“Fico muito chateado, abobado de ver que esta nova imigrante, a La Marca, que veio de uma imigração recentíssima para o Canadá, tenha a coragem de querer tocar em nossos filhos. Isso vai ser uma guerra! Porque a Itália é a favor do ‘ius sanguinis’”.

A declaração é do deputado Luis Roberto Lorenzato (Lega), instado por Insieme a se pronunciar sobre a posição defendida pela deputada Francesca La Marca (PD) perante a plenária do CGIE – ‘Consiglio Generale degli Italiani all’Estero’, reunido esta semana em Roma. La Marca defendeu limitar a transmissão da cidadania italiana por direito de sangue na segunda geração.

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Lorenzato também falou sobre a proposta do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado italiano, senador Vito Petrocelli, que pretende a adoção de testes de língua e italianidade para a “concessão” da cidadania italiana. Lorenzato disse que não vê qualquer possibilidade de a maioria apoiar a ideia dele. “É uma atitude preconceituosa”, disse Lorenzato, aduzindo que seu partido, a Lega, defende “em primeiro lugar os italianos, inclusive aqueles do exterior”, já italianos desde o nascimento.

Em relação à limitação geracional, embora esta seja uma velha e surrada bandeira de alguns grupos parlamentares, a estranheza maior é que ela, outra vez, tenha sido levantada por alguém eleito no exterior. A reação do subsecretário e senador Ricardo Merlo (Maie) foi imediata: “No ‘ius sanguinis’ não se toca”, disse ele, contra-atacando também os defensores do ‘ius soli’.

“Essa lei – enfatizou Lorenzato em vídeo gravado e enviado a Insieme – não foi feita para para canadenses, argentinos ou brasileiros. Essa lei foi feita para a Itália. É italiano o filho de pai ou de mãe italianos. Não importa se nasceu na Itália, na Sardenha, se nasceu no Continente, se a pessoa é de primeira geração, segunda geração”.

Segundo Lorenzato, “Isso é um mecanismo, é uma estratégia da esquerda para colocar um pelo no ovo, isto é, criar uma situação de limitação, para tentar trocar para o ‘ius soli’, para que depois a lei seja confusa e a magistratura possa conceder sentenças como bem imaginar”.

O parlamentar ítalo-brasileiro observou que os italianos que vivem no exterior com cidadania reconhecida são “um povo, somos 10% da Itália” e que “já nascemos italianos” e “não viramos italianos o dia em que vamos ao consulado apanhar o passaporte. Somos italianos desde o nascimento.”

Ele disse ainda a Insieme: “Temos um acordo de governo. E os italianos, pelo que eu saiba, são a prioridade no exterior e são a prioridade na Itália para este governo. Não vejo a menor possibilidade de qualquer limitação, por parte da maioria do governo, da cidadania italiana na segunda geração.” Ele acredita que isso seja apenas “uma jogada política de quem não tem expressão no exterior. Nós, da Lega, somos um grande partido… Vejo nisso uma atitude preconceituosa que não é a cara do atual governo, muito menos do meu partido. Porque nós defendemos “primeiro os italianos”, inclusive aqueles do exterior”, acrescentou Lorenzato.