A entrada na Itália de voos procedentes do Brasil está proibida desde o dia 16/01 (Foto Arquivo Revista Insieme)

Em carta aberta ao presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, os italianos bloqueados no Brasil em função da pandemia pedem medidas urgentes para que possam voltar à Itália “com segurança” o quanto antes possível. A carta, assinada por um grupo recém-constituído no Facebook e Instagram denominado “italiani bloccati in Brasile” , está sendo divulgada à imprensa pelo ex-deputado Fabio Porta.

Segundo o documento endereçado a Mattarella, seriam 1.500 os italianos bloqueados no Brasil (e não entre 300 e 500, conforme divulgamos anteriormente) desde que o Ministério italiano da Saúde impediu, em 16 de janeiro último, a entrada na Itália de qualquer pessoa procedente do Brasil. Esse número, segundo explicam os signatários, é resultado de um mapeamento realizado pela própria Embaixada da Itália, em Brasília, e pela rede consular italiana no Brasil. O bloqueio, que não admite nenhuma exceção, foi confirmado no dia 30 último e, segundo os signatários, “vai contra as linhas gerais da União Europeia, viola a Constituição Italiana e o artigo 13 dos Direitos Universais da pessoa humana”.

PATROCINANDO SUA LEITURA

A carta tem o seguinte teor, na íntegra: “Dia 15 de janeiro muitos italianos, 1.500 pessoas segundo mapeamento efetuado pela Embaixada Italiana em Brasília, foram pegos de surpresa com uma decisão ministerial que bloqueava todos os voos que chegassem do Brasil a partir de 16 de janeiro, ou seja, sem que tivessem tempo de se programarem. Não foram previstas exceções, diz o texto. Dessa forma, todos os cidadãos italianos e residentes na Itália que a partir daquele momento se encontravam no Brasil continuam ainda ali bloqueados, impedidos de voltar para suas casas.

A decisão em questão, renovada em 30 de janeiro, sempre sem exceções, contraria as linhas mestres da União Europeia, viola a Constituição italiana e o artigo 13 dos Direitos Universais da pessoa humana; todo cidadão tem o direito de voltar a seu próprio país.

Infelizmente, para os italianos não existe previsão de retorno, estão abandonados no Brasil, sem assistência, uma vez que a Embaixada e os consulados dizem, quando respondem, que nada podem fazer. Alguns casos são também graves: crianças que arriscam perder o ano escolar, famílias separadas, pessoas doentes que têm necessidade de remédios específicos e cuidados médicos, pessoas que correm o risco de perder seus empregos.

Deixar tais pessoas, algumas em situações desconfortáveis, num país com alto risco de contágio, é um abandono cruel. No Brasil, correm o risco efetivo de contágio e, depois, terão que suportar os péssimos serviços de saúde desse país. O que tais cidadãos pedem é poder voltar a suas casas, seguido as medidas de segurança adequadas para garantir a segurança dos outros, mas também a sua.

Sem encontrar ajuda de parte alguma, tomaram iniciativas por conta própria, como constituir grupo Facebook, realizar petições online, “flash bob” e “hashtags”. O objetivo principal do grupo é o de obter do Ministro da Saúde, Roberto Speranza, uma exceção na ordem expedida por ele que permita aos cidadãos italianos residentes na Itália que agora se encontram em território brasileiro voltarem para casa em segurança, com a obrigação de exame médico e quarentena, como fizeram os demais países europeus em relação a seus cidadãos. O grupo não quer de forma alguma tornar-se espaço para alternativas ilegais de retorno e este é um valor inegociável. O grupo acredita nos valores constitucionais (art. 16) e na validade dos direitos humanos (art. 13) e pretende uma solução rápida e legal para todos. Italiani bloccati in Brasil“.

A seguir, publicamos o texto em italiano do grupo: Lettera aperta al presidente della repubblica Sergio Mattarella
Egregio Signore Presidente,

il 15 gennaio molti italiani, 1500 persone da quanto risulta da una mappa articolata effettuata dall ‘ambasciata italiana in Brasilia . sono stati sorpresi da un’ordinanza ministeriale che bloccava tutti i voli che arrivassero dal Brasile a partire dal 16 gennaio, ovvero senza aver il tempo di programmarsi. Non sono previste eccezioni, dice il testo. In questo modo tutti i cittadini italiani e residenti in Italia che da quel momento si trovavano in Brasile sono ancora lì bloccati, impediti di rientrare presso il proprio domicilio.
L’ordinanza in questione, rinnovata il 30 gennaio, sempre senza eccezioni,  va contro le linee guida dell’Unione Europea, viola la costituzione italiana e l’artico 13 de diritti umani universali: ogni cittadino ha il diritto di ritornare al proprio paese.
Purtroppo per gli italiani non si può fare una previsione di rientro, sono abbandonati in Brasile, senza assistenza, dato che l’ambasciata e i consolati dicono, quando rispondono, di non poter fare altro. Alcuni casi sono anche gravi: bambini che rischiano di perdere l’anno scolastico, famiglie separate, persone affette da malattie che hanno bisogno di farmaci specifici e cure mediche, persone minacciate di essere licenziate se non tornano al lavoro.
Lasciare queste persone, alcune in situazione di disagio, in un paese ad altro rischio contagio è un abbandono crudele. In Brasile rischiano effettivamente di contagiarsi e poi di dover perire sotto la malasanità che aggrava le condizioni di questo paese.
Quello che questi cittadini chiedono è di poter fare rientro presso il proprio domicilio, seguendo le misure di sicurezza adeguate per garantire la sicurezza agli altri ma anche a se stessi.
Senza trovare aiuto da nessuna parte, hanno messo in atto iniziative per conto proprio, come gruppo Facebook, petizione on line, flash bob e hashtags.
L’obiettivo principale del gruppo è quello di ottenere dal Ministro della Salute Roberto Speranza un’eccezione all’ordinanza emessa da lui che permetta ai cittadini italiani residenti in Italia che ora si trovano in territorio brasiliano di poter rientrare a casa in sicurezza, con obbligo di tampone e quarantena, come hanno fatto gli altri stati europei con i propri cittadini. Il gruppo non vuole in nessun modo essere spazio per escogitare  alternative illegali di rientro e questo è un valore non negoziabile. Il gruppo crede nei valori costituzionali (art. 16) e nella valenza dei diritti umani (art. 13) e punta ad avere una soluzione rapida e legale per tutti.
Italiani bloccati in Brasil”