Ministro Furlan: Hoje a comunidade italiana pontifica tanto na área politica, como na econômica, acadêmica e intelectual

u  ROMA – ITALIA – No Auditório da Confindustria, presentes os maiores representantes empresarias e institucionais do Brasil e da Itália, o Ministro Luiz Fernando Furlan, na sua apresentação disse:  “Como representante do governo brasileiro e como empresario  dou meus parabens  à iniciativa tomada pelos presidentes da FIESP-FIEMG e da Confindustria. A presença brasileira neste encontro mostra concretamente o interesse que o Brasil tem pela  Itália.

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Hoje temos uma democracia estavél, temos uma inflação que é menor da dos Estados Unidos, com um crescimento razoável da ecônomia mas muito aquém ainda da sua potencialidade, com uma geração muito firme de empregos, a cada mês  temos gerado 108.000 postos de trabalho, isto quer dizer cerca de 5 milhões a cada ano, ao mesmo tempo a dinamica de nosso comércio exterior, graça ao empenho das empresas italianas e brasileiras  nos deu a condição em 4 anos de mais do que dobrar a exportação, passamos de 60 bilhões de dolares em 2002 para cerca de 135 bilhões de dolares neste ano de 2006.

Também as importações dobraram no período, e nesse caso falava com o ministro do Comércio internacional da Itália Emma Bonino e também com o presidente Romano Prodi, que a relação Brasil-Itália não seguia a velocidade  da relação do Brasil com os demais países do mundo, ou seja, a relação entre os nossos dois países perdeu espaço nos últimos 4 anos apesar dos esforços efetuados, este momento é uma oportunidade para que se possa buscar através de entendimentos oportunidades de negócios e de investimentos entre as empresas dos dois países.

Também o risco-país  reduziu-se dramaticamnete nos últimos 4 anos, no final de 2002 a comunidade financeira internacional atribuia ao nosso país um risco acima de 2000 pontos e nesse momento  (outubro 2006) embora muito elevado o risco está ao redor dos 200 pontos, portanto 90% de melhoria, mas  ainda esperamos que nos próximos anos venhamos a ter um risco semelhante ao do Chile ou entre Chile e México.

Importante é porém dizer que nestes últimos  15  anos as tarifas externas para a importação ao Brasil que eram ao redor de 50%  até o final dos anos  ’80, no ano passado (2005) estiveram numa média de 10,5%, portanto o Brasil não é um mercado protegido, a maior tarifa individual para importação é de 35% para alguns poucos produtos.

Ao mesmo tempo o Brasil oferece alternativas no campo da energia limpa, à mais de 3 anos utilizamos os bio-combustíveis e neste momento a indústria automóbilistica brasileira, que neste ano produzirá cerca de 2 milhões de veículos para o mercado interno, destina motores flexíveis que podem utilizar etanol e gasolina, que já equipam cerca de 80% dos veículos novos,  para o mercado interno. Esta revolução é fundamentada em 3  fatores: 1º  Energia limpa, 2º é renovavél, 3º  é mais barata.

A União Europea  tem sido tradicionalmente o maior parceiro comercial do Brasil, ao longo dos anos estava sempre ao redor  de 25% das  exportações brasileiras, na relação comercial também da importação com a UE. Nos últimos anos cresceu fortemente nossa relação com a América Latina, em 2002 as vendas brasileiras para este mercado ultrapassou a exportação para os Estados Unidos, neste ano de 2006 pela primeira vez na história as vendas  do Brasil para  a America Latina será maior que as vendas para a Europa. Grosso modo as exportações brasileiras se dividem em 22% Europa, 23% América Latina, 15% Estados Unidos, 15% Asia, 5% Africa, 5% Oriente Médio e o restante para outros países.

Há uma diversificação muito grande de produtos e regiões, para a Europa ainda predominam os produtos de baixo valor agregado, quando se olham as exportações para a Itália, dos 10 principais produtos 7 são de baixo valor agregado passando por soja, minerios, etc., só para se ter uma idéia da exportação para a França, 38% do total é de soja e seus derivados.

Em relação à America Latina e aos Estados Unidos se dá o inverso, a maioria dos nossos produtos para estes mercados são de valor agregado, no caso dos Estados Unidos o primeiro produto de exportação são as aeronaves, no caso da Itália o primeiro que aparece é de motores, isto se deve provavelmente ao intercâmbio promovido pela FIAT, um dos principais exportadores brasileiros, 92%  da nossa exportação para  a America Latina é de produtos de  valor agregado.

Também é importante dizer que embora o crescimento deste ano do comércio bilateral Brasil-Itália, nos primeiros  nove meses, esteja crescendo ao redor de 10%, está bastante abaixo da média, nos temos um crescimento de 23% da importação e a exportação está crescendo 16%, é um esforço para que possamos estimular as empresas não só para um maior intercâmbio bilateral, mas principalmente com as oportunidades que se apresentarão com a visita do presidente Romano Prodi ao Brasil  no próximo ano, que será também  para estimular joint ventures entre empresas brasileiras e italianas que devem tornar o Brasil uma base de produção de produtos italianos para terceiros mercados além do mercado interno que é muito grande.

Os programas sociais desenvolvidos pelo governo vem resgatando a cada ano 3 milhões de brasileiros do nível da pobreza puxados para o consumo, seguindo e amplificando este ritmo teremos em poucos anos dezenas de milhões de novos consumidores que estarão ávidos por produtos tanto locais como importados.

Acho que não preciso falar das relações culturais e de amizade entre o Brasil e a Itália, mas gostaria de fazer uma consideração que é fruto da minha relação antiga com este país, aqui foi dito pelo presidente Luca di Montezemolo que no Brasil temos 25 milhões de brasileiros de origem italiana, a Itália deveria considerar este largo contingente de cidadãos como um grande ativo, porque eles não são em momento  nenhum um passivo para a Itália. Hoje a comunidade italiana pontifica tanto na area politica, como na econômica, acadêmica e intelectual e este grande ativo italiano que existe no Brasil poderia ser mobilizado para uma nova relação bilateral entre os dois países.

Do lado do governo brasileiro gostaria de dizer que o nosso Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior está completamente aberto para apoiar iniciativas, inclusive no financiamento através do BNDES e de outras instituições”.