“Eu acho que deveriam existir mais Fellinis, mais filosofia de vida de Fellini: o bom humor, a alegria, a vida menos dogmática, menos prisioneira de ideologias”


 

Federico Fellini vive e suas obras palpitam, desde semana que passou, nas dependências do Museu Guido Viaro, em Curitiba. Ali foi inaugurada, na noite de 23/01, a exposição permanente “Fellini 100 anos”, reunindo toda a coleção particular do curador e produtor cultural Antonio Gava – uma das maiores do gênero sobre o diretor e roteirista de cinema italiano, reconhecido em todo o mundo como um dos mais influentes cineastas de todos os tempos.

PATROCINANDO SUA LEITURA

O acervo, além de filmes, reúne imagens raras, cartazes, livros, roteiros, edições, desenhos, alguns deles não mais encontráveis nem mesmo na Itália, explica Antonio Cava na vídeo-entrevista que concedeu à Revista Insieme: “Cada viagem que eu fazia eu trazia alguma coisa na mala… após alguns anos eu descobri que virei um colecionador”. Tudo isso compõe agora a exposição permanente que pode ser visitada de terça-feira a sábado, no horário compreendido entre 14 e 18 horas, sendo que aos sábados à tarde há também exibição de um filme, sempre em italiano, do diretor no Cine Espoleta, com entrada franca.

Segundo o produtor, a atualidade de Fellini está em sua filosofia de vida. “Eu acho que deveriam existir mais Fellinis, mais filosofia de vida de Fellini: o bom humor, a alegria, a vida menos dogmática, menos prisioneira de ideologias, que era aquilo que Fellini pregava em sua arte, em seus filmes”, sem deixar de ter profundidade, de abordar questões políticas, mas sem aquela prisão da mente, deixando-se contaminar com a vida imaginada, dos sonhos, da fantasia e da imaginação… porque a nossa vida, conforme ensinou Fellini, é feita de todos esses planos, como ele nos ensinou no filme “.

Classificando Fellini como um “companheiro de viagem”, que é consultado sempre que surge uma encruzilhada, “principalmente no plano criativo”, Cava explica que para os seus objetivos contou com a ajuda apenas de amigos, rejeitando recursos ou patrocínios oficiais: “É um sonho realizado, uma doação. A matéria principal dessa coleção é a paixão”, diz ele.

Para os jovens, Antonio Cava lembra que os filmes de Fellini foram sempre baseados no humor. Então, aflora o “lado criança de Fellini” que, com isso, indica que nós precisamos preservar “esse lado ingênuo da vida”, pois “é o que nos preserva jovens”. O doador das obras explica, na vídeo-entrevista, o motivo pelo qual escolheu Curitiba para entregar seu longo e paciente trabalho de anos. O Museu Guido Viaro está situado à Rua XV de Novembro 1348.