CURITIBA – PR – Mais de três meses após a Acirs – Associação Beneficente e de Assistência Educacional do Rio Grande do Sul ter formulado dramático apelo por sua sobrevivência como entidade gestora de cursos e cultura italiana, não se tem conhecimento de nenhuma reação das autoridades italianas. Também não há notícia de qualquer ação consistente dos organismos que representam a comunidade ítalo-brasileira em socorro da entidade que corre o risco de fechar suas portas depois de ter visto passar por suas salas de aula mais de 100 mil estudantes de língua italiana desde que iniciou seu funcionamento, em 1991.

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O apelo – na verdade uma denúncia – foi feita pelo presidente do Comites – Comitato degli Italiani all’Estero do RS, Adriano Bonaspetti, durante a conferência da América Latina do CGIE – Conselho Geral dos Italianos no Exterior, realizada em Curitiba-PR, no início de abril. No encontro, além dos conselheiros do CGIE, estavam presentes os deputados Fabio Porta e Renata Bueno, e os senadores Fausto Longo e Claudio Zim, da Argentina.

Segundo Bonaspetti, a visão errada e burocrática do MAE – Ministero degli Affari Esteri está levando a Acirs à falência. É algo “escandaloso” e que “penaliza toda a grande comunidade ítalo-descendente do Estado”, calculada em cerca de três milhões de habitantes. O fato de a entidade ser formada pelas associações, segundo Bonaspetti, coloca o MAE em contraposição direta com as associações de todo o Rio Grande do Sul, mas as “vítimas são, principalmente, as crianças”.

Segundo a atual presidente da Acirs – Denise Mirela Riboni, que também esteve presente na assembléia do CGIE – semestralmente passam pelas salas de aula cerca de oito mil alunos, enquanto seis mil crianças frequentam normalmente o curso de italiano na rede escolar, sem custo algum.

A crise em que mergulhou a Acirs – embora de forma diferenciada – também atinge os demais chamados “entes gestores” do sistema de ensino da língua italiana no Brasil que recebem algum tipo de subvenção do governo italiano desde que foram organizados. O CCI, no Paraná; a Fecibesp, em São Paulo; a Alcies, no Espírito Santo, são exemplos disso e todos eles poderiam se enquadrar em alguns dos tópicos do argumento usado pelo senador Fausto Longo para justificar seu projeto de lei para a inscrição na Constituição Italiana artigo de proteção e reconhecimento da língua italiana como oficial da Península. No vídeo (registrado dia 10 de abril último) que postamos, Bonaspetti e Riboni falam sobre o tema.