“Se Santa Catarina fez onze dos doze conselheiros, é porque fez bem feito o seu trabalho de casa”, esulta o neo presidente do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ para os Estados do Paraná e Santa Catarina, Eduardo Cechinel Bonetti. Com 28 anos de idade, formado em Ciências Políticas pela Universidade de Pavia, na Região italiana da Lombardia, analista de comércio exterior por profissão, ele tem residência em Urussanga, distante cerca de 500 quilômetros da sede consular, em Curitiba-PR.

Embora jejuno em matéria de Comites, como ele próprio declara em entrevista exclusiva à Revista Insieme, Bonetti, que encabeçou a chapa ‘Italianità in Movimento’, foi o mais votado (sendo também o mais votado do Brasil) e assumiu a direção do órgão depois que fracassaram algumas tentativas de composição com o conselheiro reeleito, advogado Elton Stolf, líder de uma das três chapas (La Nostra Voce) que concorreram e que, entretanto, emplacou a vice-presidência com outro catarinense – Mauro Virgilio Barzotto, de Florianópolis.

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Paola Andri, de Curitiba, o único conselheiro eleito da terceira chapa concorrente (Movimento Passione Italia) e, também, o único do Paraná, ocupa a Secretaria do órgão, enquanto a tesouraria ficou com Devanir Danna, de Jaraguá do Sul. Segundo Bonetti, a prioridade do momento será a análise das questões ligadas ao agendamento consular através do sistema Prenot@ami, segundo ele, “um sistema bom, mas que se tem demonstrado pouco eficiente”. A segunda agenda em prioridade seria “tornar o Comites mais conhecido”.

De seus tempos universitários, Bonetti herdou o apelido de Bersani, devido – segundo explica – às suas declaradas simpatias pelo líder político (da esquerda italiana), Pier Luigi Bersani. Teve sua cidadania italiana reconhecida no período em que morou na Itália, cursando a Universidade. “Sou a quinta geração” no Brasil, declara ele – meio mantovano, meio trevisano. Preside há algum tempo a associação ‘Trevisani nel Mondo’, seção de Urussanga, fato que lhe deu impulso à participação ativa no meio cultural ítalo-sul catarinense, incluindo o Comvesc – o Comitê das Associações Vênetas de Santa Catarina.

Medindo suas palavras, Bonetti diz que conhece muito bem os anseios da comunidade italiana sob a jurisdição consular de Curitiba. “Eu não sou bom falante, mas sou bom ouvinte”, assegura ele, anunciando que pretende encaminhar as “demandas” de seus representados, ser “a voz da comunidade italiana perante o consulado”. Mais: ele se coloca na posição de um “servidor” e “minha única aspiração é não decepcionar ninguém”.

Para comandar um Comites quase que cem por cento renovado, Bonetti diz contar com a ajuda dos presidentes que o antecederam – Walter Petruzziello e Luis Molossi -, os quais, ao lado de Daniel Taddone, já nomina nas articulações para o CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’ e para o Parlamento italiano nas próximas eleições. Além disso, diz contar com a colaboração de todos os companheiros do Conselho – “um time que, a meu ver, é muito bom, formado por pessoas ligadas ao resgate da cultura italiana de base, e sem políticos de carreira”.

Aos conselheiros eleitos, serão agregados mais quatro membros escolhidos na condição de ‘cooptados’, em reunião já convocada para o dia 4 de fevereiro do próximo ano. São cidadãos ainda não reconhecidos formalmente. “Procuraremos compensar o desequilíbrio PR/SC nessa oportunidade”, informa Bonetti.

Na entrevista a Insieme, Eduardo Bonetti tece considerações sobre outros assuntos como, por exemplo,  a chamada “fila da cidadania” e responde, entre outras, à seguinte pergunta: “Somos, ao que dizem, 32 milhões de ítalo-descendentes. Desses, apenas pouco mais de 400 mil estão registrados nos consulados, dos quais votaram pouco mais que onze mil. Isto significa dizer que somente míseros 0,04% dessa imensa comunidade participou da escolha de seus representantes. O que você diz disso?”.