CURITIBA – PR – Sem solução ainda para velhos problemas sempre apontados nesses encontros, os representantes do Brasil no CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero e presidentes dos Comites – Comitati degli Italiani All’Estero que operam no Brasil têm reunião marcada para o dia 14 próximo, na sede da Embaixada da Itália no Brasil, em Brasília. Sob convocação do embaixador Raffaele Trombetta, estarão presentes também os cônsules, os parlamentares eleitos na região, diretores dos Institutos Italianos de Cultura e outros representantes de entidades italianas escolhidos pela Embaixada que formam o chamado “Sistema Itália”.
O encontro, que sucede a outro no mesmo local envolvendo setores empresariais (“Excelência Italiana: Tecnologias para a Cooperação Ítalo-Brasileira), é a IX Reunião do gênero desde que foi iniciada com esse perfil e tradicionalmente dispensa a participação da imprensa italiana que não é convidada e sequer recebe a programação do evento. Sabe-se, entretanto, que os problemas ali levantados formam uma espécie de “afinação da viola” para a participação dos representantes do Brasil na Assembléia Geral do CGI, marcada em seguida para Roma.
Além dos temas de praxe, como difusão da cultura italiana, ensino da língua italiana, “filas da cidadania” (assim denominado o enorme contencioso de pedidos de reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue que aguardam pronunciamento dos consulados), precariedade das estruturas consulares para melhorar o atendimento dispensado à comunidade interessada, o encontro serve para a Embaixada balizar sua atuação no território brasileiro, voltada principalmente para as relações bilaterais entre a Itália e o Brasil.
Devido à crise econômico-financeira pela qual atravessa a Itália, um fenômeno vem se acentuando ultimamente – o de uma nova onda de imigração de italianos – que também passa a preocupar as autoridades diplomático-consulares que operam no território brasileiro, onde vive a maior comunidade itálica do mundo.
A reunião do dia 14 será a primeira depois de vencida a batalha contra o fechamento do consulado italiano do Recife, em cujo Estado está sendo construída uma das maiores unidades de produção da Fiat. O fechamento havia sido anunciado pelo governo italiano que teve que voltar atrás após uma bem organizada reação das representações e lideranças italianas e locais. Para o Brasil passaram a olhar com maior simpatia, ultimamente, grandes grupos econômicos italianos. A Ferrero, por exemplo, anunciou há algumas semanas um megainvestimento em suas instalações de Minas Gerais, visando, entre outros objetivos, dobrar simplesmente sua produção.
Um dos temas pendentes de solução – além dos já acima citados – está a proposta, feita pelo deputado Fabio Porta, de instituição de uma contribuição a ser paga pelos interessados no reconhecimento da cidadania italiana. Os recursos seriam usados exclusivamente no reforço da estrutura consular operante no Brasil, sempre às voltas com problemas de espaço, equipamento e pessoal.
Mas o tema que mais interessa os que se encontram no comando das representações ítalo-brasileiras é o das próximas eleições. Ele constituiu o pano de fundo da Assembléia Continental para a América Latina do CGIE, realizada recentemente em Curitiba, e provavelmente o será também nesse encontro, em Brasília. Embora não se saiba ainda como serão realizadas, tais eleições estão marcadas para acontecer este ano – dez anos após as últimas de 2004. Tanto conselheiros do CGIE quanto dos Comites já cumpriram há muito o mandato a que foram eleitos e desde 2009 o governo italiano vem sucessivamente adiando as eleições para a renovação dos órgãos de representação dos italianos em todo o mundo. A alegação inicial era baseada na necessidade de revisar a lei, principalmente do CGIE, depois que foi introduzido o voto por correspondência e criada a Circunscrição Eleitoral do Exterior, através da qual foram destinadas 12 cadeiras de deputado e 6 de senadores para os italianos no exterior. A lei não foi revisada, a Itália discute agora inclusive a extinção do Senado nos moldes em que funciona atualmente e, diante disso, é bem provável que as eleições venham a ser, outra vez, adiadas, com a consequente prorrogação dos atuais mandatos.