Foto Desiderio Peron / Arquivo Insieme

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A deputada Renata Bueno: “A pré-inscrição eleitoral por parte do cidadão foi uma exigência que surgiu da necessidade do Governo Italiano tornar operativa a maquina eleitoral num curto prazo”.

CURITIBA – PR – Respondendo a perguntas que lhe foram encaminhadas no dia 6 de setembro, a deputada Renata Bueno confirma sua participação nas eleições dos Comites através do movimento que criou denominado “Passione Italia”. “Acho de fundamental importância que um processo seja o quanto mais democrático possível e isso não podia acontecer levando às eleições uma única chapa”, disse a parlamentar, em referência à lista organizada na circunscrição do Paraná e Santa Catarina reunindo as diversas tendências que até então gravitavam em torno do Comites regional, tendo na liderança o atual conselheiro do CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, Walter Antonio Petruzziello.

A parlamentar não nominou, mas conforme a redação de Insieme pode apurar, a lista formada sob sua inspiração tem na cabeça a vice-governadora eleita do Paraná, Cida Borghetti.
A eleição para os Comites – Comitati degli Italiani all’Estero em todo o mundo acontecerá no dia 19 de dezembro. Como é por correspondência, o voto dos eleitores precisa ser postado antes dessa data para que chegue tempestivamente às sedes consulares. Além disso, somente poderão votar os eleitores que, mesmo inscritos no Aire (registro oficial dos eleitores italianos no exterior), demonstrem essa vontade até o dia 19 de novembro próximo, mediante o preenchimento de uma ficha com dados pessoais que precisa ser encaminhado aos consulados acompanhada da fotocópia de um documento pessoal.

Renata Bueno considera, como outras lideranças ouvidas por Insieme, que  este critério imposto pelo Parlamento italiano do qual ela faz parte “baixará a participação dos cidadãos a níveis sem precedentes”.  Mas, segundo ela “esta pré-inscrição tem também a função de medir o grau de envolvimento da comunidade dos ítalo-descendentes na vida pública italiana”.

Nessa entrevista, a parlamentar fala sobre os objetivos do movimento que criou, sobre algumas propostas ou bandeiras que defende para o Comites e, também, sobre o objetivo de superar a Argentina em número de eleitores. “Resolver a fila da cidadania é realmente o objetivo número 1, porque sem cidadania não há deveres e direitos”, diz a deputada. Confira a entrevista, na íntegra: 

Como vê, pessoalmente, essa exigência da pre-inscrição eleitoral para a eleição dos Comites?
A pré-inscrição eleitoral por parte do cidadão foi uma exigência que surgiu da necessidade do Governo Italiano tornar operativa a maquina eleitoral num curto prazo. Baste pensar que as eleições foram anunciadas no dia 19 de setembro e que até poucos dias atrás o legislativo ainda estava trabalhando nas mudanças da Lei 286/2003 e do seu regulamento de atuação, o DPR 395. O motivo para o Governo Italiano decidir realizar as eleições dos Comites ainda dentro deste ano foi a necessidade de utilizar as verbas destinadas com vencimento no final de 2014. Por sua vez, a exiguidade destes recursos resultou na necessidade de agilizar o processo eleitoral, limitando as gravosas despesas decorrentes do envio dos envelopes eleitorais para todos os cidadãos italianos espalhados no mundo. Vale lembrar que no mundo inteiro existem 124 Comites, distribuídos em 38 países do mundo.  Embora a necessidade de poupar a despesa pública é um fato imprescindível  e compreensível num país que continua em crise, trata-se de uma atuação incompleta da democracia. De fato é claro que esta pré-inscrição tem também a função de medir o grau de envolvimento da comunidade dos ítalo-descendentes na vida pública italiana. Segue a absoluta necessidade de alcançar o número máximo de inscrições, demonstrando para o Governo italiano quanto importante é para nós, oriundi com cidadania, a participação na vida política, cultural e social da Itália.

