Renata Bueno anuncia que concorrerá à reeleição por um partido próprio. (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

Nem Usei, nem ‘Forza Italia’ ou qualquer outro partido político italiano. Será do “Movimento Passione Itália”, que já pontificou nas últimas eleições para o Comites – ‘Comitati degli Italiani all’Estero’ -,  a logomarca criada com a finalidade de levar Renata Bueno para a reeleição a deputada junto ao Parlamento Italiano. Ela confirmou a informação à revista Insieme, em entrevista concedida ao final da tarde de hoje, por telefone.

“É o primeiro partido político italiano que nasce no Brasil”, para o qual já existe – segundo a candidata – uma plêiade de nomes que deverão ser confirmados semana que vem. São “caras novas”, dentre as quais ela cita Fernando Mauro, Paulo Lucon, Frederico Pena e Rodolfo Barra – este último, ex-ministro argentino da Justiça.

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A candidata informa que a nova criatura já está registrada no ‘albo dei partiti’, na Itália, além do registro na própria Câmara dos Deputados, cumprindo as exigências eleitorais que, com a nova lei, impõe uma série de novidades, desde o registro dos candidatos até o financiamento da campanha. Uma dessas exigências é, por exemplo, a necessidade de obter assinaturas de apoio, segundo ela, entre 500 e 1000 assinaturas.

Renata informa que o cogitado candidato Andrea Matarazzo é o presidente de honra do novo partido. As eleições na Itália vão acontecer no dia 4 de março próximo, mas no exterior, como o processo é por correspondência, deve começar bem antes, para que os votos cheguem a Roma na véspera do início do processo de apuração.

A deputada Renata Bueno começou dizendo que, devido à sua idade, só pode ser candidata à reeleição. “Não posso ser candidata ao Senado – disse – tenho restrição pela idade. Até muita gente queria que fosse candidata ao Senado em parceria, mas eu não tenho opção. É um bom motivo, né? Mas falta pouco”.

“Então sou candidata a deputado” – prosseguiu -. “Tenho um bom relacionamento com a Usei – ‘Unione Sudamericana Emigrati Italiani’, sempre tive. A gente conversou bastante esse tempo todo. Decidimos ir por listas separadas. E eu já tinha esse desejo de criar o ‘Movimento Passione Italia’. Então estamos lançando o “Movimento Passione Italia”, que eu já tinha registrado em Roma, estava tudo OK para ser uma lista partidária, e agora estamos aqui fechando as candidaturas para a gente poder lançar nossa chapa”.

Segundo Renata Bueno, essa fase da burocracia “é muito chata… o manual, para você ter uma ideia, para o registro de candidaturas e tudo o mais saiu anteontem. E é tudo novo: a lei eleitoral mudou, o registro das candidaturas mudou. Tudo mudou, inclusive a questão dos financiamentos. Então estamos tentando nos atualizar e fazer tudo organizado para não termos problemas depois”.

Terá que correr atrás de assinaturas? “Sim, é por circunscrição. São de 500 a 1000 assinaturas por circunscrição. Por colégio eleitoral. Então, no nosso, na América do Sul, nós temos que recolher as assinaturas, sim, para validar a nossa lista. Apesar de eu ser uma deputada, apesar de ter registrado o ‘Movimento Passione Itália’, não só no cartório, mas na Câmara dos Deputados também, a gente vai precisar recolher as assinaturas. Mas isso não será problema”.

A repercussão, segundo ela, foi boa, com muita gente, inclusive de Roma, ligando hoje. “Era já o meu desejo de lançar um partido político italiano que nascesse no Brasil. O primeiro. É o primeiro movimento. Eu não queria que isso tivesse alguma interpretação diferente: O que é a ideia? Eu cumpri meu mandato de deputada, tive um ótimo relacionamento com a Usei, mas eu não quero ser só uma deputada que amanhã ou depois, de repente, eu vou pro Senado ou não quero mais participar da política… tudo isso tem que ter um legado. E o legado é constituir um grupo, é constituir um partido que, depois, assuma um projeto futuro. Então a ideia é exatamente esta: a gente ter o ‘Movimento Passione Italia’ como o primeiro partido político italiano que nasce no Brasil e que a gente tenha um grupo – e nós já temos um grupo muito bom – de sustentadores do projeto, pessoas, caras novas, que buscamos em toda a América do Sul. Só que não estou ainda com os nomes todos fechados, provavelmente isso estará pronto semana que vem”.

