“A minha percepção é a de que os círculos trentinos, passada a pandemia do Covid-19, iniciem um movimento para a solução dos processos pendentes” vinte anos após o encerramento, que ocorreu em 2010, do prazo para os pedidos de reconhecimento da cidadania italiana pela lei 379/2000. Muita gente está ainda aguardando uma resposta para requerimentos feitos, isso “é grave” e se não houver uma tomada de providência, vai ter gente que ficará sem a sua cidadania italiana reconhecida.

Quem fala é Henrique Pedrotti, de São José dos Campos – SP, que há cerca de três anos iniciou um movimento para ajuda de ‘enfileirados’ com base na própria experiência, iniciada junto à Embaixada, quando morava em Brasília. Sem cobrar dos interessados, ele e mais um grupo de pessoas de diversas localidades e profissões, formaram uma equipe de voluntários que já conseguiram atender – segundo diz – mais de três mil requerentes. Tudo de forma gratuita.

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O grupo ainda existe, pois a regra era quem fosse ajudado passaria a ajudar outras pessoas, mas está atuando pouco e alguns debandaram. Enquanto isso, diversos integrantes resolveram montar empresas de assessoria, inclusive na área de agendamento de passaportes e do ‘prenota on line’ dos consulados, da mesma forma que, segundo Pedrotti, fizeram inclusive presidentes ou diretores de círculos trentinos.

Pedrotti, que é originário do Rio Grande do Sul, é engenheiro aeronáutico da Embraer e tem pós graduação pelo ITA. Embora ele não condene os que passaram a cobrar pelos serviços, prefere que os círculos que, à época, cobravam taxas para associação e encaminhamento dos pedidos, voltem a exercer um papel político, ao lado de parlamentares e outros órgãos de representação da comunidade para que a questão seja resolvida.

Na tele-entrevista que ele concedeu a Insieme no último domingo à tarde, ele historiou todo a luta pessoal que travou para resolver seu problema, quando descobriu o caminho das ‘diffidas’ (espécie de notificação judicial) com as quais obrigava o governo italiano a dar resposta a pedidos não atendidos. Embora crítico, Pedrotti disse apoiar a iniciativa tomada pelo hoje advogado Elton Stolf, ex-presidente do Círculo Trentino de Curitiba, que está incentivando os interessados a entrarem com a ‘diffida’ perante os consulados e não diretamente em Roma. “Acredito que não possa ter um efeito satisfatório para o requerente (em relação ao tempo e custo do processo”, mas “toda a iniciativa é válida e eu apoio. Quanto mais pessoas entrarem nessa luta, melhor”.

O entrevistado acha que as pessoas já gastaram bastante dinheiro para ver realizado um sonho, e confronta isso com o erro cometido pelo consulado geral de Curitiba que “esqueceu” à época de legalizar os documentos, obrigando as pessoas agora a fazerem todo o caminho do apostilamento. Confira a entrevista de Pedrotti.