Andrea Pacia, secretário do PD em Fortaleza. (Foto Cedida)

Queridos leitores, fui buscar  inspiração na literatura para definir o perfil dos dois deputados eleitos  pelos ítalo-brasileiros nas últimas eleições políticas italianas . Quero ressaltar que a intenção não é denegrir, nem ofender, e peço perdão aos “Onorevoli”  deputados  se estas linhas escritas acabarem despertando sentimentos de raiva ou apenas de desconforto.

A minha intenção, na verdade, é causar mal estar e desconforto nos eleitores, e enfatizar mais uma vez  que aquela cédula enviada pelo correio para registrar uma vontade democrática foi impressa com os sonhos  e os anseios de ancestrais que lutaram e conquistaram o direito sagrado de votar. Em síntese, tem que ser respeitada, não sendo a mesma papel higiênico.

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Passou-se mais um ano daquela eleição e, portanto, cabe fazer um balanço de resultados e avaliar o trabalho destes dois  eminentes deputados.

O Príncipe eleito nas listas da Lega é, realmente, um fenômeno a ser analisado com grande respeito, afinal a nobre linhagem ostentada por ele exige essa deferência. Na campanha eleitoral, nosso Cavaleiro do ‘Sacro Romano Impero’ infiltrado no Pacto de Pontida usou todo um vasto repertório de “fake news” para atacar e rotular o PD de PT da Itália. Com isso teve o grande mérito de entender que, naquele momento, o ódio contra o PT era uma arma poderosa e devastadora a ser usada. Palmas para o Príncipe!

Logicamente, omitiu que durante os anos de governo Lula e Dilma frequentava os palácios e se beneficiava das amizades com as autoridades petistas, ostentando amizade com Palocci e companheiros. Omitiu muitas informações que, com certeza, não o qualificam com um santo.

Artistas frequentadores das festas do “playboy” Pastore (grande financiador da campanha principesca e beijoqueiro de Kate Moss) posaram nos vídeos para pedir votos a essa dupla de candidatos que não teve problemas para gastar rios de dinheiro.

Mas estes aspectos não podem ser considerados pecados mortais e, acreditem, não me causam inveja,  afinal a lei italiana impõe um limite de gastos de 50 mil euros mas muitos candidatos gastaram mais que isso. Por não falar do uso das “fake news” e de baixarias. Os que fizeram campanhas limpas  não se elegeram, isso é fato.

Mas hoje passou-se um ano, e os eleitores querem saber o que estão fazendo em Montecitorio esses dois ítalo-brasileiros.

Pelo que sabemos, além de esbravejar contra os “Comunistas do PD”, câncer da humanidade que querem acaba com a lei da cidadania, o nosso Príncipe (que, diga-se de passagem, de bobo não tem nada) nada tem produzido.

Afinal, quem tem como mestre o Salvini que produziu uma loteria “Vinci Salvini”, onde você, compartilhando o ódio dele, ganha  mensagem do próprio Salvini e até um encontro com ele, se você se destacar como um seguidor fiel, não poderia ser diferente.

Quem sabe o Príncipe poderia fazer uma loteria “rifa do príncipe” e, se seguir ele, poder ganhar o titulo de cavaleiro da mesa redonda do Lorenzato, com direito a beijo do Pastore.

No entanto, o nosso espertalhão, para  o Governo brasileiro se propõe como o contato perfeito de aproximação Salvini x Bolsonaro e vice-versa, e atravessa nossas instituições desconsiderando nosso Ministério das Relações Exteriores – Farnesina, tentando fazer política para fins particulares.

Projetos de lei, propostas concretas para melhoramentos dos serviços, visitas aos consulados para entender como funciona a máquina e propor melhoria? Como dizia um grande escritor sículo-inglês: muito barulho por nada.

Parabens!

Mas, e nosso Fausto?

“Infausto” ex-senador da República Italiana, caçado pelas Ienas e denominado “candidato dos 2 mundos” em homenagem aos mítico Giuseppe Garibaldi. Desde então, fantasma de uma “opera buffa” belíssima como o vídeo que o vê de braço dado com o cálabro-argentino Sangregorio, outro desaparecido da “Plaza de Maio”, Imperador dos Bingos, que em Montecitorio é vitima de “bullyng” e de risadas dos colegas quando arrisca discursar, dando robustas munições para aqueles que querem acabar com o voto no exterior. Sangregorio, o Razzi da América do sul.

Peço desculpa por toda essa ironia, mas os eleitores no Brasil tinham muito boas opções em todas as listas, candidatos bens intencionados com bagagem, experiência e ideias boas, pessoas engajadas com a coletividade, honestas e competentes.

Mas os eleitos brasileiros, a julgar pelo trabalho parlamentar até agora, não estão sendo dignos do mandato recebido.

No entanto, o “Partito Democratico” – cabe explicar aos demais desinformados (não é o PT da Itália) – é uma  força politica que agrega todos aqueles que acreditam numa sociedade com ideais de centro-esquerda progressista,  europeísta e que não é populista ou  “sovranista”. Força política que acredita que o diálogo e o confronto construtivo são a base da boa política. Um diálogo honesto,  também com governo de direita, sem ofensas, mas com legítimas cobranças de resultados. A política não é a arte do improviso, é uma missão para quem abdica de seus interesses e passa a tutelar os interesse de uma comunidade.

Nós, do PD, acreditamos seriamente que tem bons políticos de esquerda e de direita também, como tem políticos ruins de direita e de esquerda.

Por isso convoco  e imploro aos eleitores ítalo brasileiros a se respeitar e a cobrar resultados dos eleitos.

Sei que essa matéria vai gerar revolta nos 2 “Onorevoli”,  que vão replicar com raiva, praticando alpinismo nos espelhos.

Faz parte !!!

Muito agradeceria, no entanto, aos dois, um gesto de humildade deles com a promessa de, finalmente, trabalhar e aparecer, e fazer jus ao salário e ao prestígio concedido e outorgado por milhares  de eleitores.


Andrea Pacia é secretário PD em Fortaleza – Brasil