“Não adianta ter ‘uma Itália fora da Itália’ nestas condições e com esta mentalidade oportunista’, afirma Silvana Rizzioli em nota enviada a Insieme comentando o insucesso de sua candidatura ao Senado italiano pela coligação ‘Liberi e Uguali’. A Itália e a América do Sul, segundo ela, “não têm interesse em criar condições de igualdade para seus cidadãos, mas sim cada vez mais elitizações e a conivência com governos capitalistas’. Na nota Rizzioli fala da baixa participação dos eleitores e critica aspectos do processo eleitoral.
Para Rizzioli, “infelizmente esta é a condição dos Italianos e seus descendentes na América do Sul, população desinteressada, inexpressiva e cada vez mais interessadas nos processos de cidadania, não para expressão do “jus sanguinis”, mas sim como obtenção de “visto turístico” e facilitações impróprias para quem não conhece sua geografia, sua cultura e o básico do seu idioma”. Ela observa que, pelo que se tem dos resultados esboçados pelas urnas, “estamos tendo novamente influências fortes e partidárias de direita e de extrema direita”.
A nota de Rizzioli foi distribuída no começo desta tarde, mas seu companheiro de chapa, o desembargador aposentado Walter Fanganiello Maierovitch, candidato à Câmara, já dera-se por vencido logo após a verificação dos primeiros resultados, por volta das cinco horas da manhã (uma hora da madrugada no Brasil). “Prezados”- escreveu ele – “Não deu. Perdi e não tenho desculpas”.
Fanganiello acompanhava, em Castel Nuovo di Porto, nas cercanias de Roma, o processo de apuração dos votos colhidos na Circunscrição Eleitoral do Exterior. Além dele, outros candidatos, como Daniel Taddone e Renata Bueno acompanhavam as apurações. “Quando aceitei o convite para disputar uma cadeira no Parlamento”- acrescentou Fanganiello – “sabia das dificuldades a enfrentar. [Sou] Grato à amiga fraterna e parceira Silvana Rizzioli. Que os vencedores cumpram bem os seus mandatos. ‘Auguri a loro’ (boa sorte para eles).” Agora há pouco, ele acrescentou: “É hora de lamber as feridas, reconhecer com humildade a escolha das urnas e desejar que os eleitos coloquem os interesses da Itália acima de tudo”.
Agora, às 14h30min, a divulgação oficial dos resultados na Circunscrição Eleitoral do Exterior ainda estava em andamento, não se sabendo ainda como serão distribuídas as quatro cadeiras para a Câmara e as duas para o Senado. A grande novidade dessa eleição na América do Sul, entretanto, foi o avanço de Usei – ‘Unione Sudamericana Emigrati Italiani’, liderada por Eugênio Sangregorio que, pelo menos na Argentina, vem se impondo como a segunda força política regional, superando de longa O PD – Partido Democratico.
Eis a nota de Rizzioli, na íntegra: “Eu me candidatei ao Senado Itália 2018 a convite do Desembargador Wálter Fanganiello Maierovitch. Aceitei entrar na campanha para candidata ao Senado Itália pelo Partido ‘Liberi e Uguali’, mas principalmente pela confiança, dignidade, coerência e legitimidade que Wálter daria ao processo eleitoral e ao Partido.
Esta foi minha primeira experiência política ao longo de minha vida executiva e meu principal objetivo foi transferir experiências e competências para oferecer maiores oportunidades aos italianos e seus descendentes na América do Sul e construir um mundo melhor para as gerações atuais e futuras.
O partido ‘Liberi e Uguali’ foi criado no dia 03 de dezembro de 2017. Sua criação foi embasada em Valores, ou seja, nos princípios absolutos da Constituição Italiana. O objetivo era proporcionar aos eleitores da América do Sul propostas alternativas ao Partido Democrático, completamente desgastado. No entanto, seja pelo pouco tempo disponível para a realização da campanha, pelo conformismo, pelo histórico e pela pouca politização dos próprios eleitores na América do Sul tivemos um resultado focado em escolhas totalmente direcionadas aos partidos de direita e no segregacionismo da ‘Lega’.
A Argentina exerceu uma expressiva oligarquia e uma forte influência nos estados brasileiros. O Brasil, País de dimensões continentais, teve pouquíssima participação de cidadãos e descendentes italianos no processo eleitoral (podemos falar de pouco mais de 30%). Além disto, por falta de informação e pela complexidade do processo eleitoral via Correios, cerca de 20% das fichas foram invalidadas pela ausência do comprovante eleitoral. Também, devido às férias coletivas e do Carnaval no Brasil, muitas fichas não chegaram aos Consulados em tempo hábil. Este processo eleitoral por correspondência, totalmente arcaico, está aberto a fraudes, como já aconteceu no passado.
Podemos cons tendo novamesiderar que estamonte influências fortes e partidárias de direita e de extrema direita, ou seja os italianos nostálgicos e fascistas se encontram em todas as circunscrições fora da Itália.
A Itália e a América do Sul não têm interesse em criar condições de igualdade para seus cidadãos, mas sim cada vez mais elitizações e a conivência com governos capitalistas. Infelizmente esta é a condição dos Italianos e seus descendentes na América do Sul, população desinteressada, inexpressiva e cada vez mais interessada nos processos de cidadania, não para expressão do “jus sanguinis”, mas sim como obtenção de “visto turístico” e facilitações impróprias para quem não conhece sua geografia, sua cultura e o básico do seu idioma.
Não adianta ter “uma Itália fora da Itália” nestas condições e com esta mentalidade oportunista. Realmente este perfil de italianos residentes nas circunscrições externas, não merecem nem a cidadania e nem o direito de voto. Silvana Rizzioli”.