As cédulas eleitorais votadas devem ser devolvidas aos consulados até as 16 horas do dia 1 de março - quinta-feira. (Foto Desiderio Peron / Insieme)

A menos de três dias do encerramento do prazo para a devolução do voto aos consulados, cresce o volume de informações e reclamações de eleitores italianos devidamente inscritos no Aire que, dessa vez, não puderam votar por seus nomes não constarem da lista oficial fornecida pelo Ministério do Interior italiano. “O cidadão não tem conhecimento da lista, não foi avisado da exclusão e não teve direito de defesa: foi surpreendido. E deve perguntar onde está a Itália democrática e republicana”, disse essa noite o candidato Walter Fanganiello Maierovitch (LeU), depois de lançar nas redes sociais um vídeo solidarizando-se com esses eleitores.

Não há números. Mas o candidato Walter petruzziello (Maie), que foi o primeiro a denunciar a falha, arrisca um percentual de pelo menos 10%. “Isto quer dizer – calcula ele – que no Brasil inteiro mais de 30 mil pessoas tiveram esse direito tolhido pela ineficiência e incompetência dos municípios italianos, comandados pelo Ministério do Interior”. Para se entender melhor, as listas de eleitores não são confeccionadas pelos consulados. Estes mandam os dados aos municípios italianos que, por sua vez, após realizar a inscrição local dos cidadãos e eleitores, fornece os dados ao Ministério do Interior, responsável pelos processos eleitorais.

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Também Diego Mezzogiorno, em seus múltiplos contatos na organização da Fnib – Fundação Nacional Ítalo-Brasileira, vem colecionando reclamações. Segundo ele, já as tem de Campinas e São José dos Campos, em SP, além de Florianópolis, Criciúma, Brusque e Balneário Camboriú. Em Itatiba, interior de SP, segundo ele, não se tem notícias de que alguém na cidade tenha recebido os envelopes eleitorais.

https://www.facebook.com/walterfanganiello/videos/328311417657526/

O problema foi levado há alguns dias ao conhecimento do embaixador Antonio Bernardini pelo candidato a deputado Walter Fanganiello Maierovitch que lhe respondeu lamentar o quanto referido, e afirmando que “estamos empenhados em garantir a todos o exercício do direito de voto”, mas também explicando que “sabemos ue podem existir problemas na entrega dos envelopes que frequentemente não dependem da vontede dos cônsules”. Bernardini pediu exemplos, e Fanganiello forneceu pelo menos cinco que lhe autorizaram citar seus nomes: Erica Bernardini, Oriana Monarca White, Bruno Bocchini e dois filhos de Giuseppe Ressa Pellegrini, todos de São Paulo.

Fanganiello fala de mensagens de pessoas que não conhece, mas que estão indignadas. O “Embaixador e o Cônsul de São Paulo foram atenciosos nas suas respostas”, diz o candidato, “mas o problema é de impossibilidade de exercício de cidadania ativa”. Fanganiello conta que o “Cônsul falou de um desencontro entre a Lista do Ministério e a do Consulado”, mas “o cidadão não tem conhecimento da lista, não foi avisado exclusão e não teve direito de defesa: foi surpreendido. E deve perguntar onde está a Itália democrática e republicana?”

Relata ainda Fanganiello que “tem um pai que não recebeu o material eleitoral e seus filhos receberam. Foi verificar e recebeu informações de problema no Comune, com certidão. E esse pai saiu com a seguinte pergunta: por que o meu está com problema e o dos meus filhos não?” Segundo ele, o Embaixador acionou o Cônsul de São Paulo que, muito gentil, tomou a iniciativa de pessoalmente levantar os casos dados como exemplo”.

O candidato cita o caso da professora da USP, Oriana Monarca White, nascida em Assis, que “continua incrédula , pois votou no referendo e há pouco renovou o passaporte . O nome dela não constou da lista do Ministério do Interior, já dirigido pelo Alfano, antes de ter sido remanejado, como prêmio de consolação, para o Ministério das Relações Exteriores”. Agora “o ministro Angelino Alfano ficou dias no Brasil e a fazer campanha para o PD”, mas “não quis saber do problema dos que não recebiam o material eleitoral. Manteve-se em sepulcral silêncio. A quem interessa tudo isso?”, pergunta o candidato.

“O problema – conforme acentua Walter Petruzziello – existe e persiste. Famílias inteiras não receberam os envelopes para votar” e, mesmo que façam reclamação junto ao consulado, de nada adiantará: “Eles argumentam que vão escrever aos Municípios mas que não dará tempo para enviar o envelope”. Apenas quem está na lista e não recebeu o envelope ainda pode retirar um “duplicato” no Consulado e votar.