Cumprimentando o senador Ricardo Merlo pela sua nomeação como ‘sottosegretario agli Affari Esteri’ com a possível delegação para os italianos no exterior, o ex-deputado Fabio Porta perguntou o que ele agora vai fazer com a “taxa da cidadania” e teceu também críticas ao governo italiano recém-formado por, entre outras coisas, “aceitar e governar com o voto de parlamentares eleitos de forma mais ou menos suspeita”.

O ex-parlamentar destacou a importância de de alguém eleito no exterior ocupar importante cargo no Ministério das Relações Exteriores da Cooperação Internacional e garantiu que “se o assunto é melhorar os serviços [consulares] e ajudar a essa comunidade, estaremos juntos”, disse Porta.

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Em suas críticas, Porta se referiu ao hoje senador Adriano Cario, que concorreu pela Usei – ‘Unione Sudamericana Emigrati Italiani’ e cuja eleição ele está contestando na justiça italiana e argentina. Segundo o ex-candidato ao Senado, no dia anterior à formação do novo governo, Cario entrou para o grupo do Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’ porque o governo precisava reforçar sua posição no Senado. “Todo mundo sabe – disse ainda Porta – que a indicação do Merlo foi possível também para manter o aporte de um segundo senador” num momento em que o governo precisava de votos.

“O que aconteceu na última eleição foi muito grave” – repetiu Porta – voltando a afirmar que entre 15 e 20 mil votos estão sob suspeição, colocando em risco a própria eleição para os italianos no exterior e cuja investigação começa agora com o início de funcionamento das comissões parlamentares. Ele reconhece, entretanto, que o senador Merlo foi o primeiro a lhe emprestar solidariedade e a dizer, várias vezes, que eu, “moralmente”, sou o vencedor da segunda cadeira no Senado para a América do Sul.

Porta, que afirma ter retornado à suas atividades anteriores à ida para o Parlamento, na estrutura da Ital-Uil, também elogiou Merlo pela escolha do cônsul de Porto Alegre, Nicola Occhipinti, para o cargo de seu chefe de gabinete. O ex-parlamentar diz que “se a notícia for confirmada”, também esta seria “uma boa notícia para os italianos no exterior”, lembrando que Occhipinti sempre se manifestou favoravelmente à “taxa da cidadania”.

Aliás, é sobre a “taxa da cidadania” que Fabio Porta argumenta longamente na entrevista que concedeu com exclusividade à revista Insieme, poucas horas depois que chegou em Roma, na última sexta-feira. Os 300 euros cobrados pela rede consular desde meados de 2014 sobre cada processo de reconhecimento da cidadania italiana por direito de sangue só começaram, em parte, a voltar para os consulados, passadas as eleições, representando duro golpe nas pretenções eleitorais de Porta. Os recursos, como se sabe, têm endereço definido na Emenda Porta: destinam-se à melhoria dos serviços consulares no que diz respeito, exclusivamente, às “filas da cidadania”.

“Nós não tivemos a oportunidade de usar esses recursos” que, à época, Merlo dizia serem inclusive inconstitucionais. “O que ele vai fazer agora? Vai pedir a eliminação da taxa? Ou vai utilizar esses recursos que este ano serão algo em torno de oito milhões e meio de euros” para a melhoria dos serviços consulares e “para acabar com a fila, que era minha intenção?” Fabio Porta, entretanto, diz que vai “ficar contente” se o governo, com esses recursos, resolver um dia o problema das filas”, pois ele se sentirá também responsável por essa vitória.

No vídeo contendo a íntegra da entrevista, Porta também chama a atenção dos parlamentares, do CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’ e dos Comites – ‘Comitati degli Italiani all’Estero’ para o “dever e a obrigação” de fiscalizar o emprego desses recursos oriundos da taxa dos 300 euros sobre os processos de cidadania.