Vice-consulado honorário da Itália em Florianópolis-SC: Revista publica carta-denúncia ao ministro Frattini em que é pedida inspeção para verificar desvio de dinheiro

FLORIANOPOLIS – SC – A edição de julho da Revista Insieme,  em circulação, aborda os reais motivos que levaram à renúncia do vice-cônsul honorário da Itália em Florianópolis e publica a íntegra do texto de uma carta enviada ao ministro Franco Frattini, das Relações Exteriores, pedindo  inspeção sobre as atividades do vice-consulado. “A revista Italiana daqui” traz uma entrevista com o autor da carta – o jornalista e historiador italiano Franco Gentili, que questiona a “culpa in vigilando” do cônsul geral da Itália em Curitiba, Riccardo Battisti, e outra entrevista com o próprio cônsul Battisti, que diz desconhecer qualquer denúncia formal. Abaixo, transcrevemos o texto de abertura da matéria da edição numero 127 Revista Insieme:

u FLORIANÓPOLIS-SC: PEDIDA INSPEÇÃO NO VICE-CONSULADO
TERIA SUMIDO GRANA DO VICE-CONSULADO HONORÁRIO EM FLORIANÓPOLIS.
A escolha do novo vice-cônsul honorário da Itália em Florianópolis tinha tudo para seguir os trâmites normais: apresentam-se os candidatos, cada um luta pela sua indicação, o Cônsul Geral decide por um nome e o submete à Embaixada da Itália no Brasil e ao Ministério das Relações Exteriores para a investigação sobre sua vida pregressa; nada havendo contra o trabalhador dativo (a função não é remunerada), o escolhido é nomeado por decreto consular por um período determinado ou por toda a vida, até que complete 70 anos de idade. Mas dessa vez, as coisas não estão acontecendo exatamente assim.
Desde que Ézio Giannino Librizzi renunciou, em 13 de março último, alegando “razões de caráter pessoal”, a sucessão dos acontecimentos gerou um contencioso que acabou por desaguar em Roma, no computador do Ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini. À vaga deixada por Librizzi candidataram-se três nomes (Attilio Colitti, empresário da área de turismo e genro do governador de SC; o presidente do Círculo Ítalo-Brasileiro de Santa Catarina, Álvaro Bortolotto Preiss; e o ex-presidente do mesmo círculo e diretor da Câmara Italiana de Comércio, Mauro Beal). O favoritismo pendeu para Colitti e, aparentemente sem relação alguma entre causa e efeito, passou-se a falar sobre as “razões de caráter pessoal” alegadas por Librizzi em sua renúncia. E descobriu-se que as razões, na verdade, eram outras, nada pessoais.
Librizzi, contra quem nunca pesaram dúvidas, viu-se envolvido num caso de desvio de dinheiro de usuários dos serviços consulares: um funcionário seu teria abusado da confiança e, num momento de fraqueza que não se sabe desde quando, nem com que intensidade vinha se manifestando, meteu a mão no dinheiro das taxas cobradas por antecipação em casos de renovação de passaporte e outros. A soma embolsada (fala-se em três, nove, 14 mil reais e até mais) é menos importante que o ato de embolsar e, assim que se viu envolvido, Librizzi teria pedido a conta ou, como dizem outras versões, foi instado a pedir demissão, abrindo inesperadamente o processo sucessório. Em Florianópolis ninguém acredita que o Cônsul Geral em Curitiba, cuja responsabilidade sobre o subordinado dativo é notória, não tivesse sido informado dos reais motivos da renúncia de Librizzi; mas formalmente ele acatou as razões alegadas e  tudo poderia ficar assim, não fosse a interferência de um italiano aposentado que mora na Ilha há alguns anos. Dizendo-se cansado de tanto ouvir boatos, resolveu escrever aos superiores do Cônsul Geral, acusando-o de “culpa in vigilando” e solicitando uma investigação completa sobre o caso que, segundo Álvaro Preiss, “já se tornou de conhecimento público”.
“Eu já estava para agredir alguém dentro da Assembléia Legislativa de SC – conta o professor e jornalista Franco Gentili – porque este alguém insistia em dizer que os italianos são boa gente mas são ladrões. Então resolvi escrever ao ministro.” Gentili faz questão de dizer que não está atirando contra nenhum candidato e, sim, quer questionar e esclarecer o comportamento do Cônsul Geral, incompatível com aquele de um funcionário público responsável. “É o vice dele, não meu. (…) para debaixo do tapete não se joga nada”, raciocina Gentili.
Enquanto Álvaro Preiss aposta numa possível reviravolta, até porque diz ter conhecimento de rumores que a investigação paralisaria o consulado em Curitiba por uns três meses, retardando também o processo de nomeação, o cônsul geral Riccardo Battisti, ouvido por Insieme, informa que não tem conhecimento formal de nenhuma denúncia ou pedido de investigação. Mas avisa que ao fechar as contas com o vice cônsul honorário renunciante, tudo está sendo verificado para que o novo, ao assumir, possa ter as coisas claras diante de si. Se – avisa Battisti – algo que configure crime for detectado, isso será encaminhado às autoridades policiais catarinenses para os devidos fins (leia adiante a entrevista de Battisti). Resta agora saber se o ministro Frattini atenderá o pedido de Gentili que se fez intérprete da grande comunidade italiana de Santa Catarina, que continua lutando por um consulado italiano em seu território.

