Pavilhão da Defesa Civil em Castel Nuovo di Porto, hoje no início da tarde italiana. (Foto Walter Fanganiello Maierovitch/Insieme)

Brasil, 31%, Argentina 35%. Este foi o índice de participação dos eleitores nos dois países, segundo os primeiros números, não oficiais mas conhecidos, da apuração dos votos colhidos na Circunscrição Eleitoral do Exterior, que estão sendo apurados num pavilhão da Guarda Civil na cidade de Castel Nuovo di Porto, na área metropolitana de Roma.

A apuração propriamente dita somente terá início às 23 horas (hora de Roma), mas, superadas os problemas de falta de pessoal que retardaram um pouco os serviços, o primeiro envelope, por volta das 21 horas (17hs no horário do Brasil) já tinha sido aberto permitindo ter uma ideia do número de votantes. Segundo o candidato Daniel Taddone, que está na Itália acompanhando o escrutínio, no Brasil, teriam retornado aos consulados 110 mil envelopes votados, enquanto na Argentina, 249 mil.

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Segundo informa a Insieme o também candidato Walter Fanganiello Maierovitch – desde o início da tarde era muito grande a movimentação de pessoas, candidatos e autoridades nas imediações do local da apuração, a tal ponto de serem necessárias três horas para percorrer um percurso de cerca de 30 quilômetros.

Já de início, o destaque, além da baixa participação dos eleitores, é o alto número de votos anulados. Segundo Fanganiello, na primeira fase, que é a de verificação formal, “fala-se em 30 por cento de anulações”.  E isso, segundo ele, “porque os eleitores não colocaram no envelope a  certidão de verificação (o “tagliando”)”. Os que colocaram a folha inteira do “tagliando” no envelope de devolução do voto foram validados, “mudando a jurisprudência”, segundo observa Fanganiello.

Algumas informações que passaram a circular pelas redes sociais procuram explicar, em parte, os baixos índices de participação, pelo menos no Brasil, como vinculados a deficiências dos serviços dos correios. Com efeito, enquanto as urnas já estavam sendo transportadas para Roma, no dia 2 ainda existiam eleitores recebendo o envelope eleitoral para votar. O fato é narrado pela presidente do Comites – Comite degli Italiani all’Estero, Rosalina Zorzi, do Rio Grande do Sul, que teve nove de seus parentes, já eleitores de outras vezes, que não receberam o envelope para votação. Um de seus parentes recebeu o envelope no dia 2 “e agora há pouco recebi duas propagandas eleitorais de candidatos; se dependesse delas… (ela contava isso no dia 3).

Rosalina Zorzi, presidente do Intercomites Brasil, e o atraso dos envelopes eleitorais. (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

Segundo Zorzi “este problema vai continuar enquanto cada Consulado fizer contrato com agências dos correios com pouca capacidade de processamento das postagens”, opinou ela que é, no momento, também a presidente do Intercomites – Brasil. “Para mim – aduziu – isto devia ser a nível de Embaixada com ECT.  Pelos emails recebidos, muitos foram buscar os envelopes nos correios porque não tinha ninguém em casa nas vezes que os correios tentaram entregar. Isto fez com que os envelopes não chegassem com o voto a tempo”.

Zorzi observa ainda que “tem que considerar que muitos cidadãos não vão diariamente aos correios. Vão uma vez por semana. Moram no interior, longe da agência dos correios, ou trabalham e não tem ninguém em casa para receber as correspondências. Não foi considerado este tempo adicional certamente”, raciocina ela. Relatos semelhantes, de entrega muito atrasada das correspondências eleitorais, são encontrados nas redes sociais.

Outro motivo apontado para a baixa participação estaria nas listas oficiais  de eleitores fornecidas pelo Ministério do Interior italiano, em descompasso com as listas consulares. Além da “exclusão” de nomes (calculados em 30.000 em todo o Brasil) de eleitores que já votaram em outras eleições, há problemas com endereços. Só no Rio Grande do Sul, segundo Rosalina Zorzi, teriam retornado cerca de 8.000 envelopes por deficiência de endereço ou endereço errado.