Imagem da página do Consulado da Itália em Curitiba com a última convocação de enfileirados, em 17 de maio de 2019. (Reprodução)

“Ano passado fomos informados que a publicação da convocação da fila de espera seria feita em Janeiro/2020. Hoje é o último dia do mês e nada saiu. Não há comunicado para nenhum conselheiro do Comites, não há aviso na página do consulado, redes sociais, nada!”


 

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Enquanto o cônsul geral da Itália em São Paulo, Filippo La Rosa, cobre-se de elogios por vir a público e pessoalmente, através de mensagem de vídeo, convocar enfileirados da cidadania sem esperar o ‘vademecum’, seu colega de Curitiba colhe críticas em múltiplos canais das redes sociais exatamente por uma atitude oposta: fez sumir do site oficial do consulado que dirige qualquer link referente à cidadania ‘iure sanguinis’.

Num primeiro tempo, aguardava-se que a alteração fosse para realizar o chamamento da turma que foi suspensa ainda em novembro do ano passado, ante a criticada alegação de que se deveria esperar a anunciada cartilha (ou ‘vademecum’) prometida para a unificação dos procedimentos consulares durante a reunião do Sistema Italia, em Curitiba. A semana passou, e nada aconteceu, até que ontem, quinta-feira, atentos interessados soaram o alarme: cadê a convocação prometida?

“Hoje temos a comprovação de que o consulado de Curitiba não é sério (sic). Ou melhor, o cônsul Raffaele Festa não é sério e joga com os ítalo-brasileiros como se fôssemos seus brinquedos”, escreveu o advogado Elton Stolf no Facebook.

Imagem da página do Consulado de Curitiba em 31/01: link inexistente para o ‘ius sanguinis’. (Reprodução)

“Lamento muito ter que escrever essas palavras de indignação, mas na qualidade de representante da comunidade ítalo-brasileira me sinto envergonhado com a representação diplomático-consular que temos em nossa circunscrição” concluiu Stolf em sua extensa mensagem, lembrando que “ano passado fomos informados que a publicação da convocação da fila de espera seria feita em Janeiro/2020. Hoje é o último dia do mês e nada saiu. Não há comunicado para nenhum conselheiro do Comites, não há aviso na página do consulado, redes sociais, nada!”.

Elton é conselheiro do Comites – ‘Comitato degli Italiani all’Estero’ para os Estados do Paraná e Santa Catarina que, desde meados de novembro último, após a renúncia de Walter Antônio Petruzziello, está sob a presidência do advogado Luis Molossi. Enquanto Molossi, depois de duas reuniões com o cônsul, silencia mesmo provocado, Stolf, que também é advogado, diz agir no interesse de seus representados.

Da parte dos ‘representados’ e enfileirados, o rosário de queixas é diário. Ontem o internauta Ivan Pinzon, escrevia que “uma ajuda da revista é muito bem vinda” (…) “porque a transparência aqui de Curitiba é ‘0’, e estamos praticamente sem convocações desde maio do ano passado. Ninguém orienta em nada o pessoal que seria convocado em novembro e está com tudo pronto; imagina se realmente colocam [no ‘vademecum’] limite de validade nos documentos, seria um desastre total. Eu mesmo acabei indo para a Itália, porém, optei em retornar para o Brasil para fazer o reconhecimento e então voltar novamente com as cidadania reconhecida. Porém devido a todas essas paradas e atrasos do consulado, é arrasador e deprimente precisar ficar esperando de mãos atadas. Fora as emissões de passaporte de Curitiba, que simplesmente não funcionam”.

A principal angústia dos enfileirados que estavam para ser convocados dentro da ordem natural que vinha sendo seguida é em relação aos documentos que – segundo alegam – estavam prontos. Agora, se as novas regras estabelecerem prazos, muitos terão que realizar tudo de novo, com evidentes prejuízos a centenas de pessoas.

Já no dia 6 de dezembro a internauta Neudete Comunello perguntava se “vocês têm alguma informação sobre o motivo de não sair a nova convocação para o reconhecimento da cidadania italiana no consulado de Curitiba? A nova convocação deveria ter ocorrido em 19/11/2019. Enviei e-mail e não respondem”, queixava-se Neudete.

Já o internauta Caio Saverio, sob o título “A grande sacanagem”, publicou no dia 22 de janeiro um texto longo, cujas partes principais aqui reproduzimos por melhor explicitar o assunto: “Em tempos de debates doidos sobre a grande naturalização é preciso falar sobre a grande sacanagem (…) que está ocorrendo no Consulado Geral de Curitiba, capitaneado pelo senhor cônsul Raffaele Festa. Vamos aos fatos. Durante reunião do Sistema Itália de 2019, realizada em novembro em Curitiba, o sr. cônsul falou que Curitiba não faria a convocação prevista para aquele mês pois esperaria a publicação de um novo roteiro unificado (a ser utilizado por todos as representações brasileiras) para a obtenção da cidadania por direito de sangue.

De pronto ocorreram manifestações no sentido de: – que roteiro? – quem está discutindo? – vai sair mesmo em janeiro? – e se não sair em janeiro? E mais: – está usando como desculpa? – depois vai pedir mais tempo para o consulado se adaptar! – depois vai estender o intervalo pq as pessoas na fila também precisam se adaptar… e um longo etc.

Chegando a nove dias do final de janeiro a notícia que temos é que o suposto roteiro está em Roma sendo avaliado. O que causa muita estranheza, pois, o que Roma tem a ver com o assunto? Esse roteiro será adotado no mundo inteiro?

Hoje, justamente hoje, o site da embaixada anuncia uma convocação para os enfileirados de Brasília. Nestes últimos dias foi Porto Alegre que convocou. Recife, Rio, Minas e São Paulo seguem normalmente as convocações – com o tradicional passo de cágado, mas convocando. (NR – São Paulo convocou recentemente inscritos dos anos 2008, 2009 e 2010)

A grande sacanagem do senhor Festa, no entanto, segue firme e forte.

É verdade que, desde a gestão de Enrico Mora, por mim chamado sempre de (De)mora, as convocações em Curitiba ganharam um belo ritmo de 3 mil por semestre, com algum pequeno intervalo entre elas. Percebeu-se que o trabalho de análise que demorava pouco tempo estendeu-se, chegando na última convocação a 13 meses. Ou seja, em problemas e situações mais complexas, o consulado começou a correr o risco de poder estourar os 720 dias legais. Sim, sim… na malandragem consular do infinito+720 dias.

Aí, o cônsul que só é bobo para atender os cidadãos, decidiu esticar o intervalo, com esta desculpa esfarrapada, para dar um refresco… Ocorre que justamente no momento em que ocorreu concurso para contratação de pessoal! Incoerência pura!

A grande sacanagem provoca revolta e náuseas. Comecei a estudar italiano por aplicativo e orcei para fazer um curso presencial neste semestre. Me desmotivei completamente, tenho deixado o aplicativo largado e não me matriculei para o italiano presencial. Estava prestes a contratar uma assessoria, pois na convocação depois desta [que foi] adiada seria convocado, e já desisti. Mexeu no mercado, mexeu no brio, mexeu na italianidade. Uma vergonha.

A grande sacanagem do sr. Festa tem de ser exposta! O sr. Festa fez o sr. [Ricardo] Merlo de bobo! Fez o Sistema Itália de bobo! Faz os italianos de bobos!”