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u FLORIANÓPOLIS-SC: CHIESTA UN’ISPEZIONE NEL VICE CONSOLATO
SAREBBERO SPARITI DEI SOLDI DAL VICE-CONSOLATO ONORARIO DI FLORIANÓPOLIS

La scelta del nuovo vice-console onorario d’Italia a Florianópolis faceva pensare ad un iter estremamente lineare: si presentano i candidati, ognuno lavora per la propria elezione, il Console Generale decide un nome e lo sottomette all’analisi dell’Ambasciata d’Italia in Brasile ed al Ministero degli Affari Esteri per un’analisi della sua biografia; non rilevando obiezioni sul volontario (l’incarico non è remunerato), lo scelto è eletto con decreto consolare per un certo periodo o per tutta la vita, fino ai 70 anni di età. Ma questa volta le cose non stanno andando proprio così.
Fin da quando Ézio Giannino Librizzi ha rinunciato, il 13 marzo scorso, presentando “motivi di carattere personale”, la successione dei fatti ha generato un contenzioso che ha finito per arrivare a Roma, nel computer del Ministro degli Affari Esteri, Franco Frattini. Per l’incarico lasciato vacante da Librizzi si sono candidati tre nomi (Attilio Colitti, imprenditore nell’area turistica e genero del governatore di SC; il presidente del Circolo Italo-Brasiliano di Santa Catarina, Álvaro Bortolotto Preiss; e l’ex-presidente dello stesso circolo e direttore della Camera Italiana di Commercio, Mauro Beal). Il favorito era Colitti e, apparentemente senza una relazione diretta tra causa ed effetto, si è iniziato a parlare delle “ragioni di carattere personale” denunciate da Librizzi nella sua rinuncia. E in verità si è scoperto che le ragioni erano altro che personali.
Librizzi, contro il quale non erano mai sorti dubbi, si è visto coinvolto in un caso di sparizione fondi destinati alla cittadinanza per i servizi consolari; un suo funzionario avrebbe abusato della sua fiducia e, in un momento di fragilità che ancora non si sa da quando e con quale intensità, avrebbe messo le mani sul denaro fatto pagare dalle tasse per i rinnovi dei passaporti ed altre pratiche. La somma intascata (si parla di tre, nove, quattordicimila Reais e più) è certamente meno importante del fatto in sé di intascare soldi pubblici e così, vistosi coinvolto, Librizzi ha deciso di lasciare o, come dicono altre versioni, sarebbe stato sollecitato alle dimissioni aprendo così un inatteso processo di successione. Nessuno a Florianópolis crede che il Console Generale a Curitiba, la cui responsabilità su questo incarico di volontario è nota, non fosse informato dei reali motivi che hanno portato Librizzi alle dimissioni, ma formalmente egli ha accettato le ragioni presentate dallo stesso e tutto avrebbe potuto finire lì se non ci fosse stata l’interferenza di un italiano in pensione che abita sull’isola da alcuni anni. Dicendosi stanco della grande quantità di voci che circolano in merito alla questione, ha deciso di scrivere ai superiori del Console Generale, accusandolo di “negligenza nella vigilanza” e sollecitando un’investigazione completa sul caso che, secondo Álvaro Preiss “Già è diventato di dominio pubblico”.
“Stavo quasi per aggredire qualcuno dentro del Parlamento catarinense, racconta il professore e giornalista Franco Gentili, perché questo signore insisteva nel dire che gli italiani sono brava gente ma ladri. Ho così deciso di scrivere al ministro”. Gentili precisa che non sta andando contro qualcuno dei candidati ma di voler questionare e chiarire il comportamento del Console Generale, incompatibile con quello di un funzionario pubblico responsabile. “È il suo vice, non il mio. (…) non si nascondono i fatti”, dice Gentili.
Mentre Álvaro Preiss scommette in un possibile capovolgimento della situazione, anche dicendo di sapere di voci che sostengono che l’investigazione potrebbe portare alla paralisi del consolato per circa tre mesi, ritardando così anche il processo di nomina. Il Console Riccardo Battisti, sentito da Insieme, informa che non è a formale conoscenza di una eventuale denuncia o richiesta di investigazione. Ma avverte anche che chiudendo i conti con il vice console onorario uscente tutto è verificato affinché il nuovo, assumendo l’incarico, possa avere la situazione chiara. Se – avvisa Battisti – qualcosa che possa far configurare un crimine fosse rilevato, sarebbe immediatamente inoltrato alle autorità di polizia catarinensi per le dovute indagini (si veda più avanti l’intervista di Battisti). Rimane ora di sapere se il ministro Frattini accoglierà la richiesta di Gentili che si è fatto interprete della grande comunità italiana di Santa Catarina che continua lottando per avere un consolato italiano nel suo territorio.