“Os italianos no exterior representam um patrimônio, não só cultural, mas também econômico, porque são pessoas que produzem e servem como embaixadores do Made in Italy na Europa e no mundo”. As palavras são do senador Roberto Menia, coordenador do ‘dipartimento italiani nel mondo’ do partido Fratelli d’Italia, durante um painel realizado em Pescara (Abruzzo), denominado “Italianidade no exterior, um patrimônio para a Europa e para o mundo”.
O painel fez parte da convenção partidária do FdI que, sob o clima de “L’Italia cambia l’Europa” (A Itália muda a Europa), lançou a candidatura de Giorgia Meloni para as eleições europeias. O encontro durou três dias, de 26 a 28/04. O painel foi realizado sob a coordenação de Menia e dele fizeram parte outros importantes nomes do partido comandado pela presidente do Conselho de Ministros da Itália.
Mas apesar de reconhecer a importância dos italianos no exterior, o senador Menia voltou à carga pra criticar o alto volume de cidadanias reconhecidas na América do Sul, principalmente no Brasil, que citou nominalmente. Ele voltou também a fazer referência ao “negócio da cidadania”, objeto inclusive de promoções tipo “Black friday” por parte dos que lucram com o direito de sangue de milhares. É preciso colocar “alguns freios”, disse o parlamentar governista.
Além do projeto que pretende impor dificuldades e restrições à transmissão da cidadania italiana jure sanguinis, Menia é autor de outro projeto também envolvendo os italianos no mundo. Este pretende informatizar o voto na Circunscrição Eleitoral do Exterior. Ele disse que, nas próximas eleições europeias, os italianos no exterior votarão ainda da forma tradicional. Mas para uma eleição seguinte ele entende que já será através de novo método para evitar fraudes, como tem ocorrido em todas as eleições no exterior, desde o início, em 2006.
VEJA O VÍDEO DO EVENTO NA ÍNTEGRA:
O debate promovido por Menia (ver o vídeo do partido que capturamos na íntegra e dele realizamos alguns shorts) teve pouca repercussão na imprensa italiana. Nenhum dos grandes jornais abordou os assuntos tratados no painel, mas o Secolo d’Italia, por exemplo, de amplo espaço ao tema. Submetemos o texto de Ginevra Sorrentino publicado dia 27/04 pelo referido jornal à tradução da IA e o publicamos abaixo:
O painel sobre a italianidade no mundo, Menia: o voto eletrônico como ferramenta de participação. Vamos focar nisso.
Como a italianidade mudou no mundo? Tentou-se contar isso no painel dedicado à “Italianidade no exterior, um patrimônio para a Europa e para o mundo”. Assembleia do Departamento de Italianos no Mundo, coordenado por Roberto Menia (Senador do Fratelli d’Italia e Responsável pelo departamento de Italianos no mundo) e que teve a participação de Giangiacomo Calovini (Deputado do Fratelli d’Italia e Líder do grupo na Comissão de Assuntos Exteriores e Comunitários) e Andrea Di Giuseppe (Deputado do Fratelli d’Italia eleito no exterior) onde se tentou relatar como a imagem do nosso país mudou, apesar de uma narrativa que, especialmente durante o verão de 2022, jornais estrangeiros, alemães e anglo-saxões em particular, distorceram forçosamente para influenciar a opinião pública internacional para fins políticos, alertada especificamente sobre a possível chegada de Giorgia Meloni ao Palazzo Chigi.
A italianidade no mundo, e sua narrativa distorcida pela mídia
Falava-se de um perigo para a Itália em nível europeu e internacional em geral, e essa era uma descrição da italianidade que prejudicava não só Giorgia Meloni e o Fratelli d’Italia, mas sobretudo o país inteiro. Aos italianos que vivem aqui. E especialmente àqueles que estão no exterior. Felizmente, Calovini enfatizou, “as coisas mudaram. E não sou só eu que digo isso, mas isso é especialmente perceptível, e ainda mais, quando falamos com personalidades estrangeiras e embaixadores, diplomatas e representantes estrangeiros na Itália, que nos trazem uma imagem diferente. Ressaltando o quanto a Itália se tornou um referencial extremamente importante, fundamental especialmente nas relações internacionais. E o mérito deve ser dado, obviamente, em primeiro lugar ao presidente do conselho. A todo o governo. Mas, ao mesmo tempo, também aos muitos italianos no exterior que constantemente tentam fazer o melhor possível. E eles fazem isso pelo nosso país.”
