“O MAIOR PROBLEMA EXISTENTE NO BRASIL SÃO AS ILEGAIS E IMORAIS FILAS PARA O RECONHECIMENTO DA CIDADANIA ITALIANA, CUJO PRAZO PODE SUPERAR DEZ ANOS DE ESPERA”

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CURITIBA – PR – Às vezes um pouco brincalhão, mas sempre amigo e receptivo, este é Walter Antonio Petruzziello, um pouco napolitano, vêneto e outro pouco brasileiro embora nascido na Itália. Advogado de formação e de profissão, por muito tempo “avvocato di fiducia” do Consulado Geral da Itália em Curitiba, onde reside, está na política italiana desde que surgiram os Comites – Comitati degli Italiani all’Estero. Um dos quatro conselheiros brasileiros no CGIE – Consiglio Generale degli Italiani all’Estero, o único reeleito, sua alegria mais recente foi ver, no final do ano que passou, eleito vereador na capital do Paraná seu filho Pierpaolo, também advogado, que foi capa da revista Insieme número 133. em janeiro de 2010 (“La mia mano di acciaio”).

Candidato ao Senado pela Circunscrição Exterior na chapa do ítalo-argentino Ricardo Merlo (Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero) nas próximas eleições italianas, Petruzziello assegura que “os maiores problemas da comunidade italo-brasileira são ligados à deficiente estrutura consular no Brasil, onde alguns consulados tem o mesmo número de funcionários que tinham há 40 anos atrás”. Sem meias palavras, ele classifica como “ilegais e imorais” as filas para o reconhecimento da cidadania italiana no Brasil, cujo prazo pode superar dez anos de espera. “Isso não existe – diz ele, comparando: “Você já se imaginou pedindo uma consulta, e o médico lhe dar horário para daqui há dez anos?”

Rebatendo as criticas dos que reprovam as alianças entre Brasil e Argentina (com metade de ítalo-descendentes em relação ao Brasil, a Argentina tem mais que o dobro de eleitores), Petruzziello explica que não foi ele quem procurou o Maie, mas, sim, o inverso. E que somente aceitou a candidatura quando obteve a promessa de ser o único candidato ao Senado do Brasil e com chances reais de eleição. Veja a entrevista que concedeu ao editor da revista Insieme:

Walter Antonio Petruzzielo define Walter Antonio Petruzziello:

Me considero uma pessoa alegre, séria, prestativa e amiga. Estou sempre disposto ao dialogo, não guardo rancor e procuro sempre ter a consciência tranquila daquilo que fiz ou deixei de fazer. Digo ainda que as criticas que sofro são sempre fruto de pessoas que não me conhecem e que muitas vezes ao me conhecer mudam a opinião que tem sobre mim.

Que motivações o levaram candidatar-se?

Em primeiro lugar, sem dúvida, é minha longa convivência e experiência com a comunidade italiana. Em segundo lugar meu trabalho junto às associações, onde hoje sou presidente da Sociedade Giuseppe Garibaldi, a mais antiga de Curitiba, minha participação no Comites (Comitati degli Italiani all’Estero – NR), onde fui duas vezes presidente e no CGIE (Consiglio Generale degli Italiani all’Estero – NR), onde sou conselheiro no segundo mandato e fui o único a ser reeleito.

Fora isso, tenho como motivação a minha profissão de advogado, que permitiu me especializar, na Universidade de Turim, em Direito Comercial. Esta opção me fez trazer para o Brasil dezenas de empresas italianas, que hoje dão emprego a milhares de pessoas, inclusive italianos de nascimento. Meu conhecimento jurídico de mais de 30 anos me permitiram defender o interesse de nossa comunidade, inclusive com intervenção na plenária do CGIE contra as filas da cidadania ou na defesa da cidadania para os trentinos e mesmo para o direito de voto para italianos no exterior. Tudo isso faz parte de meu dia a dia e me permitiu ter o conhecimento que tenho hoje e me faz sentir preparado para representar e defender nossa comunidade. Essa é minha maior motivação.

Por qual razão escolheu o Maie – Movimento Associativo Italiani all’Estero?

Não escolhi o Maie, o Maie me escolheu. Houve um namoro que levou um ano para se tornar casamento. De qualquer modo, eu já participei de duas eleições e sempre na lista ligada às associações, inclusive na primeira vez com Merlo, fundador do Maie, no mesmo partido. A partir do momento que o Maie me apresentou um projeto sério e com a intenção de eleger alguém do Brasil, eu aceitei o desafio. Nas conversas com o presidente Ricardo Merlo eu sempre deixei claro que só aceitaria a candidatura se eu fosse o único candidato ao Senado, residente no Brasil, pois no passado sempre dividíamos os votos entre dois candidatos da mesma lista e os argentinos apresentavam um só. Isso proporcionava a possibilidade, comprovada pelos resultados, deles elegerem o Senador. Agora eles são dois e dividirão os votos e nós temos um único candidato com chances reais de ir ao Senado e representar o Brasil, embora reconheça que devamos representar toda a América do Sul.