Concorda que ela pode baixar o índice de participação a níveis sem precedentes? Também concorda que, dependendo do índice de participação dos eleitores, isso pode ser o começo do fim… do CGIE e dos Comites e, quem sabe, da Circunscrição Eleitoral do Exterior?
Com certeza absoluta este critério baixará a participação dos cidadãos a níveis sem precedentes. O cidadão não se limita a receber em sua casa o envelope para votar, mas deve ter uma postura ativa: entrar no site do Consulado, procurar as informações e baixar o módulo com que manifesta seu interesse em receber este envelope em casa. Isso, já por si, reduz drasticamente o nível de participação de muitos cidadãos que, por exemplo, não acessam a internet ou que não tem uma sede consular por perto. Mas o fator que mais reduzirá a participação a estas eleições será o baixo nível de informação sobre elas, devido ao breve prazo com que ocorrerão e ao fato que não há eleições desde 2004. Por isso, é nossa obrigação fazer tudo o que for ao nosso alcance para limitar a falta de participação. Eu estou me mobilizando muito neste sentido.

Como pretende participar das eleições: formando e incentivando a formação de chapas, apenas apoiando chapas que se inscrevam? Ou será candidata pessoalmente em alguma delas?
Achei importante dar minha contribuição nestas eleições, tanto divulgando-as quanto incentivando a formação de chapas. A este fim, usei a newsletter e todas minhas redes sociais para informar o maior número de pessoas sobre a necessidade de se manifestar como eleitor e também sobre a oportunidade de se candidatar como membro Comites. A participação ativa é fundamental também para despertar o interesse dos demais em votar.
Quis entrar em primeira pessoa incentivando, por exemplo, a formação de uma lista inteira na circunscrição eleitoral à qual pertenço. Na circunscrição de Paraná e Santa Catarina tinha sido proposta uma única chapa, formada por pessoas muito competentes e que estão envolvidas na vida pública desde muito tempo. Acho de fundamental importância que um processo seja o quanto mais democrático possível e isso não podia acontecer levando às eleições uma única chapa. Também achei importante fazer com que novas pessoas, e também competentes, se interessassem em fazer parte deste importante órgão. Foi por isso também que não entrei pessoalmente em nenhuma delas, me limitando a incentivar a formação de uma outra chapa.

Qual seria uma eventual linha de atuação de Comites sob sua inspiração ou liderança?
A lista que disputa as eleições na circunscrição PR e SC leva o nome do movimento que acabei de lançar: “Movimento Passione Italia”. Sei que ontem ela foi formalmente aprovada pelo recém formado Comitê Eleitoral Circunscricional do PR e SC. Se tivesse que escolher uma fórmula para definir a linha de atuação da chapa seria: renovação dos laços entre Itália e Brasil.
Além do sempre válido e prioritário dever de contribuir à melhoria dos serviços consulares e à diminuição da fila, a lista Movimento Passione Italia tem propostas inovativas. No primeiro sentido, ela apoia a criação de um Fundo Especial de forma que as verbas arrecadadas com a cidadania não entrem no Tesouro do Estado italiano, mas permaneçam nas próprias sedes consulares que oferecem o serviço, objetivando aumentar sua eficiência. Como parlamentar estou batalhando para sua realização, tanto que no apenas passado dia 23 de outubro fiquei bem feliz em saber que o Governo deu uma nota positiva ao ordem do dia por mim proposto. Cito mais algumas das propostas da lista: trabalhar na criação, promoção e viabilização de projetos de intercâmbio cultural, educacional e de qualificação profissional; suportar os novos imigrantes; resgatar as festas populares em Santa Catarina assim como replicar o Festival “Mia Cara Curitiba” para as outras regiões; promover o relacionamento entre entidades e empresas italianas e brasileiras, favorecendo assim suas atividades no exterior e desenvolvendo iniciativas que as valorizem.

