CURITIBA – PR – Um “golpe”. Esta é a definição até aqui conhecida para o que aconteceu no Senado da República Italiana, no correr da semana que se finda: Ao aprovar (dia 28, 153 votos contra 136) o princípio do “Senado Federal”, com 250 cadeiras, a maioria dos atuais senadores extingiu também a representação dos italianos no mundo, hoje traduzida na eleição de seis senadores.
“Golpe” foi o termo usado pela senadora Mirella Giai, coordenadora para a América Latina do Movimento Associativo Italiani all’Estero – Maie, do ítalo-argentino Ricardo Merlo, e “golpe” também é o termo que está sendo usado pelos deputados eleitos pelo Partido Democrático, entre eles, Fabio Porta. Também os representantes da UDC – Unione dei Democratici Cristiani e di Centro, de Pier Ferdinando Casini, reprovaram o “ato gravíssimo” que “tira de tantos cidadãos italianos no mundo o direito de serem representados”.
“O voto do plenário do Senado – disse a senadora Giai, eleita no exterior – coloca fim, com uma simples votação paralamentar, decênios de reivindicações e de empenho de milhões de concidadãos no exterior que tinham encontrado uma adequada representação nas sessões parlamentares”. “É um retrocesso para a democracia italiana”, disse ela.
Se prevalecer o texto aprovado que modifica a Constituição Italiana, e se for mantida a Circuncrição Eleitoral do Exterior, deverão ser eleitos apenas deputados, frustrando candidaturas já em andamento, como a do conselheiro do CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, Walter Petruzziello, que articula sair pelo Maie. Petruzzielo não quis comentar a alteração, apenas distribuiu texto, no dia 28, procedente de roma, em que o articulista especulava que a mudança poderia fazer parte de um acordo entre o PDL – Popolo della Libertà (de Berlusconi) e Lega Nord (de Umberto Bossi), através do qual seria alterado o texto na Câmara, com a manutenção dos 12 deputados eleitos no exterior (em vez de 8), como uma espécie de compensação pela supressão dos senadores.
Como se sabe, na Itália discute-se a reforma política que, além de nova lei eleitoral, prevê a redução de gastos com a política e aí se inclui também a redução do número de parlamentares.
Para o deputado Fabio Porta, entretanto, tudo não passa de uma manobra da “velha maioria berlusconiana” que, para que tudo fique como está para as próximas eleições, previstas para o início do próximo ano, está disposta a inviabilizar as reformas pretendidas. “Pior ainda – disse Porta -: trata-se de uma manobra de propaganda pre-eleitoral, pois Berlusconi quer fazer ver que, com ele, poderá existir um sistema semi-presidencialista, enquanto a Lega procura ainda uma vez iludir os italianos que é possível construir um Estado Federal… com um Senado Federal”.
Porta não perde a oportuinidade de dizer que ainda uma vez se vê claramente o verdadeiro perfil perseguido em todos esses anos por Berlusconi e por seus aliados de centro-direita, ou seja, a extinção da Circunscrição Eleitoral do Exterior.
“Espero – enfatizou Porta – que os italianos no exterior percebam e se lembrem também disso quando forem votar: Depois de ter imposto aos italianos no mundo os mais pesados cortes orçamentários dos últimos trinta anos, a centro-direita está fazendo de tudo para eliminar a Circunscrição Eleitoral do Exterior e todo o sistema de representação dos italianos no exterior”.
A esperança do deputado Fabio Porta (ele se diz convencido disso) é que essa votação não se repita na Câmara e, assim, tudo volte aos termos do acordo precedente, que prevê a manutenção da Circunscrição Eleitoral do Exterior com uma representação de Deputados e Senadores que (“a meu ver, deveriam continuar a ser 12 na Câmara e 6 no Senado”), se aprovada a redução no número total dos parlamentares, passaria para 8 deputados e 4 senadores.