CURITIBA – PR – O nervosismo que impregna a política italiana contaminou também a assembléia extraordinária do CGIE – Conselho Geral dos Italianos no Exterior, em realização na cidade de Turim, norte da Itália. Na sessão plenária na tarde dessa quarta-feira (18/05/2011) só não aconteceu pancadaria após acalorados debates por providência do pessoal do “deixa disso”, segundo relata o conselheiro Walter Petruzziello – um dos quatro conselheiros do Brasil que participam da assembléia que, numa tentativa de reparar o mal, acabou votando, por maioria, moção de desagravo ao Senado da República. O cenário violento envolveu o senador Alfredo Mantica, subsecretário do Ministério das Relações Exteriores com delegação para assuntos que dizem respeito aos italianos no mundo; o senador Giuseppe Firrarello (PDL); e o conselheiro Luciano Neri (Margherita), que integra o CGIE por nomeação do governo. Os representantes do Senado se retiraram da Conferência que pretendia discutir exatamente a proposta de lei que reforma sua composição e atribuições, numa tentativa desesperada para salvar a existência do órgão que está sem rumos desde a eleição de deputados e senadores pela circunscrição dos italianos que moram fora da Itália. Segundo relata Petruzziello, tudo começou após o pronunciamento de Firrarello e do próprio Mantica, na sessão da tarde. Neri, ao assumir a tribuna, atacou violentamente Firrarello, aludindo inclusive fatos relacionados a processos na justiça que envolveriam o senador. Mantica, ao rebater as acusações, teria chamado o orador à razão e já se retirava do plenário “por não ser obrigado a ouvir tudo aquilo” enquanto era chamado de “fujão” por Neri, sempre provocador. Mantica, então, voltou e, dedo em riste, pediu a Neri que respeitasse o ambiente e as pessoas ao que Neri respondeu com novas provocações. Mantica que outra vez se distanciava da platéia, voltou, tirou o paletó, desfez-se de alguns livros e escritos e partiu para cima do conselheiro, disposto à desforra. O longo bate-boca só terminou pelo esforço coletivo de muitos que evitaram, também, felizmente, as agressões físicas. A moção de desagravo ao Senado foi aprovada com facilidade (votaram contra apenas Filomena Narducci, do Uruguai; Marina Salvarezza, do Equador; e Marina Piazzi, do México, registrando-se ainda a abstenção do brasileiro Claudio Pieroni, ausente no momento) diante da percepção de que poderiam acontecer retaliações em prejuízo do trâmite do projeto de lei que tramita na Casa. Petruzziello conta que, segundo se informou aos participantes da assembléia, o senador Stefano Pedica (IDV) teria falado com o presidente do Senado, Renato Schifani, que, ao que consta, estaria propenso a retirar a delegação enviada à plenária do CGIE. O único parlamentar que permaneceu no encontro (que acontece dentro das instalações do governo do Piemonte), segundo Petruzziello, é Fabio Porta, eleito pela circunscrição do exterior. A reunião do CGIE deve terminar na sexta-feira mas, segundo algumas avaliações, o clima para debater os assuntos da pauta não mais existe. “Se ficarmos sem interlocutor do Senado”, explica Petruzzielo, “o nosso principal objetivo poderá ser frustrado em função desse lamentável fato que de maneira alguma honra o CGIE”. Na segunda-feira que passou, aconteceram as reuniões das comissões e, ontem, as reuniões temáticas. Turim foi escolhida para o encontro do CGIE por ter sido a primeira capital da Itália após sua unificação, há 150 anos.

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