Lorenzato e Lega denunciam “conspiração” contra o ‘ius sanguinis’. E apontam também para a Farnesina. Merlo diz que não sabe de nada

“Desmascaramos o plano da esquerda que pretende legalizar os ‘clandestinos’ e destruir a nossa ligação de sangue e a nossa história”: é cidadão [italiano] o filho de pai ou mãe” – diz o texto publicado nas redes sociais -; e “não está escrito filho de pai ou mãe nascidos na Itália”. O título: “Denúncia de conspiração”.

O “plano secreto” para “aos poucos” fazer alterações no ‘ius sanguinis’, segundo postaram, primeiro, o deputado ítalo-brasileiro Luis Roberto Lorenzato, e, depois, o próprio partido dele – a Lega – seria da Farnesina, isto é, de setores do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional do governo italiano e de um “outro partido político que não é a Lega nem o 5 Stelle”. O texto não indica qual o partido político e, segundo assegura, esse plano teria por objetivo estabelecer limites geracionais na transmissão da cidadania italiana por direito de sangue, hoje sem limitação alguma.

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Lorenzato e Lega postaram em seus perfis no Facebook e fazem referência a texto publicado no site “italia chiama italia”, segundo o qual, “mais cedo ou mais tarde” haverá limitação à transmissão do “ius sanguinis”. “Em que geração poderá um cidadão puro ‘ius sanguinis’ ser considerado válido? Quanto dura uma ‘linha de sangue? Também o avô, o bisavô? Infinitamente?”, pergunta um artigo assinado por alguém chamado Luca Dassi.

O autor volta à carga para dizer que o ‘Decreto Salvini’, em vigor, mudou as regras relativas à cidadania italiana, exigindo de quem pretende adquiri-la um conhecimento mínimo da língua italiana, mas, “atenção, apenas quando se trata de cidadania por matrimônio ou por residência”, nada tendo a ver com a cidadania por direito de sangue, que segue sem limitações. Entretanto, o texto sugere que isso será por pouco tempo.

“Hoje – diz o texto – não existem limites para a transmissão da cidadania ‘ius sanguinis’ mas não são poucos aqueles que entendem que continuar assim não será possível. Sabemos que nos próximos meses política e instituições deverão se ocupar do assunto. Eles é que deverão dar respostas e encontrar as melhores soluções”.

Questionado sobre a afirmação de Lorenzato e da Lega, o subsecretário paras os italianos no mundo da Farnesina, senador Ricardo Merlo (Lega) e perguntado se o partido referido seria o PD – Partido Democrático, disse: “não faço ideia, não acredito. Comigo ninguém falou disso, nem mesmo existem rumores”. E disse mais: “Se não fôssemos eu e Lorenzato, o corte no ‘ius sanguinis’ estava no Decreto Segurança, cuja elaboração é da Lega. Nós não haveremos de permitir e já evitamos [isso]. Salvini entendeu e demonstrou grande atenção em relação a nós”.

No texto publicado pelo deputado Luis Roberto Lorenzato, que hoje se encontra em Davos, na Suíça, e depois repetido na página da Lega apenas em italiano, está escrito: “Qual a jogada suja? Ao colocar limites de geração precisará fazer a conta de onde parte ou nasce o direito ou seja daquele cidadão italiano que nasceu na Itália e aí para a existir(sic) na legislação em via incidental o princípio do ‘jus solis’(sic), direito de quem nasceu no território! Hoje a Lei é simples e clara: “É cidadão filho de pai ou mãe italiano! Não consta na lei filho de pai ou mãe nascido na Itália! A máscara caiu, desvendamos a jogada comunista para legalizar os clandestinos e destruir nossos laços de sangue e nossa história!”

Reprodução do post no perfil facebook de Lorenzato.