Ao fazer uma análise do desempenho dos 12 deputados e seis senadores no Parlamento italiano eleitos pela Circunscrição Eleitoral do Exterior, a deputada Renata Bueno admitiu que “infelizmente a bancada não é unida”. Ela se referia especialmente aos parlamentares eleitos na área da América do Sul.

Bueno disse, durante a entrevista concedida ontem (27) ao editor da revista Insieme, que pelas referências de que dispõe, as coisas estão melhores na atual legislatura em termos de preparo dos parlamentares, mas que não existe a união para um trabalho conjunto que ela buscou inicialmente.

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“Graças a Deus – disse ela – eu consegui conquistar o respeito do Parlamento italiano e de todos os meus colegas, mas alguns não conseguiram conquistar ainda esse respeito”. Ela lembra com satisfação seu primeiro discurso no Parlamento, quando, segundo diz, foi aplaudida de pé por todos, da direita e da esquerda.

A parlamentar assegura que, pessoalmente tem um bom relacionamento com os demais parlamentares brasileiros e de outros países, mas que, “quando se fala em trabalho, “a gente não consegue compartilhar”.

No começo, disse ela que tentou o compartilhamento, “principalmente com os colegas da América do Sul para que a gente propusesse coisas em conjunto. Mas eu entendi que não era possível, porque cada um tem o seu ideal político, cada um tem o seu ideal pessoal, então entendi que não era possível, e toquei o meu trabalho”.

Apesar disso, cada um com seu estilo e sabedor das exigências de seus eleitores, “quando necessário, todos conversamos”. O que não dá para aceitar, disse ela – “é inventar fórmulas dizendo que eu não cumpro meu trabalho… eu nunca disse que o Fabio Porta não cumpre com seu trabalho; que o senador Fausto Longo não cumpre com o trabalho dele… pelo contrário: eu respeito todos e acho que todos cumprem com o seu papel”.

“O que não dá para aceitar é dizer que nós não cumprimos com o nosso papel… como nós estamos recebendo aqui [no Brasil] deputados argentinos que estão no mandato por três legislaturas, que são os mais antigos da Câmara e que não fizeram nada pelo Brasil, virem aqui na nossa terra dizer que a gente não faz nada, isso eu não entendo”.

Renata Bueno conclui dizendo não ter tido interesse pessoal ou de negócios, mas o contrário: “Eu sei o que é a política; eu sei o que é representar uma população que merece cada um dos votos e, é claro, eu digo sinceramente para as pessoas [quando falo] da política brasileira em geral que eu fiui vereadora em Curitiba, representei um mandato de pessoas que lutam pelo pão de cada dia na sua cidade, mas agora eu sou deputada do Parlamento Italiano e as pessoas que votam em mim votam por amor, votam porque têm uma paixão pela Itália, porque, se não, não votam, não têm motivo para votar, mas são pessoas que estão realmente interessadas no meu trabalho que está sendo desenvolvido. Então essa é a grande satisfação de meu trabalho”.