Aproximar a grande comunidade italiana do interior de São Paulo ao consulado e, ao mesmo tempo, a seus direitos de cidadãos, porque ela vive isolada das coisas que acontecem na Capital. Esta seria a linha mestra de atuação da chapa ‘L’Italia che ci lega’ (A Itália que nos une), uma das quatro que concorrem às eleições do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ na circunscrição consular de SP, que abrange também os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre.

A chapa é encabeçada pelo ítalo-brasileiro Mauricio Chiosini Baggio, residente em Limeira, que, ao lado de Andrea Pacia (coordenador do partido italiano da Lega) e Alessandro Nulli (ativista do partido) concedeu entrevista exclusiva à revista Insieme para falar das ideias que movem o grupo nestas eleições mundiais por correspondência que serão concluídas no próximo dia 3 de dezembro. Para votar, entretanto, todo cidadão italiano, mesmo já inscrito no Aire (o cadastro dos eleitores italianos no exterior) precisa realizar uma inscrição específica para estas eleições até o próximo dia 3 de novembro.

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Segundo Baggio, o Comites até aqui não trabalhou também para a “grande comunidade” de italianos que reside fora da Capital de São Paulo. “Todos se lamentam das filas da cidadania, da falta de tutela a seus direitos, da falta de comunicação” e é preciso “realizar a inclusão dessa grande comunidade, sejam os cidadãos já reconhecidos ou aqueles ainda sem o reconhecimento da cidadania italiana a que têm direito é uma obrigação”.

A chapa assume claramente sua vinculação ao partido da Lega que, segundo Andrea Pacia, escolheu São Paulo para organizar a única chapa nestas eleições pelo motivo de a circunscrição representar a maior comunidade italiana em todo o Brasil. Em diversas vezes, durante a entrevista, foram feitas referências à atuação do Comites de SP como um grupo vinculado ao PD – ‘Partito Democratico’, a quem, também segundo Pacia, se devem debitar coisas como a taxa de 300 euros para o reconhecimento de cada cidadania “sem que isso tenha representado solução aos problemas das filas”. O atual Comites de SP é “uma derivação do PD”, diz Pacia.

Mauricio Chiosini Baggio observa que os tempos de espera para o reconhecimento de uma cidadania italiana, hoje, em SP somam no mínimo 13 anos: 11 na fila, mais dois depois da entrega dos documentos.

Questionados sobre a participação da Lega em alguns governos italianos, os entrevistados preferiram devolver responsabilidades ao PD e aos demais partidos italianos, incluindo o Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ do senador Ricardo Merlo. Para Pacia, O PD e o M5S (‘Movimento 5 Stelle’) são contra o atual sistema de reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue. “A Lega é pela manutenção do ‘ius sanguinis’ como está, sem mudanças e sem limites geracionais”, repetiu Pacia.

Alessandro Nulli descreveu como “muito grave” o que está acontecendo atualmente em relação à chamada Grande Naturalização brasileira. A tese foi ressuscitada pela ‘Avvocatura dello Stato’ italiano para negar o reconhecimento da cidadania ‘iure sanguinis’ a descendentes de imigrantes que se encontravam em solo brasileiro no final de 1889. Os Comites precisam se preocupar com isso, segundo ele.

Além desses, outros temas “devem fazer parte das preocupações do Comites”, disse Baggio, ao defender também a necessidade de atuação forte na área cultura, especialmente no campo do ensino da língua italiana. “É uma obrigação do Comites criar condições para que um descendente de imigrantes italianos possa ir à Itália falando a língua italiana. Confira a entrevista concedida a partir de três pontos distantes: Limeira-SP, Verona e Rieti, na Itália, ligados a Curitiba-PR.