A COMUNIDADE ITALIANA QUESTIONA, COM RAZÃO, AS DISPARIDADES NO TRATAMENTO DADO AOS ÍTALO-BRASILEIROS”.

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CURITIBA – PR – “De alma positiva” e “sem tempo para intrigas”, “um cidadão extremamente comprometido com os valores sociais”. Assim se auto-define o advogado Luis Molossi, candidato nas próximas eleções italianas a uma das quatro cadeiras da América do Sul na Câmara dos Deputados da Itália pelo Maie – Movimento Associativo Italiani all’estero, liderado pelo ítalo-argentino Ricardo Merlo.

Molossi já foi candidato ao mesmo posto nas eleições anteriores, quando obteve 6.500 votos, mas “adesso tocca a noi”, segundo diz, repetindo um dos slogans da campanha dos candidatos ‘brasileiros’ na chapa de Merlo. Ele acredita que com a parceria Molossi-Petruzziello, que vislumbra na próxima legislatura no Parlamento Italiano, “a fila da cidadania irá acabar e, então, o Brasil será maioria (eleitoral – NR) na América Meridional, levando-nos ao lugar principal da discussão sobre as políticas para os italianos aqui residentes”.

Conselheiro do Comites – Comitati degli Italiani all’Estero para o Paraná e Santa Catarina, Luis Molossi tem uma vida muito parecida com a da maioria dos descendentes de imigrantes italianos da grande diáspora. Ele é natural de Nova Bassano-RS e costuma dizer não ser “italiano importado”, mas tendo que ganhar a vida desde cedo, “vivi na própria pele as dificuldades de ser ‘colono’, de aprender de novo a falar com dois ‘erres’, de passar pela difícil fase de sair de casa com 14-15 anos para ganhar a vida sozinho”.

Citando ensinamentos que diz gregos, ele justifica as posições políticas do Maie que, aliando-se à UDC de Pier Ferdinando Casini, “tornou-se o braço “all’estero” das forças de centro: “la via di mezzo è sempre la migliore”. Para Molossi, “isso nos motiva ainda mais na construção de uma importante opção política para as próximas eleições, já que o Maie questiona se os problemas dos italianos no exterior têm inclinações de direita ou esquerda”.

Confira a entrevista que Molossi concedeu ao editor da revista Insieme:

Luis Molossi por Luis Molossi:

Um cidadão extremamente comprometido com os valores sociais. Simples, idealista e solidário. De alma positiva, não tenho tempo para intrigas, gosto de eventos festivos e culturais, incentivando e divulgando as tradições italianas, das quais muito me orgulho. Sou pai de uma linda família, advogado atuante em Curitiba e Região Sul do Brasil, membro do Comites PR/SC, Consultor Vêneto da Favep (Federação das Associações Vênetas do Paraná) até 2015, colaborador da Revista Insieme há mais de 4 anos e participativo nas mais diversas associações e eventos em prol dos ítalo-descendentes em todo o Brasil e pelo mundo afora.

Também sou Contador, atuando firme nas duas profissões. Trabalho muito, sem medo e sem recuar jamais nos meus ideais. Sempre oriento e não cobro nada para ajudar na obtenção dos direitos dos ítalo-brasileiros relativos à cidadania, estando sempre disposto a ouvir e resolver os problemas das pessoas que tem dificuldades no exercício de seus direitos. Uma vez eleito Deputado no Parlamento Italiano poderei ser muito mais atuante e eficaz neste sentido.

Que motivações o levaram candidatar-se?

O convite que me foi feito para participar do Movimento Associativo ‘Italiani All’Estero’, capitaneado pelo deputado Ricardo Merlo, veio ao encontro de todos os meus projetos, tornando-me um dos seus fundadores. A candidatura ao Parlamento Italiano nas eleições de 2.008 foi um passo importante na minha trajetória, tendo recebido 6.500 votos, o que me colocou na suplência e me estimulou ainda mais a continuar atuando de forma contundente em prol da comunidade italiana. Trabalho com empresários italianos que investem no Brasil e falo de coisas concretas, realizadas, experiência de fazer, na economia real e não no discurso, na fantasia, nas promessas e demagogia. Tenho atuado muito com os jovens, em projetos que visam a sua inserção no Sistema Itália e todos os benefícios econômicos, sociais e culturais, especialmente nos acordos que temos com a Regione Vêneto. Depois de tudo disso vem a política – e não o contrário – e é esta experiência que deve ser colocada a disposição do eleitor.

Por qual razão escolheu o Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero?

A partir de 2010 fiz um mea culpa e entendi que sem um parlamentar eleito no Brasil, o Maie não teria sentido e expus isto ao nosso Presidente. O resultado daquela minha postura foi a mobilização de todas as forças ligadas ao associativismo – antes divididas em dois grupos – estarem agora no mesmo projeto, com a adesão recente de figuras importantes deste meio como Claudio Pieroni e Natalina Berto em São Paulo, Walter Petruzziello no Paraná, Adriano Bonaspetti no Rio Grande do Sul, além de outras importantes adesões na Venezuela, Peru, Uruguai e Paraguai, como se confirmou no último congresso (IV Congresso Nazionale Maie Brasile), realizado em 01 e 02 de setembro de 2.012, em Curitiba, sob nossa coordenação. Ainda em 2012, no mês de março, tivemos a oportunidade de participar de Congressos do Maie na Austrália (Adelaide, Melbourne e Sydney) como representante do Maie Brasil, além do encontro com o líder da UDC Pier Ferdinando Casini, em maio de 2012, em Buenos Aires, onde confirmamos a coligação com este importante grupo político de centro nas questões de interesse de todos os italianos. Assim, o Maie tornou-se o braço “all’estero” das forças de centro – que nos ensinamentos dos gregos, são sempre a melhor via (“la via di mezzo è sempre la migliore”) – e isso nos motiva ainda mais na construção de uma importante opção política para as próximas eleições, já que o Maie questiona se os problemas dos italianos no exterior têm inclinações de direita ou esquerda, respondendo a alguns críticos de plantão.

