O deputado ítalo argentino Ricardo Merlo e seu prognóstico eleitoral (Foto Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)

“Atacam-nos porque começam a perceber qual será o resultado eleitoral (…) Há três anos pagamos a ‘taxa da cidadania’ e os consulados funcionam ainda pior. Estes sãos temas sobre os quais se deve discutir em lugar de perder tempo falando mal do Maie”.

A afirmação é do deputado ítalo argentino Ricardo Merlo, após tomar conhecimento do que disse seu colega, o deputado Fabio Porta (PD), ao comentar o episódio do fechamento temporário da página no Facebook da Embaixada da Itália no Brasil, alvo de severas críticas sobre seu funcionamento, no início deste mês.

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Segundo Porta, as críticas e manifestações dos cidadãos que reivindicam melhores serviços consulares “devem ser respeitadas e ouvidas”, mas, para ele, os “ataques” ao perfil no Facebook da Embaixada (ele citou também o consulado da Itália em Porto Alegre) constituem uma “operação de propaganda e instrumentalização, talvez ligada às próximas eleições”. Porta incriminou diretamente o Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero, fundado e presidido por Merlo, referindo-se ao “partido argentino” que, segundo ele, em vez de estar lutando pela solução do problema, pratica a “demagogia”.

O debate envolvendo as duas correntes ganha, assim, novos contornos, depois de uma breve trégua que se seguiu ao “dia de protesto” convocado pelo Maie em toda a América Latina contra o desmantelamento da rede consular italiana. Merlo voltou a dizer ao site de Insieme que “seria melhor que os 14 dos 18 parlamentares eleitos no exterior (PD e outros), explicassem porque apoiaram um governo que nada realizou para dar fim às filas nos consulados, que destruiu a rede consular, fechou sedes consulares como a de Montevidéu e outras, ou porque votaram sempre a favor de um governo que cortou continuamente os recursos para a língua e cultura italiana”.

Depois, Merlo lembra algumas promessas de campanha de Fabio Porta e Fausto Longo, entre elas a de “eliminar definitiva e rapidamente a absurda ‘fila da cidadania’ instituindo uma contribuição específica destinada a alimentar um fundo capaz de financiar uma “força tarefa” específica e à melhoria dos serviços consulares”; o fortalecimento e a requalificação da rede consular italiana com a homogeneização dos procedimentos e serviços; o revigoramento dos programas de difusão da língua e cultura italiana no mundo, entre outros. “Estas eram as promessas do PD na campanha de 2013”, disse Merlo, para perguntar: “E então?”.

“Quando alguém não tem argumentos para explicar as coisas feitas, reage atacando”- prossegue o deputado Ricardo Merlo”, “mas as pessoas entendem e os ítalo brasileiros lembrarão de tudo isso no momento de votar”, pois “é preciso mudar, isto não pode continuar, já nos enganaram durante os últimos anos de governos de centro direita e centro esquerda”.

Merlo, ao final, propõe de “nos unirmos e formar um grupo único de eleitos no exterior, tanto na Câmara quanto no Senado, com o peso necessário para mudar as coisas. Do contrário, continuaremos com esses ataques que não servem para nada”, enquanto os ‘peones’ dos partidos romanos prosseguirão na destruição sistemática que há dez anos os governos de direita e de esquerda estão realizando”.  Para Merlo, é hora de trabalhar unidos e dizer um basta a isto.