CURITIBA – PR – “À beira do caos”. Assim o conselheiro do
CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, Walter Petruzziello,
define a situação do Consulado Geral da Itália em Curitiba que, na próxima
semana, recebe a primeira visita oficial do atual embaixador da Itália no
Brasil, Raffaele Trombetta. Durante sua visita, o diplomata vai inaugurar o
“Contact
Center Consular per il Brasile”

– um serviço com a interveniência da iniciativa privada que integra
telefonia e internet para atendimento dos usuários junto aos consulados
italianos que operam no Brasil. Se, de um lado, o novo serviço poderá trazer
novo alento aos usuários, de outro, “pode apenas criar falsas expectativas” –
observa Petruzziello – pois os problemas estão bem além do balcão de
atendimento.

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A situação do Consulado Geral da Itália em Curitiba foi objeto de intervenção
de Petruzziello na última assembléia ordinária do Comites – Comitato degli
Italiani all’estero
, realizada sábado passado (dia 6), na sede do Centro
Cultural Ítalo-Brasileiro Dante Alighieri. “Precisamos fazer alguma coisa e
urgentemente”, disse o conselheiro. Segundo Petruzziello, trinta por cento dos
servidores do consulado estão “fora de combate”, seja por licença médica,
transferência, licença maternidade e pedido de demissão ainda sem substituição.
Tal situação tem efeitos diretos sobre o atendimento ao público, já antes
deficiente devido à elevada demanda de serviços e o baixo número de funcionários
de que a unidade dispõe. “Em breve, irão embora também o cônsul e o
vice-cônsul”, fato definido pelo presidente do próprio Comites, Gianluca
Cantoni, como “a cereja sobre o bolo”.

À primeira assembléia do ano do Comites foram
convidados todos os parlamentares eleitos na área da América do Sul durante as
últimas eleições italianas. Enquanto o senador Fausto Longo não pode comparecer
por motivo de saúde, participaram da reunião Renata Bueno e Fabio Porta, que
foram informados deste e de outros problemas que a comunidade ítalo-brasileira
dos dois Estados sob a jurisdição de Curitiba enfrenta – o maior deles, sem
dúvida, a enorme fila de requerentes que aguardam o reconhecimento da cidadania
italiana por direito de sangue.

Outro problema que tem-se demonstrado insolúvel é o relacionado à sede do
próprio consulado – um desafio a que se tinha empenhado, na sequência dos
esforços de seu antecessor, o cônsul Salvatore Di Venezia, que também participou
do encontro. Segundo ele, a nova sede não vai mesmo sair e, então, deverão ser
realizados os serviços de adaptação da atual para um melhor aproveitamento,
principalmente na parte da recepção aos usuários, constrangidos a aguardar numa
salinha três por quatro sem janela e praticamente sem ventilação.

Além de participar da reunião do Comites, Porta teve um encontro com
lideranças trentinas dos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
do Espírito Santo, perante as quais comprometeu-se a lutar para o desembaraço
dos processos de reconhecimento da cidadania aos descendentes de imigrantes
trentinos que se encontram aguardando parecer de uma “Comissão Especial
Interministerial”, de Roma. Passados quase dez anos, apenas cerca de três mil
processos foram apreciados dentro de um total de cerca de trinta mil. Depois de
toda a espera pela decisão de Roma, os processos são devolvidos aos consulados,
onde, novamente, a espera é muito grande e tende a ficar ainda maior com os
problemas de pessoal que se apresentam, não apenas em Curitiba.

“Pedimos, entre outras providências, que haja uma pronta e enérgica ação para
colocar os funcionários concursados para a Task Force na função para a qual
foram escolhidos”, disse Ivanor Minatti, presidente do Círculo Trentino de
Curitiba. Segundo ele, tem gente que foi contratada com dinheiro orçamentário da
Task Force, isto é, especificamente para tocar processos de cidadania,
mas que nunca desenvolveram o trabalho para o qual foram contratados e hoje
estão na função, por exemplo, de secretária consular. Este fato já havia sido denunciado pelo
conselheiro Petruzziello na última plenária do CGIE, em Roma, mas nenhuma
providência foi tomada.

No encontro, os parlamentares (na condição de conselheira do Comites estava
também a deputada federal brasileira Cida Borghetti) analisaram com os
conselheiros aspectos políticos da última eleição, com ênfase para falhas
verificadas num processo que precisa de mudanças, segundo a opinião geral.
Questões ligadas diretamente às associações ítalo-brasileiras também foram
analisadas, assim como também fizeram parte da pauta aspectos culturais e
sociais. Os parlamentares participaram, ainda, de um encontro da comissão de
jovens do Comites.

Nos vídeos que postamos vinculados a esta matéria, outras informações sobre o
encontro, com uma análise de Fabio Porta, Renata Bueno, Walter Petruzziello e de
Gianluca Cantoni.