Reprodução da página de rosto do site do jornal 'Corriere della Sera'

Mesmo tendo repetidas vezes informado que não aceitaria uma reeleição, o presidente Sergio Mattarella acabou aceitando o resultado imposto pelo Parlamento italiano hoje (29), na oitava votação de um processo iniciado na segunda-feira e que se encontrava numa situação de impasse, sem o entendimento entre as diversas correntes partidárias.

Mattarella obteve 759 preferências – 254 além do minimo necessário – e 94 a mais que os votos recebidos em sua primeira eleição, em 2015.

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Após a comunicação formal de sua reeleição pelos presidentes da Câmara e do Senado, Mattarella dirigiu-se à nação para dizer que as condições atuais da Itália “exigem não fugir das obrigações para as quais se é chamado”. Em toda a história republicana, somente Sandro Pertini obteve apoio maior que o alcançado por Mattarella.

Sergio Mattarella tem 80 anos e, quando cumprir o novo mandato, estará com 87 anos de idade. O juramento deverá ocorrer no correr da próxima semana, pois seu atual mandato termina dia 3. Antes dele, apenas Giorgio Napolitano havia sido reeleito.

Nas três primeiras rodadas eleitorais, quando o quorum era de dois terços dos 1009 ‘grandes eleitores’ (deputados, senadores e representantes das Regiões italianas), prevaleceram cédulas brancas. A polarização até a última hora girou em torno da candidatura do ex-presidente do Conselho de Ministros, Silvio Berlusconi, lançado pelos partidos de centro-direita, que, entretanto, não tinham os números para sustentar uma candidatura própria, com a rejeição de todos os partidos de centro-esquerda. Berlusconi acabou retirando sua candidatura na véspera do início do processo eleitoral. Nos demais processos, quem fez mais votos foi a presidente do Senado, Maria Elisabetta Alberti Casellatti.

A reeleição de Mattarella garante a permanência de Mario Draghi na presidência do Conselho de Ministros, que hoje conta com o apoio da quase totalidade dos partidos. Também, segundo as ‘costuras políticas’ realizadas, garante o término normal da atual legislatura, sem a realização de eleições antecipadas.

Em todo o mundo, a reeleição de Mattarella foi bem recebida. No final da tarde de hoje, o senador Fabio Porta distribuiu nota à imprensa nos seguintes termos: “Em meio à crise mais difícil que a Itália enfrentou desde a guerra e em meio às delicadas fases de implementação pelo governo do Plano de Reconstrução e Resiliência (PNRR) sob a liderança do primeiro-ministro Mario Draghi, a vontade do Parlamento italiano que hoje com grande maioria elegeu pela segunda vez Sergio Mattarella como Presidente da República é um sinal de grande responsabilidade institucional e de sintonia com o sentimento popular.”

“Todos os italianos, incluindo os milhões de compatriotas que vivem no mundo – continua Porta -, puderam conhecer e apreciar nos últimos anos a extraordinária capacidade de garante da Constituição e intérprete da unidade nacional do presidente Mattarella, e por isso sabem bem que em um momento tão delicado e complexo (até politicamente) essa escolha teria sido a única capaz de garantir coesão e estabilidade ao país. Obrigado ao presidente Mattarella pelo elevado sentido de Estado que demonstrou ao responder positivamente ao apelo do Parlamento e do povo italiano. Vida longa à Itália! Viva o Presidente da República!”