Calovini: trabalhando por uma “italianidade no exterior que seja patrimônio para a Europa e para o mundo”
Então, o que mais podemos fazer para melhorar? “Quando realizamos todas as nossas missões e encontramos nossos representantes diplomáticos – continua Calovini – nossos representantes nas câmaras de comércio, nossos empresários nas associações de categoria que trabalharam bem, acho que é necessário fazer ainda mais ‘rede’. E este é um tema sobre o qual sempre discutimos. Como a França faz com investimentos importantes no exterior: por exemplo, nos Emirados Árabes Unidos. E eu acredito que devemos recomeçar a partir desse tipo de exemplo, pois estou firmemente convencido de que nossas capacidades não são inferiores a de ninguém. Digo isso, ainda mais, porque estamos vivendo um momento em que há um governo estável, forte com uma maioria estável na Itália como raramente aconteceu nos anos anteriores. Portanto, estou firmemente convencido de que, partindo desses fatores, podemos alcançar um resultado ótimo. E é justamente seguindo este caminho, então, que podemos chegar a uma italianidade no exterior que seja patrimônio para a Europa e para o mundo. Estamos no caminho certo”…
Menia: uma questão histórica e cultural antes mesmo de ser política
Cultura e tradição que, onde quer que cheguem com a chegada dos italianos no exterior, trazem uma contribuição, enfatizou por sua vez Roberto Menia, eu viajando pelo mundo aprendi muitas coisas. Por exemplo, eu que venho da Venezia Giulia, descobri que o veneziano arcaico é o que vocês ouvem falar no Rio Grande, um grande estado no sul do Brasil. Onde esse idioma é língua oficial e é chamado “talian” – porque lá foram principalmente pessoas que vinham do Vêneto há mais de um século e meio atrás – e onde hoje se encontram belas realidades”. E ainda. ”
“Para quem é apaixonado por futebol, por exemplo – continua Menia – na Boca de Buenos Aires (na boca do porto da cidade) feita pelos genoveses, o Boca Juniors usa a camisa amarelo e azul porque os genoveses, após fundar o time de futebol, decidiram após dois dias e duas noites de discussões que dariam ao seu time as cores do primeiro navio que entrasse no porto na manhã seguinte. Assim, entrou um navio sueco e o resto é história… Mas ainda: se você for a Montevidéu descobrirá que outra grande equipe de futebol, o Peñarol, se chama assim porque lá chegou um médico piemontês (de Pinerolo exatamente) que todos amavam e estimavam porque tratava as pessoas gratuitamente. Em suma, no mundo há uma italianidade que vive ao longo do tempo no mundo.”
Menia sobre o tema da cidadania italiana
Mas voltando ao presente, Menia continuou, “não podemos deixar de falar sobre o princípio da cidadania e pela reconquista da cidadania italiana pela qual lutamos. Agora para nós é óbvio pensar no instituto da dupla cidadania: mas nem sempre foi assim. Muitos italianos, de fato, por anos a fio se encontraram em países onde, para trabalhar, você tinha que adquirir aquela cidadania e renunciar, de fato, à sua. Ou era retirada oficialmente pelo país que te hospedava. E então, a última vez que o Parlamento italiano interveio em termos legislativos com uma norma que reestabelecesse um quadro normativo sobre a cidadania foi em 1992. Naquela época, abriu-se uma janela para reaquisição da cidadania italiana perdida. Mas então essa oportunidade teve um fim: essa janela se fechou e há muitos italianos que foram naturalizados. Agora nós apoiamos o direito e a oportunidade para eles de recuperar sua cidadania reafirmando laços com seu país de origem e a italianidade.”
