José Renato Margon em Curitiba, em imagem de 2013. (Foto Desiderio Peron / Arquivo Insieme)

Depois da implantação de cinco ‘stents‘ há cerca de meio ano, não foi o coração que levou embora José Renato Margon, ou simplesmente Margon, presidente do Círculo Trentino de Vitória, no Espírito Santo. Ele não resistiu às consequências de Um acidente doméstico com traumatismo craniano ocorrido em 27/06, entrou em coma e disse adeus à vida aos 74 anos de idade, deixando “uma grande lacuna no seio da italianidade capixaba”.

Casado com Maria Alice Gomes Margon, deixa os filhos Marcelo Gomes Margon, 52; Márcio Gomes Margon; 50, Renata Gomes Margon, 47; e Roberta Gomes Margon, 41, além de nove netos. Seu sepultamento será Sepultamento será amanhã 04/08, no Jardim da Paz em Serra-ÉS, segundo informa seu filho Marcelo.

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“É uma grande perda para a nossa comunidade trentina, e o seu incansável e sério trabalho voluntário em prol dos trentinos capixabas já refletiu em seus filhos que o seguiram no trabalho do círculo e certamente irá ecoar por muito tempo em todos que o conheceram na comunidade trentina do Brasil”, disse à tarde o advogado Elton Stolf, ex-consultor da Província Autônoma do Trento e conselheiro do Comites Pr/SC.

Margon fundou Circolo Trentino di Vitoria, até agora por ele presidido, em 14 de dezembro de 2001. Era natural de Colatina, onde nasceu em 07/11/1947. Foi também o fundador e um dos responsáveis pelo grupo UIT-ES italiani-Trentini – Unione degli Italiani e Trentini dell’Espirito Santo – atualmente com 223 participantes. Criado em 09/04/2017, é um movimento da italianidade capixaba que, segundo Stolf, tem por objetivo “integrar os descendentes de italianos e trentinos com informações de interesse geral relativos a Itália, proporcionando conhecimento social, cultural e principalmente institucional aos cidadãos Ítalo Brasileiros quanto a legislação, direitos e deveres como cidadão italiano”.

Margon ao centro no grupo de delegados “trentinos” de todo o Brasil, reunidos em Brasília para a eleição dos representantes do Brasil no CGIE (Foto Elton Stolf)

Ainda conforme Stolf, Margon “participou ativamente e em primeira pessoa da organização da documentação para viabilizar os processos de cidadania italiana aos descendentes trentinos no período de vigência da lei 379/2000 e também estava a frente das inúmeras e mais atuais tentativas de cobrar resultados dos processos das autoridades italianas por conta do longo tempo de espera”.

Imagem de Margon com chapeu e seu tradicional sorriso (Foto Cedida pela família)

O conselheiro do Comites – Comitado degli Italiani all’Estero da região, Jobson Freitas enalteceu a figura de Margon como um baluarte em defesa da italianidade, “muito batalhador nas questões da cidadania, dos passaportes” e outras questões de interesse da comunidade italiana. “O Espírito Santo – disse Jobson –  está de luto, perde uma referência, uma grande pessoa”.

Já pela manhã, o senador Fabio Porta postava em seu perfil no Facebook a mensagem de “um abraço fraterno e solidário a Maria Alice e à belíssima família de José Renato Margon, que hoje nos deixou para sempre”, Segundo Porta, “com o Círculo Trentino de Vitória, principalmente com o Patronato Ital-Uil, o Comites e a grande comunidade do ES, José Renato era como “le dolomiti del suo trentino, forte e caparbio, orgoglioso e instancabile” (era como as Dolomitas de seu Trentino, fortes e teimosas, orgulhosas e incansáveis); sentiremos sua falta e sempre o lembraremos com carinho e gratidão”.

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Na última entrevista que Margon concedeu à revista Insieme, ele lamentava ter sido vencido pela burocracia, ao tentar registrar uma chapa para concorrer às eleições do Comites do Rio de Janeiro e Espírito Santo. A chapa de Margon, era denominada “Unione degli Italiani e trentini”, formada por doze pessoas. Não foi aceita por conter somente 98 assinaturas de apoiadores regulares (o exigido era 100), embora os “irregulares” estivessem regularmente inscritos no Consulado, faltando apenas a transcrição no município italiano de origem – um problema que também afetou outras chapas e candidaturas.

De qualquer forma, continuou na luta e acabou contribuindo para a eleição majoritária de capixabas no novo Conselho, deixando o Rio de Janeiro com apenas um representante. Em outras oportunidades, Margon criticava também a demora do andamento dos processos de cidadania de trentinos, dependentes da famigerada comissão interministerial de Roma.