Na Roma antiga, a figura do censor era revestida de status, poder e polêmica. Censor era o magistrado encarregado de conduzir o censo patrimonial dos cidadãos, de supervisionar as finanças do Estado e de controlar comportamentos públicos e privados.
O censor tinha o poder punir todos aqueles considerados culpados de ter cometido um grave ato de imoralidade.
Um dos mais famosos censores foi Marcus Porcius Cato (234-149 A.C), conhecido comumente por Catão, que mesmo tendo sido cônsul, ficou marcado por sua alcunha: Catão, o Censor.
Catão, embora dominasse como poucos a palavra, não morria de amores por quem falasse muito. Se tivesse vivido na era da imprensa crítica, como aquela dos tempos da Revolução Francesa, ou mesmo nos dias atuais, o cônsul-censor destilaria o verbo.
O consulado de Catão é repleto de frases que entraram para a história. Passados mais de 2 mil anos, há quem ainda use e abuse desse repertório:
“Bisogna prestare poca fede a quelli che parlano molto” (Deve-se dar pouco crédito a quem muito fala).
“A nessuno è mai nuociuto essere stato zitto” (Nunca alguém foi prejudicado por ter ficado em silêncio)
Mas se, com pensamentos assim, o cônsul-censor romano exercia seu poder controlando usos e costumes, vez ou outra de sua boca saiam palavras dignas de nota positiva:
“Non perdere tempo a discutere con gli sciocchi e i chiacchieroni: la parola ce l’hanno tutti, il buonsenso solo pochi” (Não perca tempo discutindo com tolos e falastrões: todos têm a palavra, o bom senso, poucos)
Em tempos onde a liberdade de imprensa sofre ataques, que bom ser articulista nesta Insieme, uma revista onde a palavra é, de fato, companheira do bom senso.
- Eduardo Fiora é jornalista profissional em São Paulo-SP