Salvatore Di Venezia no encontro com Ricardo Merlo, na Farnesina - detalhe. (Foto assessoria Merlo)

Aumentam as expectativas com a volta de Salvatore Di Venezia à cadeira de Cônsul Geral da Itália em Curitiba, provavelmente a partir já de setembro próximo. Enquanto em Roma o subsecretário para os italianos no mundo, senador Ricardo Merlo, aponta para os “deveres de um cônsul”, entre os quais inclui “a parceria com a comunidade”, na circunscrição consular para os Estados do Paraná e Santa Catarina começam a ser levantados alguns pontos para que essa parceria aconteça.

A primeira iniciativa neste sentido partiu do conselheiro do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ -, advogado Elton Stolf, que também foi um dos mais críticos ao trabalho do atual cônsul que sai sob “severas críticas”, depois de ter, entre outras coisas, tentado impor censura e boicote à imprensa e ao próprio Comites. Nas redes sociais, Stolf enumera alguns pontos do trabalho consular que podem “ser melhorados”, enquanto pede também sugestões a quem quiser contribuir.

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Ontem, na Farnesina (sede do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional), o subsecretário Merlo recebeu Di Venezia, “o novo cônsul de Curitiba”, e distribuiu comunicado em que disse estar “convencido” de que ele “será capaz de fazer um bom trabalho, graças também à sua experiência com numerosas comunidades italianas”.

Di Venezia e Ricardo Merlo na Farnesina. (Foto assessoria Merlo)

“Nos últimos meses, – prosseguiu Merlo – o relacionamento entre o ex-cônsul Festa e a comunidade italiana se desgastou”. A nota explica que “o trabalho realizado pelo cônsul Raffaele Festa havia sido severamente criticado pelo subsecretário de Estado e “era, portanto, muito difícil continuar colaborando em benefício dos compatriotas numa situação em que não havia harmonia entre as partes”.

“Acredito que, entre os deveres de um cônsul, haja também a parceria com a comunidade, a disponibilidade para os compatriotas, o trabalho sempre para melhorar a qualidade de vida e o relacionamento com as instituições da região”, lê-se ainda na nota que conclui: “No Ministério das Relações Exteriores, continuamos a trabalhar incansavelmente para os italianos em todo o mundo, com o objetivo de manter os compromissos que assumimos desde o início da legislatura: uma forte rede consular presente na área e serviços consulares adequados em tempos decentes, dos quais certamente estão entre as nossas principais prioridades “.

Já o conselheiro Stolf, sob o título “Sugestões ao novo cônsul em Curitiba”, fala em diversas postagens nas redes sociais que “uma nova fase junto ao Consulado Geral da Itália em Curitiba está por vir. Acredito na reabertura do diálogo, empatia e bom senso com o qual conduzirá os trabalhos o sr. cônsul Salvatore Di Venezia, que já esteve em nossa circunscrição anteriormente e conhece bem a nossa comunidade”.

O conselheiro diz que, dentro de sua função como um dos representantes eleitos pela comunidade, está “interessado em ouvir” e “colher sugestões para as melhorias das relações” , colocando-se “à disposição para colher comentários e críticas, mas também – e principalmente – sugestões para que a minha atividade de conselheiro possa refletir no anseio da comunidade que carece de serviços de qualidade e dignos de todo cidadão ou futuro cidadão ítalo-brasileiro”.

A seguir Stolf abre um elenco de considerações sobre “o que precisa ser melhorado em nossa circunscrição PR e SC?”:

1 – Em um primeiro momento reclamo do silêncio do consulado em relação aos descendentes de imigrantes austro-húngaros (trentinos), que há muito tempo deram início ao processo de reconhecimento da nacionalidade italiana e ainda estão aguardando uma posição pelo deferimento/indeferimento da ação. Sugiro que seja publicada uma lista atualizada dos processos trentinos que já receberam parecer da Comissão interministerial, para que os próprios destinatários possam complementar eventuais documentos ao objetivo de finalizar o reconhecimento da nacionalidade.

2 – Ainda sobre os trentinos, reclamo que recentemente foi noticiado que alguns processos foram “perdidos” e que jamais chegaram à Comissão em Roma para serem analisados, situação que motivou a pergunta “Onde estão os processos trentinos”? e desencadeou de modo muito triste os 20 anos da lei 379/2000. Por isso sugiro que o consulado reencaminhe imediatamente eventuais processos que foram considerados “perdidos” e que jamais chegaram à Comissão interministerial em Roma para que também esses requerentes tenham a conclusão dos seus pedidos de reconhecimento da nacionalidade italiana.

3 – A respeito dos passaportes, reclamo que o sistema eletrônico de agendamentos é péssimo e supostamente permite fraudes por conta de robôs automáticos de captura e realocação e comercialização de vagas, que gera um mercado paralelo completamente fora do controle do consulado e, consequentemente, o impedimento do usuário comum que não deseja pagar o preço do serviço em utilizar a ferramenta ao seu dispor. Sugiro seja repensado o sistema para permitir o agendamento sem sistema eletrônico para pessoas com mais de 60 anos, portadores de enfermidades e necessidades especiais; ainda, seja aumentado o número de pessoal no setor de passaportes e, consequentemente, de vagas e dias para atendimento – que comportará maior numero de atendimentos diários. Também canalizar recursos para que a biometria seja possível em outros consulados honorários da circunscrição, descentralizando o trabalho da capital paranaense e permitindo concentrar os serviços em regiões com maior demanda.

4 – Ainda sobre os passaportes, reclamo os pouco transparentes acordos na tentativa de atendimento consular itinerante na coleta da biometria para os passaportes, que privilegiaram alguns poucos ítalo-brasileiros. Sugiro sejam elaboradas mais iniciativas itinerantes, publicadas na imprensa, mídias e redes sociais e que sejam claros os requisitos para coleta da biometria;

5 – Sobre a fila de espera da cidadania, reclamo que são convocados apenas 3 mil requerentes e com prazo de entrega da documentação. Tendo em vista que apenas 50% dos convocados entregam a documentação no prazo, sugiro sejam convocados de 5 a 10 mil a cada convocação sem qualquer prazo de entrega (para seguir o excelente modelo do consulado italiano no Rio Grande do Sul);

6 – Sobre a fila de espera da cidadania, reclamo que a entrega da documentação é rígida demais, necessariamente pessoalmente. Sugiro que seja possível a entrega por correio (Sedex com AR) pelo familiar interessado ou pessoalmente em qualquer sede consular honorária, como ocorre com todos os outros serviços consulares aos cidadãos;

7 – Sobre a fila de espera da cidadania, reclamo que a lista de espera em excel não é mais publicada no site do consulado.Sugiro seja republicada no site do consulado italiano para render transparência das convocações, inclusive indicando a data da entrada na fila, como era feita anteriormente, nem que seja apenas com as iniciais do nome dos requerentes e número do protocolo (para seguir o excelente modelo do consulado italiano em São Paulo);

8 – Pessoal, essas acima são as minhas reclamações e sugestões. Quais as de vocês? Fico a disposição”