Raffaele Bonanni fala em Curitiba sobre seu último livro: “Das habilidades manuais à revolução digital”. “Da bambino mi costruivo i giocattoli con le mani, oggi lavoro in smartworking”


 

Para o professor e escritor italiano Raffaele Bonanni, as mudanças que a humanidade enfrenta atualmente com a revolução digital são as mais profundas já ocorridas nos últimos 20 ou 30 mil anos. E a única forma de mantê-las subordinadas aos interesses do homem, é estudá-las, instruir-se e abrir o coração de forma tal a dominar toda essa tecnologia.

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Dentre todas as mudanças que estão ocorrendo, inclusive a inteligência artificial, ele cita como exemplo as chamadas criptomoedas que, sem uma adequada regulamentação, dentre outros estragos, minariam Estados e Nações. “É a escolha do homem que haverá de determinar os rumos”, diz Bonanni, “não podemos rejeitar o novo”, mas “precisamos saber viajar muito rapidamente do velho ao novo através da abertura do coração e da instrução; a instrução é o único antídoto contra a imobilidade do homem”.

Sobre esses e outros conceitos, Raffaele Bonanni proferiu rápida palestra em Curitiba, no sábado que passou, durante evento organizado pela Câmara Ítalo-Brasileira de Indústria e Comércio – Italocam do Paraná, oportunidade em que lançou seu último livro intitulado “Dalla manualità alla rivoluzione digitale” “Das habilidades manuais à revolução digital). O evento ocorreu no palco ensolarado da Ópera de Arame.

Grande conhecedor do mundo do trabalho (Bonanni foi sindicalista, e chegou a ser secretário geral da Cisl – ‘Confederazione Italiana Sindatati Lavoratori‘), o escritor conta sua própria história – um homem que se fez sozinho, desde os anos de infância passados em Bomba, um pequeno vilarejo do Abruzzo, onde, brincando e construindo seus próprios brinquedos, adquiriu notáveis habilidades manuais, até a sua maturidade, profundamente envolvida com as novas tecnologias da informática e, principalmente, com a nova realidade digital.

“Da bambino mi costruivo i giocattoli con le mani, oggi lavoro in smartworking” (Quando criança eu construía meus brinquedos com as mãos, hoje trabalho com ‘smartworking’ – NR – um novo modelo de trabalho focado na produtividade, em que o trabalhador é quem determina seu horário e condições), é o subtítulo de sua obra, prefaciada pelo fundador da Universidade telemática Pegaso, Danilo Iervolino e com posfácio de Fabio Vaccavono, diretor de Google na Itália.

A palestra do escritor Raffaele Bonanni foi no palco do Teatro Ópera de Arame, em Curitiba (Foto Desiderio Peron / Revista Insieme)

O livro enfoca o valor social e de formação do brinquedo artesanal, e avança sobre a importância da competição entre crianças da mesma idade, sobre a fase em que os brinquedos passaram a ser construídos em série, e sobre o advento das diversas revoluções industrias, das quais a última e fundamental para a nossa época é a da informática em suas fases analógicas e digitais.

Segundo o próprio autor, é através da “aquisição completa do saber digital” que passa todo o crescimento e todo o desenvolvimento de nossa cultura, de nossa sociedade e de nossa economia, assim como, por outro lado, também “passam todos os desafios presentes e futuros gerados pela mesma revolução digital da qual devemos e queremos ser protagonistas”.

Na contracapa de sua obra, Bonanni escreve que quis escrever o livro para contar como foram fundamentais para a sua vida pessoal e profissional as experiências divertidas que viveu em Bomba, quando criança. “Desde o início entendi quais eram as enormes potencialidades da informática e, sobretudo, do digital, compreendidos como instrumentos com os quais dar início a um novo desenvolvimento cultural, social e econômico”, escreve o autor, referindo-se a essa “revolução que caracterizou e está caracterizando nossa época”.

A tarefa mais difícil, completa Bonanni, compete ao homem: saber governar, sendo o homem uma criatura de Deus, esta importante mudança com a finalidade de entrar em harmonia com o criador e de conseguir, exatamente através do uso responsável das novas tecnologias, um equilíbrio interior que seja prenúncio di renovados valores étnicos, humanos e sociais”.

O livro de Bonanni não está traduzido para o Brasil, país com o qual mantém estreito relacionamento, através de centenas de visitas. Aqui circulará em italiano dentre os interessados pelo assunto.