u CURITIBA – PR – “Eu só tenho uma resposta para o Petruzziello: “Quousque tandem abutere Petruzziello patientia nostra?” (Até quando, enfim, Petruzziello, abusarás de nossa paciência?”. Dessa forma citando trecho de um célebre discurso de Cícero contra Catilina, reagiu o candidato ao Senado italiano na chapa do ítalo-argentino Ricardo Merlo, Itamar Benedet, de Criciúma-SC, dando seqüência, assim, à polêmica iniciada nesta reta final da campanha para as eleições parlamentares italianas, em que o tema da instalação de um Consulado Geral em Santa Catarina tomou corpo. Tanto Benedet quanto Petruzziello são candidatos ao Senado – o último na chapa encabeçada pelo também ítalo-argentino Luigi Pallaro.

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Benedet anexa uma carta escrita em italiano, datada de 03.05.2000, endereçada a diversas autoridades, entre elas o então presidente Azeglio Ciampi, em visita pelo Brasil, onde os catarinenses pedem a instalação de um Consulado Geral Italiano em seu território. Irônico, Benedet observou que “talvez o deputado (‘l’onorevole’) Petruzziello não sabe ler em italiano”. E prossegue, observando que: “Infelizmente o assessor jurídico do Consulado não tenha interpretado muito bem esta carta em anexo, enviada ao Presidente da República Italiana, assinada por 3.174 cidadãos catarinenses”.

Da carta endereçada a Ciampi foram, na época, cópias para os presidentes das Regiões do Vêneto e da Lombardia, à Embaixada da Itália em Brasília, ao Consulado Geral da Itália em Curitiba e aos membros do CGIE – Conselho Geral dos Italianos no Exterior. Escrita originariamente em língua italiana, a carta que encabeça o abaixo-assinado com as 3.174 assinaturas, tem o seguinte teor:

“Excelentíssimo Senhor Presidente. Agradecemos, enquanto nos alegramos pela sua visita ao Brasil, país que, com os seus 25 milhões de oriuntos italianos, representa o primeiro país italiano fora do território nacional.

Temos perfeito conhecimento que sua visita não será apenas uma ocasião de encontro com as autoridades brasileiras, mas também uma tomada de consciência da profunda presença italiana no País.

Por este motivo, é nosso dever lhe informar de algumas graves dificuldades que os oriundos italianos encontram na representação do governo italiano.

Esta carta lhe é endereçada por um grupo de pessoas residentes em Criciúma, cidade na qual a presença dos oriundos italianos é em torno de 60% do total de 180 mil habitantes.

É um caso que assinalamos não como fato isolado, mas realidade de Santa Catarina, Estado no qual o preso da origem italiana está situado em torno de três milhões sobre um total de cinco.

O consulado italiano ao qual estamos ligados é aquele de Curitiba, capital de um outro Estado, Paraná.

É grande a solicitação em Santa Catarina de ver reconhecido um direito fundamental previsto pela lei italiana, aquele de cidadania. E assim começa uma longa fila.

Diante de uma legítima reivindicação, encontramos uma estrutura consular que não tem condições de satisfazê-la, a não ser em mínima parte. Não se fala de atrasos de alguns meses, mas de diversos anos. Entre aqueles que assinam esta carta existem pessoas cujo requerimento perante o Consulado foi feito há mais de seis anos, enquanto a média para nós está em aproximadamente quatro.

É uma situação profundamente injusta e inaceitável, que lhe assinalamos com força para que se faça intérprete perante o Ministro Dini de uma urgente revisão da rede consular deste País, por um lado reforçando as estruturas que no Brasil estão muito defasadas relativamente a outros Países, de outro lado aumentando o número dos consulados.

Para acabar com esta fila enorme, pedimos que o Estado de Santa Catarina se torne sede de um novo Consulado italiano, enquanto nos sentimos seguros da máxima ajuda de Sua parte.”