Como analisa o desempenho dos parlamentares eleitos pela circunscrição exterior até aqui?

Posso dizer sem medo de ofender ninguém que o único parlamentar que, individualmente, conseguiu alguma coisa para a América do Sul foi o senador Pallaro na primeira legislatura. Aquilo foi um caso isolado porque precisaram do voto dele no senado, caso contrário não formariam o governo. O que ele conseguiu foi dinheiro para o Hospital Italiano de Buenos Aires. Além disso nenhum parlamentar obteve qualquer coisa de concreto para os italianos no exterior. Deixemos claro que não foi porque não quiseram, mas porque, individualmente, não têm força alguma. Os parlamentares eleitos por nós e que são filiados aos partidos políticos italianos devem seguir as diretrizes do partido, haja vista que nenhum deles votou contra a prorrogação dos mandados dos Comites e do CGIE. Isso só vai mudar se alguém levantar a voz e se fazer ouvir e também se houver uma união entre os parlamentares eleitos no exterior. Duvido que certos candidatos estejam preocupados com isso, pois tem gente que não sabe minimamente quais são os problemas da comunidade italiana no exterior.

Que problemas entende específicos da comunidade ítalo-brasileira?

Os maiores problemas da comunidade italo-brasileira são ligados à deficiente estrutura consular no Brasil, onde alguns consulados tem o mesmo número de funcionários que tinham há 40 anos atrás. Veja um exemplo: um Município italiano de 5.000 habitantes tem cerca de 30 funcionários dedicados ao setor de passaporte, “anagrafe”, AIRE e outros relacionados com estes serviços. Já o Consulado Geral da Itália de Curitiba tem quase 50.000 inscritos e tem apenas 15 funcionários para fazer todo o serviço. Esta estrutura provocou o maior problema existente no Brasil que são as ilegais e imorais filas para o reconhecimento da cidadania italiana, cujo prazo pode superar dez anos de espera. Isso não existe. Você já se imaginou pedindo uma consulta, e o médico lhe dar horário para daqui há dez anos? Ou, pior, sem previsão de data, mas, no mínimo, oito anos?

Se não resolvermos os problemas das filas, vamos sempre ter uma grande parcela da comunidade contra nós, contra os consulados, etc…. o que causa um desgaste desnecessário. Outro problema, que talvez não seja só nosso, é o tratamento dado por alguns funcionários dos consulados que tratam as pessoas com descaso e com grosseria, aliado à falta de informação.

Como imagina sua atuação no Parlamento Italiano?

Quero ser um parlamentar ativo. Estou preocupado com muitas coisa que dizem respeito aos italianos no exterior.

Tenho muitas propostas e tenham a certeza de que vou apresentá-las no Parlamento e se eles não aprovarem não vai ser por falta de dialogo e de trabalho, mas nossa comunidade vai saber passo a passo sobre esse trabalho.

Já apresentei dezenas de propostas no CGIE, III Comissão, da qual faço parte e que se ocupa de Direitos Civis, Política e Participação. Tenho certeza que a maioria das pessoas não sabe, mas eu apresentei sugestão para simplificar o reconhecimento da cidadania italiana. Defendi o direito de os trentinos terem reconhecida a cidadania italiana, defendi o voto no exterior. Falei, pessoalmente, com o assessor do presidente Pera, do Senado, à época, para que fosse incluída a prorrogação da Lei 379, o que permitiu que os trentinos tivessem mais cinco anos para exercer seu direito. Aliás, é meu desejo apresentar projeto de lei para que este direito retorne, bem como a questão da cidadania pela linha materna. Você precisaria de várias páginas para que eu discorresse sobre meus projetos e sei que não pode. Quero ser um parlamentar por inteiro e, portanto, vou defender os interesses de todos os italianos no exterior e não só de um país. Acompanhem minhas propostas em www.petruzziellosenatore.com e www.petruzziellosenador.com.br pois, em breve, tudo estará lá.

Outras considerações que queira fazer:

Quero fazer um apelo à comunidade ítalo-brasileira: primeiro para que votem, pois a participação é fundamental para mostrarmos nossa força.

Em segundo lugar, que escolham aqueles candidatos comprometidos com nossa comunidade e nossas causas pois, enquanto para a Câmara dos Deputados existem vários candidatos saídos da base da comunidade italiana no Brasil, como a Natalina Berto, o Claudio Pieroni, o Luis Molossi, o Fabio Porta, a Claudia Antonini e o Antonio Laspro, para o Senado me considero o único com passado na comunidade, nas associações e no sistema Comites – CGIE.

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Ricardo Merlo com Walter Petruzziello, em foto de fevereiro de 2008 (Foto de Desiderio Peron / Arquivo Revista Insieme)