CURITIBA – PR – Se já era fraco, agora é inexistente: desde o dia 18 último (18.05.2011) estão fechados os únicos escritórios da Rai – Radiotelevisione italiana S.p.A. (a TV estatal italiana) na América do Sul. A informação foi divulgada pelo diário “Gente d’Italia”, e confirmada ao editor da revista Insieme pelo correspondente “freelancer” da emissora na região, sediado em Montevidéu, no Uruguai, Stefano Caroselli Casini, com quem o jornalista Desiderio Peron chegou a manter alguma colaboração nos últimos anos. “A Rai abandona a América Latina”, divulgou o diário, fechando suas portas na Galeria Diri, na Avenida 18 de julho 1044, na capital uruguaia, e demitindo todos os seus empregados e diretores. O fechamento da Rai na América Latina vai contra todas as expectativas e reivindicações de ampliação de seus serviços naquela que é, em todo o mundo, a área continental com o maior número de ítalo-descendentes. O fato aconteceu sem o esboço de qualquer reação, até aqui, dos diversos órgãos de representação das comunidades italianas da região como Comites (Comitês dos Italianos no Exterior) e CGIE (Conselho Geral dos Italianos no Mundo), além de deputados e senadores eleitos para o Parlamento italiano pela circunscrição do Exterior. Somente hoje, quase dez dias depois, o deputado ítalo-argentino Ricardo Merlo, do MAIE – Movimento Associativo Italiani all’Estero, distribuiu comunicado a respeito do fechamento da representação, considerando-o uma “decisão inexplicável, que apaga a histórica coluna da italianidade na América Latina, um ponto de referência para a informação a 35 milhões de pessoas”. Segundo Merlo, as razões usadas para justificar “tal absurda decisão” são “a redução de recursos e a tentativa de saneamento do orçamento da empresa”. Em sua nota, Merlo critica outros gastos da empresa que, com sua decisão, penaliza somente a “Rai Corporation America Latina”, quando se poderia concretamente intervir sobre tantas outras compensações estratosféricas de alguns personagens, que lotam os cada vez mais medíocres, e às vezes imprestáveis, programas da empresa Rai”. Os escritórios da Rai na América Latina foram fundados em 1964, sob a direção de Luigi Casini, então ex-diretor da Rai de Ancona. Sem nunca ter sido empregado diretamente pela Rai, seu filho Stefano Casini foi até pouco tempo o mítico correspondente da emissora para toda a América do Sul, tendo vindo inúmeras vezes ao Brasil para a realização de matérias especiais ou para realizar coberturas importantes. Há cerca de quatro anos, Casini, com a autorização do jornalista Piero Badaloni, que então ocupava o cargo de diretor, procurou apoiar-se também no trabalho do jornalista Desiderio Peron, na vã tentativa de ampliar a cobertura de fatos de interesse das comunidades italianas do Sul do Brasil.
Na noite de 18 de maio, Stefano Casini escrevia a Peron nesses termos: “A Rai sta morendo… come tutta l’Italia. Tagli del 60% ai Consolati e Istituti di Cultura, tagli all’emigrazione, tagli, tagli. Ti dico la veritá….non si sa come andiamo a finire.”
A decisão da emissora estatal italiana causa estranheza também porque, além da América do Sul concentrar o maior número de ítalo-descendentes de todo o Mundo (o Brasil, isoladamente, já é o maior, com uma população itálica calculada em 35 milhões), hoje o Produto Interno Bruto da Itália foi superado pelo PIB do Brasil – um mercado nada desprezível para os objetivos econômico-financeiros de qualquer empresa do ramo de comunicação.

PATROCINANDO SUA LEITURA