Foto Desiderio Peron / Arquivo Insieme

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O presidente do Comites do Rio de Janeiro, Franco Perrotta, anuncia que não será candidato nas próximas eleições.

O PRESIDENTE DO COMITES DO RIO DE JANEIRO ANUNCIA SEU AFASTAMENTO DA POLÍTICA PARA DAR LUGAR A NOVOS INTERESSADOS

CURITIBA – PR – “Acho que qualquer cidadão, mesmo na véspera da eleição, deve ter o direito de ir no consulado e pedir para votar”. A afirmação em socorro aos direitos dos eleitores italianos no exterior é do presidente do Comites – Comitato degli Italiani all’Estero do Rio de Janeiro, Franco Perrotta que, “depois de um ano como secretário, dez como vice-presidente e quase onze anos como presidente” anuncia sua despedida do cargo.

“Antecipo desde já – assegurou ele à redação de Insieme –  que não serei candidato nas próximas eleições. Chegou a hora de sair de cartaz e dar espaço aos que realmente têm interesse em elevar cada vez mais a imagem dos italianos residentes no exterior”.

Perrotta insurge-se, assim, contra as disposições do recente Decreto Lei do Conselho de Ministros, ora em análise no Parlamento, que estabelece um prazo de 50 dias (há propostas para reduzir para 30 dias) antes das eleições para que os cidadãos inscritos no Aire – o serviço de registro dos eleitores italianos residentes fora da Península – comuniquem os consulados de sua jurisdição que pretendem votar. Somente a estes será enviado o material eleitoral para o exercício do voto por correspondência.

As eleições deverão ser realizadas até o final de dezembro próximo, mas até o momento não foi fixada ainda uma data. Segundo o mesmo Perrota, se até o dia 8 de outubro o Parlamento não transformar o Decreto Lei em lei, as eleições ficariam, seguramente, para março do próximo ano.

Em relação à formula adotada para a próxima eleição, Perrotta diz estar “de acordo com a colega Rita Blasioli”, que defende o sistema estabdeleceido. “Devem votar realmente aqueles que manifestam esta vontade – complementa Perrota, aduzindo: “Para ter uma ideia, em todas as eleoções realizadas até hoje, a média na nossa circunscrição nunca chegou a 20%. Imagina o desperdício de dinheiro”.
Mas além do eleitor poder ir ao consulado a qualquer momento e solicitar o material para votar, Perrota defende também a instalação de “seções eleitorais nos consulados e sedes de vice-consulados”, deixando claro que as pessoas que trabalhassem no processo fariam isso de forma voluntária, isto é, “nonguém receberá para trabalhar, nem presidente nem mesários”.

Com relação à sua própria sucessão, o presidente do Comites do Rio de Janeiro se diz esperançoso mas ao mesmo tempo pessimista: “Espero, mas estou pessimista, que aqui no Rio tenha pessoas interessadas em concorrer” Entretanto, diz que vai apoiar “qualquer lista que venha para fazer politica em favor na nossa comunidade cada vez mais abandonada”.

Por último, Perrotta manifesta um temor já observado por outros entrevistados e advoga ser  necessário um bom trabalho de divulgação das eleições, mesmo assim: “para que o maior número de pessoas manifeste a vontade de votar, para que os nossos políticos na itália não aproveitem de uma baixa participação para propor o fim dos Comites”.

O argumento de Perrota tem a ver com os sucessivos adiamentos das eleições desde 2009, inicialmente com o pretexto de que era necessário realizar alteração na legislação que regula o funcionamento dessas entidades de representação. Na verdade, já então havia uma transferência das dificuldades que vinha enfrentando o CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, cujos conselheiros são eleitos na sequência daqueles dos Comites. Com a criação da Circunscrição Eleitoral do Exterior, através da qual são eleitos doze deputados e seis senadores, o CGIE perdeu na prática suas principais funções e chegou a ser cogitada a sua extinção. Vincular a existência dos Comites àquela do CGIE foi vital para a sobrevivência deste último. Entretanto, após os sucessivos adiamentos e consequente prorrogação de mandato dos conselheiros,  não se chegou a um acordo para o estabelecimento da nova legislação pretendida. E enquanto resta ainda a questão do que será o futuro CGIE, na prática o que acabou sofrendo mudança foi apenas a questão da forma através da qual os eleitores poderão exprimir suas preferências: inscrevendo-se previamente para receber o material eleitoral antes das eleições – provavelmente o caminho a ser seguido nas demais eleições, ditado pelo argumento do menor custo possível para o erário italiano em regime de crise.