(Português BR) A Itália além fronteiras: Desafios e oportunidades de uma nação diaspórica, segundo Raffaele Marchetti

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Em entrevista exclusiva à Revista Insieme, Rafaelle Marchetti, da Universidade Luiss, em Roma, abordou a realidade e as potencialidades de uma “Itália diaspórica”. Em sua visão, a Itália enfrenta o desafio de redefinir sua identidade nacional, considerando não apenas os menos de 60 milhões de habitantes em seu território mas também os mais de 150 milhões de pessoas de origem italiana espalhadas pelo mundo.

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Marchetti (ele é vice-reitor para assuntos internacionais da  Libera Università Internazionale degli Studi Sociali Guido Carli) propõe uma mudança de mentalidade para reconhecer uma Itália integrada, ou “nação diaspórica”, incluindo ítalo-brasileiros, ítalo-argentinos e ítalo-americanos, numa rede global que valorizasse tanto as contribuições culturais quanto econômicas dessa população dispersa.

O vice-reitor destacou a existência de um tecido social riquíssimo e frequentemente esquecido que liga os descendentes de italianos à sua terra natal, através de visitas, contatos culturais e negócios. Ele criticou a falta de políticas consistentes ao longo da história para valorizar a emigração italiana e sublinhou a necessidade de políticas que fortaleçam esses laços.

Marchetti também mencionou o reconhecimento do direito de voto aos italianos no exterior como um avanço, mas ressaltou que muitos enfrentam dificuldades burocráticas para obter o reconhecimento da cidadania italiana ‘iure sanguinis’. Além disso, ele mencionou como positiva a iniciativa do “turismo delle radici” (turismo das raízes) do Ministério das Relações Exteriores e e disse que a própria Luiss instituiu bolsas de estudo destinadas a estudantes de origem italiana.

No cenário político, o professor reconheceu a existência de resistências internas, atribuindo-as a uma visão paroquial que vê os descendentes de italianos mais como um fardo econômico do que como uma potencial riqueza.

Marchetti enfatizou a importância de campanhas de conscientização para mudar essa percepção e promover uma integração mais eficaz. A conversa com Marchetti não só iluminou os desafios enfrentados pela Itália em relação à sua diáspora, mas também reforçou a ideia de que a identidade italiana pode transcender as fronteiras geográficas, abraçando uma nacionalidade mais inclusiva e diaspórica.

O tema será aprofundado na edição 297 (junho) da Revista Insieme que vem tratando desse assunto em outras edições, em contraposição às correntes que se opõem ou ignoram a “Itália que existe fora da Itália”. A entrevista foi concedida no último 07/04.