Foto Desiderio Peron / Arquivo Insieme

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Rita Blasioli Costa, em foto de 2004, logo após ser eleita presidente do Comites de São Paulo.

A PRESIDENTE DO COMITES DE SÃO PAULO LAMENTA, ENTRETANTO, QUE AS MUDANÇAS QUE DERAM ORIGEM AOS SUCESSIVOS ADIAMENTOS, NÃO TENHAM ACONTECIDO
CURITIBA – PR – Dizendo não ser candidata nas próximas eleições dos Comites – Comitati degli Italiani all’Estero (“chegou a hora de deixar espaço a quem ainda não fez esta experiencia em modo particular aos jovens”), a presidente do órgão em São Paulo, Rita Blasioli Costa, defende, entretanto, a forma escolhida em Roma para a realização do pleito eleitoral que ainda não tem data marcada mas deverá ocorrer até o final de dezembro.

“Eu sempre sustentei esta modalidade – disse Blasioli – pois acredito que o voto deve ser dado com responsabilidade e consciência, ou seja um voto de qualidade e não somente porque em um certo momento se recebe um envelope em casa”. Pelas novas normas, que vêm sendo vistas com preocupação pela maioria, todo cidadão italiano no exterior terá que, até 50 dias antes das eleições, dizer ao consulado de sua jurisdição se pretende votar; somente a estes será enviado o material eleitoral através dos correios.

Essa “inscrição” deve ser feita através do preenchimento de uma ficha contendo dados pessoais e endereço completo do eleitor, mesmo que ele já esteja inscrito no Aire – o cadastro geral dos eleitores italianos que vivem no exterior. A medida, segundo a alegação oficial, é para economizar recursos (até aqui o material eleitoral sempre foi enviado a todos os inscritos no Aire, pois o voto na Itália é facultativo) e para evitar eventuais fraudes.

As eleições que agora estão sendo convocadas para um período que, pelo menos no hemisfério sul, é o menos indicado, já deveriam ter sido realizadas em 2099, quando venceu o mandato dos atuais conselheiros, eleitos em 2004 para um tempo certo de cinco anos; foram adiadas diversas vezes ante a alegação da necessidade de reformulação da legislação, principalmente no que diz respeito ao CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, que ficou praticamente sem função depois da instituição da Circunscrição Eleitoral do Exterior, responsável pela eleição de seis senadores e 12 deputados. “O que lamento – diz Rita Blasioli – é não ter sido feito em todos estes anos a reforma da lei dos Comites, principalmente quanto as competências e funções”.

Veja, na íntegra, o texto com o qual a presidente do Comites de São Paulo respondondeu às perguntas da redação de Insieme: “Antes de tudo, a coisa mais importante é que ocorrerão as eleições, é impensável que em um Pais democrático se mantenham organismos por mais de dez anos, sem que os eleitores possam fazer umas renovações. O que lamento é não ter sido feito em todos estes anos a reforma da lei dos Comites, principalmente quanto as competências e funções.

Sobre o sistema da “prévia inscrição” eu sempre sustentei esta modalidade, pois acredito que o voto deve ser dado com responsabilidade e consciência, ou seja, um voto de qualidade, e não somente porque em um certo momento se recebe um envelope em casa. Tem também o aspectos econômicos: se estou bem lembrada, nas ultimas eleições dos Comites, aqui no Brasil participaram cerca de 22% dos eleitores, que receberam o envelope em casa, todos os outros foram jogados no lixo junto com o dinheiro gasto…, portanto, o problema não é a forma de como se vota, mas a falta de interesse em participar. Por este motivo, a exigência não me parece ilegal ou inconstitucional.

O que precisa ser feito e está faltando é uma ampla divulgação através da Rai, dos jornais locais, de outros meios, pois não será suficiente somente a publicação nos sites da Embaixada e dos Consulados, os nossos meios de mailing, etc. mas sobre isto já estamos “reclamando”.

Neste momento é importante a participação na divulgação de todo o “Sistema Itália”. Nós, como Comites de São Paulo, pedimos a colaboração de todos, Istituto Italiano de Cultura, rede Consular, Associações, Patronatos, Fecibesp, Camâra de Comercio, etc. e todos estão colaborando positivamente. Portanto, é agora que podemos mostrar quanto nos interessa manter participativa a nossa comunidade.
Acho que o voto de última hora, só porque alguém pediu, não seja um voto responsável. Como cidadãos, temos direitos, mas temos, também, deveres. Se todos aqueles que conseguiram a cidadania mantivessem algum tipo de relação com as as entidades italianas ou algumas delas, não estaríamos tão preocupados. Infelizmente isto não acontece.

Não sou candidato às próxima eleições, pois acredito que depois de 17 anos chegou a hora de deixar espaço a quem ainda não fez esta experiência, em modo particular, aos jovens. Isto não quer dizer que não estarei envolvida no processo eleitoral, pois, sem duvida, apoiarei as pessoas que permitiram que o Comites de São Paulo se mantivesse ativo até hoje (temos atividades programadas até dezembro), assim como espero continuar colaborando junto ao novo Comites que irá se eleger”.