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Mais de quatro anos depois, e já quase às vésperas de nova eleição, a deputada ítalo brasileira no Parlamento Italiano, Renata Bueno, está fazendo uma séria denúncia sobre o processo eleitoral na Circunscrição Eleitoral do Exterior, mais precisamente no Brasil, e que envolve diretamente uma chapa de candidatos, em sua maioria, ítalo argentinos.
Sem citar o nome do partido, a parlamentar se refere a um caso grave que teria ocorrido no interior do Consulado Geral da Itália em São Paulo. Ali, segundo ela, “chegaram muitas cédulas com preferência [assinalada] para uma chapa composta, em sua maioria, por ítalo argentinos e registrada na Argentina”.
Para Renata Bueno, isso seria “ilógico”, observando ainda que os nomes das preferências assinaladas pelos eleitores teriam sido escritos “todos com a mesma grafia e com a mesma caneta”. “Talvez”, ou “possivelmente” pela mesma mão.
Nas eleições de 2013, em que Renata foi eleita, duas chapas, composta por maioria de candidatos ítalo argentinos, como ela diz, concorriam: o Maie – ‘Movimento Associativo Italiani all’Estero’, presidida por seu colega Ricardo Merlo, e a Usei – ‘Unione Sudamericana Emigrati Italiani’, pela qual ela próprio concorria.
A denúncia da parlamentar foi realizada no bojo de uma entrevista que ela concedeu para o jornal ‘La Repubblica”, e que foi publicada na edição do dia 13 último, logo após já se ver livre da “quarentena” de dez anos que a colocava fora do próximo processo eleitoral. À última hora, esse prazo foi reduzido para cinco anos. A entrevista teria sido concedida no mesmo dia em que a deputada anunciou ter estado com o ministro das Relações Exteriores, Angelino Alfano.
A integrante do Parlamento italiano que, anteriormente, tinha sido vereadora na cidade de Curitiba sem conseguir sua reeleição, foi perguntada (a matéria do jornal é assinada por Carmelo Lopapa) porque seria fácil alguém se eleger [para o Parlamento italiano] fora da Itália e porque existem tantas suspeitas “sobre italianos em dificuldade que poderiam tentar a sorte fora”, ela respondeu que “as irregularidades existiram” e “existem”.
“Infelizmente” – disse ainda – essas irregularidades seriam “favorecidas por um sistema não mais aceitável em 2017: o voto por correspondência, sem controle algum, e que qualquer um pode expressar em lugar do eleitor real”.
“Acontecem coisas estranhas”, disse depois a parlamentar, enumerando o caso do Consulado de São Paulo. Isso, segundo ela, não aconteceria em eleições brasileiras, pois “seria impensável” já que “ali já se vota com sistema eletrônico e impressões digitais”.
A entrevista depois deriva sobre as possibilidades da candidatura do político, banqueiro e empresário Denis Verdini, em cujo socorro teria sido apresentada uma emenda nos debates da nova lei eleitoral italiana, pela Circunscrição Eleitoral do Exterior (a emenda fora batizada “Salva Verdini” e acabou recebendo o epíteto de “Salva Bueno”) – uma candidatura, segundo Renata, que não agradaria aos eleitores no Brasil.
A “quarentena” de dez anos “surgida da de improviso” era, a seu ver, algo “sem sentido”, e “parecia escrita exatamente para bloquear-me a estrada”, embora ela tenha afirmado não saber de onde possa ter partido a iniciativa. “Sei apenas que fora apresentada pelo PD (Partido Democrático), disse, acrescentando: “Agora, o que interessa, é que foi retomada a legalidade”.
Sobre isso, o colega de parlamento de Renata, deputado Fabio Porta, tem uma interpretação completamente diversa: a oportunidade de candidaturas de cidadãos italianos residentes na Península foi inserida na lei para estabelecer a reciprocidade, já que cidadãos italianos residentes no Exterior já podiam candidatar-se na Itália. Esta possibilidade, aliás, levou a que o sindicalista ítalo-brasileiro José Luiz Del Roio, nascido em São Paulo em 1942, tenha se tornado Senador da República Italiana pelo partido da Refundação Comunista em 2006, nas mesmas eleições em que se elegeu o falecido Eduardo Pollastri.
