzabile. Penso che possiamo dire d’aver dimostrato che la nostra cultura é in grado di produrre ricchezza quantificabile anche in termini monetari.
Le sarò estremamente grato, Signor Direttore, se vorrà pubblicare integralmente queste mie considerazioni, frutto di una riflessione sicura e convinta. Le sarò poi ancor più grato se vorrà interpretarle in senso costruttivo, com’é mia convinzione, nonché per quanto potrà fare al fine di avviare iniziative utili per attenuare le conseguenze negative di questo momento non facile che il nostro Paese sta attraversando.
Molto si può fare e tutti possiamo dare un contributo, facendo ricorso alle nostre straordinarie risorse con ingegno, determinazione e spirito innovativo che ci derivano da un patrimonio cultuale senza paragoni, che nessuno può demolire e del quale dobbiamo essere orgogliosi.
Aspetto Lei, e chiunque altro ritenga di farlo, a Brasilia, per un franco e virile e leale confronto su questi temi in qualsiasi momento.
L’Ambasciatore d’Italia a Brasilia – Gherardo La Francesca.