Eleição de 2013: recepção dos votos por correspondência no Consulado Geral de Curitiba. (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

“É estranho que depois de cinco anos [Renata Bueno] faça uma acusação assim vaga e sem nenhuma prova. Se sabia disso, por que ficou em silêncio até hoje?”. A pergunta é do coordenador do advogado Luis Molossi, coordenador do Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero” no Brasil em referência à denúncia de fraudes eleitorais, que teriam ocorrido no Consulado Geral de São Paulo durante a eleição italiana de 2013, segundo uma entrevista da parlamentar ao jornal italiano “La Repubblica”.

“Na realidade – afirma Molossi, que também foi candidato naquela eleição – acredito que ela esteja procurando desviar a atenção do principal dos problemas que nós, ítalo brasileiros, sofremos: o desastroso estado da rede consular [italiana]”.

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Segundo Molossi, a deputada Renata Bueno “apoiou com seu voto todas as políticas que, de fato, são contrárias aos italianos no exterior, realizadas pelo governo italiano nos últimos cinco anos”. Assim, “torna-se difícil para ela discutir essas coisas e acaba por desviar a atenção com essas acusações sem nenhum fundamento”

Para o coordenador do Maie, que Renata não nomina mas sugere na entrevista que teria sido o autor das irregularidades, “a parlamentar deveria, isso sim, explicar o por que em cinco anos não fez nada para acabar com as filas [da cidadania], para colocar fim aos cortes dos recursos para a promoção da cultura e da língua italiana, para acabar com o esvaziamento das câmaras [ítalo brasileiras] de comércio, etc, etc. Pelo contrário, ela apoio cem por cento tais coisas e, assim, sua atividade parlamentar fica verdadeiramente inexplicável”.

Segundo a denúncia de Renata Bueno, nas eleições italianas no exterior “acontecem coisas estranhas” com o sistema atualmente empregado. Segundo ela, nas eleições de 2013 chegaram ao Consulado Geral da Itália em São Paulo “muitas cédulas com preferência [assinalada] para uma chapa composta, em sua maioria, por ítalo argentinos e registrada na Argentina”. Segundo ela, tais preferências teriam sido escritas “todas com a mesma grafia e com a mesma caneta”ou, “talvez”, “possivelmente”, pela mesma mão.

A denúncia de Renata Bueno foi objeto de muitas apreciações nas redes sociais. A internauta Nandinha Piromalli, por exemplo, escreveu:Não sou do ramo jurídico, peço que os mais esclarecidos ajudem nessa: 1) A Renata Bueno é bacharel em Direito, com mestrado e, salvo engano, estava fazendo um Doutorado na Itália; 2) Ela é uma deputada italiana, ou seja, é um agente político; 3) Ela tinha conhecimento de irregularidades no processo eleitoral e se calou por mais de quatro anos. As dúvidas: Agente público ou político que retardar, deixar de praticar ou praticar indevidamente ato de ofício para satisfazer interesse pessoal ou sentimento pessoal não estaria cometendo crime de Prevaricação? Além dessa questão criminal, sob o aspecto ético, não pareceu incorreto ela ter levantando essa questão comente agora?”