Consulado de Curitiba: Petruzziello diz que vai mobilizar Comites, critica Roma e também a omissão dos parlamentares eleitos no exterior

Mesmo diante das limitações atuais do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’, o conselheiro Walter Petruzziello garante que vai tentar mobilizar a entidade que já presidiu em apoio ao cônsul geral da Itália em Curitiba, Salvatore Di Venezia, diante da “situação caótica” em que se encontra a representação consular italiana com jurisdição sobre o território dos Estados do Paraná e Santa Catarina.

O segundo mais importante consulado italiano no Brasil, com mais de 120 mil inscritos e uma “fila da cidadania” com mais de 50 mil na espera, está funcionando com apenas três funcionários de carreira, incluindo  o próprio cônsul, e cerca de dez pessoas entre funcionários locais e temporários que, em função da pandemia, trabalham em regime de turnos alternados para que não haja acúmulo de pessoal nos escritórios. 

PATROCINANDO SUA LEITURA

A situação foi descrita pelo próprio cônsul geral Salvatore Di Venezia, em recente entrevista à revista Insieme. Petruzziello garante que na próxima assembléia do Comites vai apresentar uma moção para que alguma coisa seja feita – “talvez um pedido direto ao governo italiano” – para  tentar reverter essa situação.

A crítica de Petruzziello vai ao ministro das Relações Exteriores e Cooperação Internacional, Luigi Di Maio, mas mais especificamente a Benedetto Della Vedova, sucessor do senador Ricardo Merlo na condução das políticas voltadas aos italianos no exterior: “O ministério não tem dado a devida atenção aos italianos no exterior e vi agora, recentemente, críticas ao substituto de Merlo que, ao que parece, não anda muito preocupado com os problemas dos italianos no mundo; isso, naturalmente, causa problema também para os consulados”, diz ele.

Diante desse quadro, embora reconhecendo “ser difícil pedir para as pessoas que tenham paciência, ainda mais diante da situação que atravessamos”, Petruzziello procura fazer ver que “sem pessoal suficiente e adequado, o consulado não pode prestar o atendimento que todos esperam”. Nesse sentido, ele elogia o trabalho do cônsul Di Venezia “que está tentando com grande esforço  resolver os problemas que o consulado está atravessando”.

Problemas que não são novos, reconhece também Petruzziello ao discorrer sobre as possíveis razões pelas quais nas últimas duas convocações do Ministério do Exterior ninguém se apresentou para vir trabalhar em Curitiba. Os salários foram reduzidos – conta ele – e talvez isso tenha tornado menos atrativo às pessoas virem para países como o Brasil, com sérios problemas de segurança e outros que enumera na vídeo-entrevista que acompanha esta matéria.

Ao falar sobre os Comites e as limitações  legais de sua atuação,  inclusive em casos como esse do Consulado de Curitiba, Petruzzielo lembra que a luta pela mudança na legislação desses órgãos de representação é antiga, mas os deputados eleitos no exterior não estão dando importância e “talvez alguns até digam que os Comites não servem para nada”.

É “uma vergonha” – aduz Petruzziello – que na última e recente reunião virtual convocada pelo CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’ para discutir exatamente sobre as próximas eleições dos Comites não tenha comparecido nenhum dos deputados eleitos no exterior. “O próprio Conselho está dividido, sem consenso, e não sabe o que quer”, assinala ele que já foi conselheiro, sugerindo que com um clima desses, problemas consulares, embora graves, não movimentam a ação nem do CGIE, nem dos parlamentares eleitos no exterior e, como consequência, muito menos do próprio Parlamento. 

“Desde que elegemos os parlamentares no exterior, também demos um belo tiro no pé, porque tiramos dos Comites – um órgão mais representativo das comunidades locais – os poderes e os passamos para os parlamentares; tecnicamente eles são mais poderosos que os Comites, mas vamos ver o desempenho desses parlamentares… É vergonhoso!”, assinala o advogado.

Apesar disso, Petruzziello entende que é preciso alguma ação para o enfrentamento dos problemas do Consulado Geral da Itália em Curitiba. “Acho que poderemos e deveremos começar a escrever, a nos manifestar perante o governo italiano e aos parlamentares eleitos no exterior, fazendo um relatório do caos que Curitiba é hoje. (…) Nós precisaríamos ter pelo menos a metade do pessoal que opera no Consulado Geral de São Paulo, que tem 50; nós temos 10, contando inclusive trabalhadores temporários”.

“Por dever, e também para dar uma satisfação à comunidade e, ainda, em apoio ao cônsul Di Venezia”, Petruzziello assegura que falará com a presidência da entidade e que, na próxima reunião do Comites, deverá apresentar algum tipo de manifestação sobre a realidade hoje vigente.