A deputada negou que Pasquale Matafora (um funcionário da Embaixada da Itália no Brasil) esteja na lista dela. Mas admite que chegaram a conversar… “ele está na Itália”. Não quis adiantar nenhum nome definitivo de sua chapa. “Nós temos vários nomes, a gente está nessa fase final. Mas vamos ter na Argentina, no Brasil ao Senado, a gente está ainda fechando esses nomes. Vamos ter o Fernando Mauro que é o diretor do programa Brasil-Italia, o Paulo Lucon que é um excelente jurista da USP,  Frederico Pena que é um italiano que mora aqui já há bastante tempo depois de ter morado muito tempo na Argentina… Temos nomes de outros países, como Rodolfo Barra que foi presidente da Corte Suprema da Justiça e ministro da Justiça na Argentina e que é um possível candidato nosso ao Senado”.

O símbolo do partido “Movimento Passione Italia’, fundado por Renata Bueno.

Andrea Matarazzo, que aspirava o cargo de Senador, segundo Renata Bueno, não caiu fora do processo: “É nosso presidente de honra, o presidente de honra do ‘Movimento Passione Italia’. O recurso dele está tramitando, mas a gente não pode ficar dependendo de liberar ou não para registrar a candidatura dele. Foi um jogo muito sujo (ela se refere à emenda que tornou inelegíveis os pretendentes que tenham sido funcionários de governos no exterior nos últimos cinco anos), só que isso nos deu ainda mais força para lançar o movimento, pra lançar este grupo e para correr atrás, porque a gente viu que de política suja ninguém mais quer saber. Então nós precisamos ocupar esse espaço. Foi um jogo muito sujo que fizeram com ele. Tentaram comigo e não conseguiram”, aduziu a candidata.

Segundo ela, o prazo para o registro de candidaturas “vai até 35 dias antes [das eleições], aí já com tudo pronto. Mas é muita burocracia, muita coisa nova. Aí a gente tem também, dentre os muitos contatos que tenho em Roma, gente que quer se unir a esse projeto. Mas eu não quero que seja um partido de nome italiano. Quero que seja um partido político italiano nascendo no Brasil e aí, sim, ter o apoio de outros partidos como a gente está recebendo”.

No espectro partidário italiano você estaria se inclinando para que área?, foi a pergunta seguinte:  “Eu, na verdade – disse -, sempre fui de centro, aliada, e sempre apoiei o grupo do Matteo Renzi. Mas agora nós estamos sendo independentes dentro do grupo misto. Apoiei o governo, mas nunca tive uma relação direta com o Partido Democrático ou com qualquer outro partido. E agora é um novo momento, vamos ver o que vai acontecer”.

Será uma chapa pura sul americana. “Exatamente, pura e própria. A gente precisa trazer as pessoas para que assumam esse projeto. Sou líder disso, mas daqui há pouco esse projeto precisa caminhar [sozinho], a gente não é eterno”.

Corriam informações que você tinha fechado com o Berlusconi. Existiu alguma coisa nesse sentido? “Não. Tenho uma boa relação com ele, como eu tenho com todos. Inclusive, graças a Deus, sou muito respeitada, meu trabalho é muito respeitado, modéstia à parte, como poucos. Principalmente na América do Sul. Porque é diferente, quem tem conhecimento da política, quem se empenha lá em Roma… a gente acaba ganhando o respeito, principalmente dos colegas. Então, tenho um bom relacionamento com eles, hoje ainda me ligaram, tenho recebido manifestações de lealdade e de apoio na organização… mas isso tenho com vários partidos”.