NO PROGRAMA “QUI ROMA” NÃO SAEM MAIS NOTÍCIAS SOBRE AS COMUNIDADES ITALIANAS NO EXTERIOR

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u CURITIBA – PRUma intrigante lacuna chama atenção na nova programação da Rai International: nada de eventos ou atividades das comunidades italianas fora da Itália. Nem suas festas, tarantelas, reuniões e comemorações. Também ausentes estão, ao que se viu até aqui, os “oriundos” ilustres das Américas, da África ou da Oceania. Suas histórias, epopéias ou  iniciativas empresariais que enchiam – pelo menos é assim que se dizia – de orgulho a velha Bota, parece que não importam mais.

A linha editorial do noticioso “Qui Roma” – o principal noticiário da Rai International dirigido aos italianos no mundo – mudou: o destaque agora é para outras notícias, que incluem o giro e as atividades de políticos italianos importantes. Nada contra, mas dessa forma, sob o governo que ajudaram a eleger, os italianos esparramados mundo afora não perderam apenas o Ministério dos Italianos no Mundo mas acabam de perder também o espaço que tinham conquistado, não sem esforço, na emissora pertencente ao complexo estatal Rai. 

As mudanças – e elas são significativas na programação – estão sendo introduzidas pelo diretor Piero Badaloni, paradoxalmente após a célebre reunião que ele teve com parlamentares eleitos pela circunscrição do Exterior. A intenção, naturalmente, era mudar para melhor. Mas telespectadores brasileiros constrangidos a pagar os caros pacotes da TV a cabo que incluem a Rai, lamentam que as alterações tenham desprezado exatamente algumas coisas que estavam dando certo, como a cobertura de atividades desenvolvidas pelas inúmeras comunidades italianas existentes nos cinco continentes.

Só para se ter uma idéia, “Qui Roma” publicava todos os dias duas ou três informações sobre estas comunidades, realizando uma admirável interação entre vênetos, abruceses, campanos, trentinos, toscanos, lucanos, genoveses, piemonteses e demais comunidades, todas ligadas, onde é possível (e exatamente por causa desse espaço a eles dedicados), em Rai International.

Leio no site www.rai.it, que o “Qui Roma” é dirigido principalmente aos nossos concidadãos que vivem no exterior e aos descendentes de nossos emigrados, procurando estabelecer uma ligação com a vida, a história e as tradições das diversas regiões de origem”. Percebo, e devo concordar com os telespectadores com quem conversei sobre o assunto, que se trata de um enunciado que, infelizmente, não mais corresponde à realidade. E pensar que o Brasil, onde vive seguramente a maior comunidade de “oriundos” do planeta, apenas de vez em quando conseguia rivalizar na tela com imagens de italianos no Canadá, nos Estados Unidos e na Argentina, entre outros.

Essa exclusão, se definitiva, do já pequeno espaço que havia sido conquistado por associações e comunidades pode representar um duro golpe na chamada “informação de retorno”.

A menos que outro programa do gênero venha a ser editado, desaparece um canal que há anos dava um pouco de visibilidade, mesmo que ainda pálida, a esta Itália fora da Península, calculada em mais ou menos 60 milhões de habitantes. Uma pena..