O advogado Luis Molossi, candidato ao Parlamento Italiano pelo Maie (Foto Divulgação)

Como analisa o desempenho dos parlamentares eleitos pela circunscrição exterior até aqui?

Todos sabem que os votos do exterior foram decisivos para a formação do Governo Prodi em 2006. Era de se esperar acertos e erros, pois se tratou de uma experiência inédita. Posso dizer que o Merlo está sendo muito atuante, não se furtando às suas responsabilidades, superando qualquer expectativa, mesmo com as críticas de que não se consegue nada de concreto sendo minoria. O mesmo acontece com os representantes eleitos no exterior pelos demais “partidos tradicionais”, que nada de concreto puderam apresentar até o momento. Além do mais, estes devem seguir a cartilha do partido e votar de acordo com a orientação, muitas vezes contra os interesses de quem os elegeu como acontece frequentemente. Nós, ao contrário, falamos e encontramos pessoalmente nosso Presidente. De qualquer modo, acho positivo, pois finalmente as discussões chegam mais vivas ao CGIE (Consiglio Generale degli Italiani all’Estero – NR), aos Comites (Comitadi degli Italiani all’estero – NR) e até à própria comunidade, mas ainda há muito que fazer e o Maie deve crescer ainda mais para ter esta força.

Que problemas entende específicos da comunidade ítalo-brasileira?

Quando se fala em eleições, uma grande parte dos italianos residentes no exterior não sabe bem do que se trata e ainda serão necessários muitos anos para que isso mude. Creio na revitalização dos Comites e do CGIE, pois, com apenas dois senadores e quatro deputados, muitos líderes capazes e preparados ficarão de fora, mas continuarão dando sua contribuição à política em seu território e com sua comunidade, como está acontecendo agora. No Brasil todos falavam em “unir as forças” politicamente, mas somente se isso lhes for favorável, sem risco de perder terreno. O nosso colega e candidato ao Senado, Walter Petruzziello, em sua entrevista publicada em 10/01/2013, faz uma análise da situação deficiente da estrutura consular, que não pretendo reproduzir aqui, mas é o maior entrave atual: a longa espera para o reconhecimento da cidadania italiana, que pode superar uma década. Com a continuidade do nosso trabalho – a parceria Molossi e Petruzziello, que será confirmado a partir da próxima legislatura no Parlamento Italiano – a fila da cidadania um dia irá acabar e, então, o Brasil será maioria na América Meridional, levando-nos ao lugar principal da discussão sobre as políticas para os italianos aqui residentes. Importante é lembrar que deve existir uma legitimidade na cidadania, com direitos sim, mas também com o comprometimento dos novos cidadãos no que concerne aos deveres dela decorrentes.

Como imagina sua atuação no Parlamento Italiano?

Em toda a minha vida trabalhei com tenacidade e diplomacia para alcançar objetivos que favoreçam a todos.

Esta energia “do bem” me acompanha desde os primeiros passos em Nova Bassano-RS. Desde o berço vivi as dificuldades dos imigrantes conhecendo-as a fundo. Não sou “italiano importado”, tendo que ganhar a vida desde cedo, vivi na própria pele as dificuldades de ser ‘colono’, de aprender de novo a falar com dois ‘erres’, de passar pela difícil fase de sair de casa com 14/15 anos para ganhar a vida sozinho, morando longe dos pais e sem ajuda de ninguém, a não ser o abrigo e carinho dos irmãos mais velhos. Com minha longa experiência de 25 anos como profissional do Direito, sempre fui muito exigido em questões difíceis, que envolvem muito conhecimento, parcimônia, gerência de conflitos, onde sempre estive do lado da justiça, ou melhor, do que é justo! Não é por acaso que tenho o respeito e a confiança de muitas pessoas, em todos os campos em que atuo, além do Direito, na Favep como Consultor Vêneto do PR, no Comites, na Comissão Jovem do Comites, no Centro de Cultura Italiana e tantos outros. Seremos militantes da luta por direitos iguais para todos, da manutenção do senso de pertencimento e da solidariedade que temos no sangue e nos distingue de outros povos, permitindo que, vivendo como cidadãos do mundo, nunca percamos nosso vínculo com a nossa Pátria Mãe.

Outras considerações que queira fazer:

A comunidade italiana questiona, com razão, as disparidades no tratamento dado aos ítalo-brasileiros. Estamos sofrendo reduções constantes nos recursos disponibilizados para a língua e a cultura. Tivemos algumas melhorias nos números das cidadanias concedidas nos últimos anos, mas ainda falta muito a ser feito e não podemos deixar de cobrar que este direito seja estendido a todos os ítalo-brasileiros que o desejam. O futuro depende dos Jovens. É imprescindível apoiar suas iniciativas, responder seus questionamentos e dar condições de materialização de seus objetivos. Agora estamos na expectativa de uma nova eleição para o Parlamento Italiano e, quem sabe o Maie Brasil tenha, finalmente, um ou, por que não, dois representantes eleitos. Assim é que lanço um desafio a todos os ítalo-brasileiros de eleger um “oriundo” legítimo, que conhece a história porque a vive diariamente. Vamos em frente, trabalhando firme, já que “Adesso tocca a noi – Maie Brasile”. Mais informações sobre o candidato, em seu site pessoal