A questão da América do Sul e o Black Friday da cidadania italiana no Brasil
Depois há outra questão, totalmente diferente, que está ocorrendo agora na América do Sul e sobre a qual acredito que devemos colocar um freio – Menia especificou durante sua intervenção -. Porque a reconquista da cidadania nessa área do mundo agora ocorre em números desproporcionais – o que nos é relatado pelos prefeitos de muitos países, do Molise ao Vêneto por exemplo – prefeitos que recebem milhares de reconhecimentos da cidadania italiana. Que acontece para alguém que no Brasil, ou na Argentina, seis gerações depois, mal sabendo de onde vem, pede para obter esse reconhecimento. Por quê? Porque convém. E então por exemplo no Brasil, existem até agências que fazem o Black Friday da cidadania italiana vendendo-a de fato: fornecendo documentos falsos, ou com base em falsas residências ou com acordos falsos com funcionários corruptos que verificam o inexistente com certificações genealógicas falsas, e assim por diante…
Menia sobre o fenômeno das “falsas” cidadanias italianas
E assim hoje há um novo fenômeno de cidadanias italianas de bengaleses ou paquistaneses, fruto talvez de reuniões familiares e casamentos, com boa paz do conhecimento da língua, de um vínculo espiritual e cultural com nosso país – e com todas as implicações que se possa imaginar sobre o direito de voto – que nos deixam perplexos, do qual é justo que se fale.”
Europeias, Menia: “O objetivo do voto eletrônico para os italianos no exterior”
E então, voltando mais do que nunca ao hoje e ao futuro imediato, durante a conferência programática do Fratelli d’Italia em andamento em Pescara Menia abordou o delicado tema do voto para os italianos no exterior. Explicando: “Nessas eleições europeias os italianos no exterior ainda votarão em seus respectivos consulados, mas o objetivo é que no futuro apenas eles possam expressar o direito ao voto com o sistema eletrônico, como já prevê uma minha proposta de lei apresentada no Senado. Seria uma maneira de envolver mais a participação de muitos compatriotas no exterior. Lembro que os italianos no exterior representam um patrimônio, não só cultural, mas também econômico, porque são pessoas que produzem e servem como embaixadores do Made in Italy na Europa e no mundo”, enfatizou o senador do Fratelli d’Italia Roberto Menia, coordenador no partido do departamento de Italianos no exterior, durante a conferência programática do Fratelli d’Italia em andamento em Pescara.
Di Giuseppe: o papel dos italianos no mundo e o destino da Itália
“Eu faço parte da segunda onda de italianos que foram para fora, eu fui para fora cerca de 20 anos atrás, nos Estados Unidos, e sempre estive entre os Estados Unidos e o Oriente Médio. O destino da Itália como sistema social e econômico está indissoluvelmente ligado ao destino dos italianos no mundo, e vice-versa”, disse Andrea Di Giuseppe, deputado do Fratelli d’Italia eleito no Exterior, durante o painel da conferência programática do partido em Pescara. “A maioria dos italianos da segunda onda, que mesmo não indo embora com sapatos rotos como acontecia na primeira, iam embora por necessidade, não por escolha”, continuou. Adicionando: “Basta que alguém olhe o nível dos salários e da remuneração e tudo o que as esquerdas nos deram nos últimos 25 anos e percebemos”.
Italianidade no mundo: as excelências de outra Itália internacionalizada
E ainda. “Eu me detenho na segunda geração mesmo que a primeira seja um patrimônio cultural enorme. Fala-se dos seis milhões de italianos cadastrados, inscritos no Aire, mas na realidade são pelo menos o dobro, são o melhor do melhor. Você encontra a excelência italiana, da indústria aos departamentos científicos e culturais”, explicou Di Giuseppe. “Sempre se pergunta o que a Itália pode fazer pelos italianos no mundo mas é o contrário, a pergunta é o que podemos fazer nós pela Itália. Nós temos outra Itália que já é internacionalizada, e é o único país no mundo que tem essa oportunidade. E nós devemos vê-la como uma oportunidade, e devemos entender”, explicou, “que os italianos no mundo são embaixadores já internacionalizados. Se não vemos isso, então temos um problema porque do buraco é difícil sair”.
Um portal para unir as empresas com os italianos do mundo que querem retornar
“Nós não somos um país de 60 milhões de pessoas – concluiu Di Giuseppe – somos um país de 100 milhões de pessoas”. Di Giuseppe então falou “das áreas de onde podemos ter italianos de retorno, penso na América do Sul. É preciso que haja condições. É preciso entender que em primeiro lugar vêm os italianos. Com a Região do Vêneto estamos estudando um portal para unir as empresas com os italianos do mundo que querem retornar. Assim se faz um projeto que tenha fundamento, caso contrário permanecem apenas palavras”