O movimento que está criando “Passione Italia” tem algo a ver com estas eleições e quais serão suas metas?
Tenho em mente a ideia de criar um movimento desde minha eleição. Na realidade, fui convidada a entrar no USEI, a lista com que fui eleita, pouco antes das eleições parlamentares do início de 2013. Depois de ter sido eleita na Câmara dos Deputados, decidi me inscrever no chamado “Grupo Misto”. Estou convencida que o fato de ser independente e de não me inserir em nenhum partido político faz com que eu possa defender melhor os interesses dos ítalo-descendentes. Mesmo assim, acho importante promover um movimento com que me identifique e em que espero que se identifiquem muitos ítalo-descendentes: “Movimento Passione Italia”. Estas eleições foram a primeira oportunidade de lançar este movimento que pretende reunir todos os oriundi e os italianos residentes na América do Sul (sempre mais numerosos) na paixão comum pela Itália, na defesa dos seus interesses e na promoção de suas iniciativas.

Tem falado em aumento do número de eleitores e até sugerido que brevemente superaremos a Argentina. Mas, para isso temos que superar esse contencioso da “fila das cidadanias”. Como acha que isso pode ser resolvido?
Resolver a fila da cidadania é realmente o objetivo número 1, porque sem cidadania não há deveres e direitos. Embora o número dos oriundi que se tornam cidadãos esteja crescendo constantemente, a fila é ainda longa, são ainda muitos os que permanecem na espera de ver seu direito realizado. Infelizmente, a maquina consular é limitada, devido também aos cortes decorrentes da grave crise econômica, para atender todos os pedidos. Porém, a Itália é também um dos poucos países que concede este direito sem limite de geração, de idade e que não pune as famílias em que houve intervalos na transmissão de cidadania de uma geração para outra. De qualquer forma, faz parte dos meus objetivos contribuir na resolução desta questão e fazer com que o número dos italianos na América do Sul aumente consideravelmente, e que o Brasil possa superar a Argentina. Uma minha proposta muito importante neste sentido foi a criação de um Fundo Especial, como ilustrado na pergunta acima.

Se foi formalizada chapa, e qual a composição, às eleições do Comites PR/SC e, eventualmente, em outras circunscrições.
Ontem, dia 29, foi formalmente aprovada pelo recém formado Comitê Eleitoral desta Circunscrição a chapa que incentivei e que apoio. A lista Movimento Passione Italia conta com 15 candidatos, sendo chefiada pela deputada Cida Borghetti, muito ligada à cultura italiana e politicamente envolvida com o país da Bota. Além de ter sido membro Comites durante os últimos 10 anos, ela faz parte do grupo inter-parlamentar Itália-Brasil. Os outros candidatos são os italianos Marcello Ramella, Vincenzo Cortese em Curitiba e a muito jovem Valentina D’Orazio em Londrina, os dois representantes da italiana e culturalmente rica região de Santa Catarina que tem Criciúma como pólo central, Antonio Fachin Filho e Sandro Giassi Serafin, o jovem advogado e professor Rodrigo Pironti na capital paranaense, a experiente e ativa jornalista Delise Guarienti em Pato Branco, representando a importante região sudoeste, o jovem empresário Roberto Castagnaro em Camboriú, o deputado Vicente Caropreso em Jaraguá do Sul. Em Curitiba, a lista conta ainda com duas mulheres, Marcia Malucelli e Luciana Casagrande Pereira e dois advogados, o jovem Julio França Tetto e o mais experiente Antonio Carnasciali Goulart.
Em outras circunscrições o Movimento Passione Italia não lançou uma chapa inteira mas se limitou a apoiar algumas pessoas dentro de listas que levam outros nomes. Lembro só alguns, como o Dr. Francisco Morelli em Porto Alegre, Frederico Cianni, Enrico Bruno e Eliane Starling em Brasilia, a jovem Camila Massarelli em São Paulo, Alfredo Apicella no Rio de Janeiro e Fernando Fabbrini em Minas Gerais.