Embora os consulados italianos todos estejam trabalhando para a realização das eleições dos Comites – ‘Comitati degli Italiani all’Estero’, marcadas para 3 de dezembro próximo, a possibilidade que já existia de elas serem adiadas tornou-se ainda mais concreta após a última reunião do CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’ e do pedido que o órgão máximo da representação dos italianos no exterior dirigiu ao presidente Sergio Mattarella para o adiamento do pleito até, “pelo menos”, junho de 2022.

“A obstinação por manter o dia 3 de setembro como data para início das operações eleitorais e o dia 3 de dezembro como a data das eleições – diz a carta do CGIE enviada a Mattarella – mostra um escasso conhecimento da real situação nos diversos países, ou então demonstra que se pretende voluntariamente minar o valor de nossas representações; a organização e a participação na votação seriam impraticáveis ou extremamente arriscadas para centenas de milhares de cidadãos”.

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Se as eleições não forem adiadas, quem quiser votar em 3 de dezembro terá que encaminhar aos consulados um pedido de participação nas eleições até o próximo dia 3 de novembro, conforme a rede consular vem orientando já há algum tempo. O maior problema, entretanto, segundo o cônsul geral da Itália em Curitiba, Salvatore Di Venezia, cuja entrevista acompanha esta matéria, é, além da “pré-confirmação” dos eleitores, encontrar candidatos, que devem preencher uma série de requisitos.

A correspondência a Mattarella foi enviada após o encontro virtual do CGIE realizado dia 4 último, do qual participaram, além dos conselheiros do órgão, também o subsecretário para os italianos no exterior, Benedetto Della Vedova e o diretor geral para os italianos no mundo da Farnesina, Luigi Vignali. Ela é assinada pelo secretário geral do CGIE, Michele Schiavone.

Anteriormente, Schiavone já havia se manifestado pelo adiamento pois, segundo ele justificou, “dadas as condições atuais, o adiamento desse importante compromisso eleitoral “representa o mal menor”. Segundo ele, a falta de preparo da rede consular-diplomática, a carência de informações e recursos financeiros, a pandemia em curso e, principalmente a exigência da “inversão de opção” (inscrição prévia dos eleitores que pretendem votar), são todos elementos poderão acarretar novamente uma pífia participação como a registrada em 2015, com algo em torno de apenas 4%.

Na verdade, essa posição vinha sendo majoritária dentro do CGIE desde o início, enquanto o governo trabalhava para o cumprimento da agenda eleitoral, já adiada ano passado, primeiro em função do Referendo constitucional que confirmou a redução em cerca de um terço das cadeiras do Parlamento, segundo, pelo advento da pandemia causada pela Covid-19.

O provável adiamento deverá proporcionar tempo maior às articulações que vêm sendo feitas a toque de caixa por algumas correntes partidárias interessadas na formação de chapas concorrentes capazes de ampliar suas bases, tanto na América do Sul quanto na Europa e nos demais continentes. Embora de forma não visível ao grande público, tais articulações passaram a ser perceptíveis a partir do pronunciamento sobre assuntos diversos por parte de figuras com a pretensão de dominar a área política das diversas comunidades italianas como parte de estratégias geralmente centradas nas próximas eleições parlamentares italianas.

A carta endereçada a Mattarella vai abaixo integralmente reproduzida em língua italiana:

“Signor Presidente, il Consiglio Generale degli Italiani all’Estero si rivolge a Lei nella Sua qualità di Capo dello Stato e rappresentante dell’unità nazionale, anche in rappresentanza dei cittadini italiani che vivono nel mondo.

Il numero degli italiani iscritti nelle Anagrafi Consolari ha superato 6.350.000, pari a più del 10% della popolazione italiana. A essi si aggiunge almeno un milione di non registrati insieme al nuovo flusso di emigrati, che non accenna a diminuire. Come Lei sa, la struttura della nostra rappresentanza è stata già decurtata al suo vertice parlamentare, dal taglio dei deputati eletti all’estero, ridotti da 12 a 6, e dei senatori, ridotti da 6 a 4.

Il prossimo 3 settembre, ai sensi di leggi e decreti in vigore, dovrebbero essere indette le elezioni per il rinnovo degli organismi di rappresentanza di base, i Comitati degli Italiani all’Estero – Com.It.Es. che dovrebbero poi svolgersi il 3 dicembre p.v..

Le condizioni sanitarie nel mondo non permettono ovunque la partecipazione dei nostri connazionali per la scelta dei propri rappresentanti e, quindi, senza un rinvio delle elezioni, si rischia una Caporetto per la credibilità e l’immagine di questa istituzione basilare.

Dal 2015, inoltre, in sostituzione del suffragio universale, per i Com.It.Es. è stata apportata la grave limitazione dell’”opzione inversa”, per cui ogni avente diritto deve manifestare la volontà di voto con dichiarazione scritta e firmata, accompagnata da un documento ufficiale comprovante la cittadinanza italiana.

La modalità di partecipazione introdotta con l’opzione deve essere presentata alle sedi diplomatico–consolari, già in grave affanno da anni per la carenza di funzionari dall’Italia, di personale locale, in generale di risorse umane e finanziarie per l’organizzazione delle consultazioni e di strumenti digitali e informativi adeguati per gestire questa importante scadenza. A ciò si aggiunge, come detto, la pandemia che infuria ancora in molti Paesi dell’emisfero australe e registra una tendenza in notevole crescita anche nell’emisfero boreale.

Signor Presidente, andare al voto in queste condizioni assicurerebbe al massimo la partecipazione del 2% dell’elettorato attivo, delegittimando così, gravemente e permanentemente le nostre rappresentanze di base che hanno dato prova di grandi capacità sussidiarie anche nell’emergenza pandemica che stiamo vivendo da quasi un anno e mezzo a livello globale.

Ci troviamo di fronte a un reale e concreto caso di necessità e di urgenza, quale quello previsto dall’articolo 77 della Costituzione che consente al Governo di adottare un Decreto Legge per il rinvio delle elezioni dei Com.It.Es. almeno fino a giugno 2022, quando il mondo avrà messo sotto controllo la diffusione del virus e delle sue varianti.

L’ostinazione a mantenere il 3 settembre come data di inizio delle operazioni elettorali e del 3 dicembre come data delle elezioni, mostra una scarsa conoscenza delle reali situazioni nei diversi paesi, oppure che si intende volontariamente inficiare il valore delle nostre rappresentanze; l’organizzazione e la partecipazione al voto sarebbero impraticabili o estremamente rischiose per centinaia di migliaia di cittadini.

Ci rivolgiamo dunque al Suo alto Magistero di Capo dello Stato e rappresentante dell’unità nazionale per pregarLa di sensibilizzare chi ha il potere di intervenire con un Decreto Legge, per impedire che le nostre comunità si sentano umiliate nei loro diritti civili e democratici e spinte al distacco dalla madre Patria.

Il Consiglio Generale degli Italian all’Estero, signor Presidente, La ringrazia per la Sua attenzione e per il meraviglioso lavoro svolto nel settennato che sta volgendo al termine e Le auguriamo ogni serenità”.