O cônsul geral de Curitiba-PR, Riccardo Battisti, apoiado sobre sacos de votos recolhidos na eleição de 2006 (Foto DePeron/Arquivo Insieme)
u CURITIBA – PR – Adriano Bonaspetti, presidente do Comites de Porto Alegre-RS, será – segundo um serviço da agência ‘News ItáliaPress’ datado de 21.02.2008 -, o chefe da chapa única de centro-direita em toda a América do Sul. Segundo a agência, as candidaturas nesta área da Circunscrição Eleitoral do Exterior estão ainda em fase de definição, à exceção de Bonaspetti, Marisa Bafile (da Venezuela), que é candidata à reeleição pelo Partido Democrático, e de Edoardo Pollastri, do Brasil, também candidato à reeleição pelo PD, segundo ele próprio anunciou recentemente.
Sabe-se que o senador Luigi Pallaro, da Argentina, repetirá sua candidatura pela legenda de “Associazioni Italiane in Sud América”, que perde entretanto, a companhia do deputado Ricardo Merlo, também da Argentina. Merlo ainda não sabe se sairá como candidato a Senador ou a Deputado e ora fala em perfilar-se a centro-esquerda, ora diz-se independente. A ‘News ItaliaPress’ informa que Merlo deverá registrar uma outra chapa independente, mas que deverá aliar-se, após eleito, com o Partido Democrático de Walter Veltroni.
Segundo Insieme conseguiu apurar, na Chapa de Pallaro estariam, entre outros, o brasileiro Walter Petruzziello (Curitiba-PR), como candidato a vice para o Senado, e Stefano Casini, de Montevidéo (Uruguai), como candidato a deputado. Casini, há cerca de 20 anos é o correspondente da Raí International para a América do Sul. O delegado brasileiro no CGIE, de São Paulo, Cláudio Pieroni, seria outro candidato na chapa de Pallaro, mas para a Câmara.
Além de Marise, pelo PD seria ainda candidato Fabio Porta, que atua na Ital-UIL e já concorreu às eleições na primeira vez, sendo o primeiro não-eleito da chapa que se apresentou sob o slogam da “Unione”.
O serviço de ‘News ItaliaPress’ cita o irmão da deputada Marisa Befile, Mauro Bafile, que é diretor de ‘Voce-d´Italia”, para assegurar que a única candidatura certa até o momento na Venezuela é a da própria Marisa, que concorre pelo PD. Em 2006, Marisa se elegeu numa feliz coligação com a candidata argentina ao Senado, Mirella Giaia, que, após ter comemorado sua vitória eleitoral, viu de repente seu posto ser ocupado pelo brasileiro Edoardo Pollastri – um episódio até hoje não devidamente esclarecido à opinião pública.
A deputada Bafile, entretanto, tem cerrada oposição na própria Venezuela, onde Antoniella Buono fundou o partido “Il Sole d´Italia”, para lutar “energicamente contra o viciado e perverso sistema político e contra as mesquinhas cúpulas dos partidos políticos que nos levam ao sofrimento extremo”. Antoniella Buono há algum tempo vem sondando lideranças da comunidade ítalo-brasileira para a formação de uma chapa, na qual entrariam também representantes Uruguaios. Num determinado momento, ela já obtivera sinal positivo de pelo menos três presidentes de Comites no Brasil, um deles, Salvador Scalia, no Recife e outro, Gianluca Cantoni, em Curitiba.
NA POLÍCIA FEDERAL – Ao citar Bonaspetti como o cabeça de chapa de uma coalisão de ‘Forza Italia’, Aliança Nacional e ‘Lega Nord’, naquela que deveria ser a chapa única das forças de centro-direita na América do Sul (e na qual estaria com certeza o deputado Giuseppe Angeli, da Argentina), a agência ‘News ItáliaPress’ lembra que ele obteve um “bom resultado” nas eleições passadas (cerca de 18 mil votos) e acrescenta textualmente: “É necessário lembrar que Bonaspetti é indiciado pela Polítia Federal brasileira devido a um hipotético tráfico ilícito de selos subtraídos indevidamente do Estado sul-americano (Rio Grande do Sul) e usados para enviar as cartas da campanha eleitoral por ele apoiada”.
Nas últimas eleições, lembra ainda a agência, Bonaspetti se apresentou na chapa de Ricardo Merlo, que estava ao lado do senador Luigi Pallaro que, nesta eleição, concorrerá pela mesma sigla AISA – ‘Associazioni Italiane in Sud America’ . Segundo Mauro Bafile, Pallaro dificilmente alcançaria o mesmo sucesso obtido na eleição passada, quando contou quase 50 mil votos.
Embora muito se diga a respeito de articulações, no Brasil, a situação somente ficará mais clara após a reunião que está marcada para Brasília, dias 27 e 28 próximos, na sede da Embaixada italiana. Formalmente, o encontro é de presidentes dos Comites, reunidos no Intercomites, delegados brasileiros junto ao CGIE – Conselho Geral dos Italianos no Exterior, consulados e a própria embaixada. Esse encontro é realizado a portas fechadas para a imprensa pelo menos duas vezes por ano, Paralelamente haverá uma reunião para tratar exclusivamente de política e inicialmente a idéia seria costurar uma “chapa Brasil”, com candidatos nascidos do consenso de diversas correntes e regiões para garantir uma representação mínima brasileira tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados italianos. A idéia deveria ter sido debatida numa reunião anterior a esta de Brasília, marcada para São Paulo, mas que foi frustrada por motivos diversos, fazendo soçobrar, também, o incipiente discurso de unidade. “A maior comunidade de ítalo-descendentes do mundo – segundo dizia há algum tempo o sociólogo Fabio Porta – corre assim o risco de não eleger ninguém”.
Um fato é de inegável clareza: se nas eleições passadas os candidatáveis se demonstravam mais reticentes, até porque o voto por correspondência para os italianos no exterior representava uma novidade, nesta eleição – cerca de dois anos depois apenas – a luta por um lugar ao sol é bem maior. Até parlamentares eleitos para o Congresso brasileiro, como a paranaense Cida Borghetti (cujo marido é presidente do grupo parlamentar ítalo-brasileiro no Congresso Nacional e ela mesmo preside o fórum parlamentar ítalo-paranaense) tentaram apresentar sua candidatura, alheios a algumas questões legais no âmbito da soberania nacional, que há algum tempo obrigaram Andrea Matarazzo a depositar no Senado da República Federativa do Brasil seu “Passaporto Rosso” (Italiano) sob pena de não assumir o cobiçado cargo de embaixador do Brasil na Itália.
Aos eleitores ítalo-sul-americanos, como se vê, poderão estar reservadas algumas surpresas – a começar esta da pressa com que estão sendo organizadas as eleições que, na Itália, serão realizadas dias 13 e 14 de abril, mas no exterior deverão acontecer antes do dia 10 de abril, dia em que, às 16 horas em ponto, encerra-se o prazo para os correios devolverem aos consulados as cédulas eleitorais devidamente preenchidas. Voto que chegar após este horário, será simplesmente incinerado.