u BLUMENAU-SC – Na cidade mais alemã do Brasil, um sinal italiano: lideranças da comunidade italiana de Blumenau-SC entregaram formalmente ao prefeito da cidade, João Paulo Kleinubing, o pedido para encaminhamento ao legislativo municipal de projeto de lei instituindo o Dia da Comunidade Italiana de Blumenau. A solicitação já havia sido ensaiada em anos anteriores, mas não logrou resultado. O encontro com o prefeito Klainubing aconteceu dia 13 de junho e ele prometeu dar seqüência ao pedido, assegurando que não vê nenhum problema para a aprovação da lei. A data, segundo a exposição de motivos, seria dia 2 de junho, coincidente com o Dia da República Italiana.
A comissão que foi ao prefeito (composta pelo presidente do Lira-Círculo Italiano de Blumenau, Cacidio Girardi, pelo vice-presidente Arno Berri, pelo conselheiro Décio Moser, pela presidente do Círculo Trentino local, Giovana Panini, pelo presidente do Comites PR/SC, Gianluca Cantoni acompanhado do conselheiro Danil Anesi) formulou também convite ao chefe do Executivo para a abertura da 12ª Festitália, que será dia 24 deste mês (a festa será entre 15 e 24 de julho) nos pavilhões da Proeb. No dia 16 – observaram – no mesmo local será realizado o “maior evento do gênero em todo o mundo”: a assinatura do termo de opção pela cidadania italiana por cerca de dois mil descendentes de imigrantes trentinos. Este é o primeiro passo para o reconhecimento da cidadania italiana por descendentes de imigrantes pertencentes aos territórios do antigo império Austro-Hungárico. Também neste período acontecerá na cidade a I Gincana Trentina do Paraná e Santa Catarina, envolvendo todos os círculos italianos dos dois Estados.
Em informe distribuído na oportunidade, as lideranças da comunidade italiana de Blumenau afirmam que, com base em dados oficiais do IBGE, “mais de 23% da população de Blumenau é de descendência italiana. Esta presença na comunidade reforça a importância de se promover nas escolas públicas e privadas, de educação infantil, ensino fundamental e médio, estudos e trabalhos sobre a grande contribuição dos italianos e seus descendentes para o desenvolvimento da cidade. A expectativa é de que, sendo instituída a data, a comunidade encontrará mais motivos para se orgulhar de suas origens”.
Ainda segundo o comunicado, os primeiros imigrantes italianos no Vale do Itajaí chegaram em 1875, maioria originária do Trentino e da região do Vêneto. “Eles vieram atraídos pelas promessas do Governo Imperial e de comissionados de empresas de colonização que faziam propaganda de um Eldorado, onde todos enriqueciam”. O que o governo, de fato, desejava – acrescenta o comunicado – era ocupar as terras devolutas do Sul do País. Assim, não foi difícil atrair milhares de italianos, como já havia acontecido com os alemães. Ambos os povos passavam por grandes dificuldades econômicas, como desemprego e fome. No caso dos italianos, a situação se agravara em função de um longo e complicado processo de unificação, em que estavam em disputa os interesses de grandes latifundiários.
O documento explica ainda que havia sete Estados sob a tutela do Império Austríaco. Com o crescimento do nacionalismo em que se exigia cada vez mais a unificação, em 1848 o rei Carlos Alberto de Piemonte-Sardegna, declarou guerra à Áustria. A luta foi longa e só no dia 2 de junho de 1870 é que Vittorio Emanuele II, filho e sucessor de Carlos Alberto, o seu primeiro-ministro Cavour e Giuseppe Garibaldi, representante dos Estados do Sul, selaram a Unificação. Em 1871, Vittorio Emanuele II foi coroado Rei de toda a Itália.
É na região do Vale do Itajaí, tendo Blumenau por cidade-pólo, que se concentra a maior comunidade trentina fora da Itália.