Ao analisar os debates parlamentares que pretendem a introdução do ‘ius culturae’ na legislação que regula a cidadania italiana, o sociólogo Daniel Taddone realizou duras críticas à atuação parlamentar do deputado Luis Roberto Lorenzato (Lega) que acusou tanto o PD – Partito Democratico de Fabio Porta quanto o Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero de Ricardo Merlo de não estarem defendendo os interesses da comunidade ítalo-descendente do Brasil e da América do Sul.

Para Taddone, que é conselheiro eleito do CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, Lorenzato em vez de estar defendendo seus representados está é sim envergonhando a comunidade italiana que ele diz representar. O sociólogo se referiu especialmente à última entrevista do parlamentar leguista em que disparou críticas a diversos colegas seus, tachando-os de “comunistas”. “Tenho vergonha alheia”, disse Taddone.

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“Eu quero dizer às pessoas que acham que o comportamento de Lorenzato é positivo que o comportamento dele é extremamente negativo” – acentuou Taddone, aduzindo “é um comportamento histriônico, tipo comédia pastelão, com argumentos sem pé nem cabeça e as pessoas no Parlamento sabem disso, tanto é que, na própria comissão, o primeiro tema abordado na última sessão foi a má conduta do deputado”.

Sobre a introdução do novo dispositivo (ius scholae) na Lei da Cidadania italiana, Taddone é cético, acha que não será aprovada em função da oposição principalmente da Lega, que anuncia estratégia obstrucionista. Assim, não ocorreriam mudanças também em outros aspectos da lei, especialmente o ius sanguinis. “Eu sou favorável à introdução do ius scholae”, disse Taddone, apontando o dedo sobre a posição da Lega: enquanto ela diz defender o direito de sangue, seu representante na comissão propôs uma espécie de “cidadania censitária” e “plutocrática”, em que terão direitos apenas o que possuírem mais dinheiro.

De forma quase didática Taddone voltou a explicar os princípios que norteiam o “direito de sangue” e rebateu também afirmações e informações errôneas, contidas inclusive nos debates parlamentares. Uma delas diz respeito ao fato de que a Itália seria o único país europeu a não limitar geracionalmente a transmissão da cidadania. Segundo ele, o que na Itália tem de menos ou praticamente não tem são mecanismos para a perda da cidadania que existem em legislações como a alemã, a espanhola e em outros países europeus. Nenhum deles, entretanto, limita em algum degrau geracional a transmissão da cidadania que se opera com nascimento se os genitores não a tiverem perdido em algum momento.

Por fim, Taddone procurou tranquilizar a comunidade ítalo-descendente pois entende que ninguém, hoje, já nascido, perderá o direito em caso de eventuais alterações na legislação. Confira a tele-entrevista de Taddone realizada na tarde de hoje.